As principais ações do fundo que rendeu mais de 100% em 5 anos

O HIX Capital FIA investe em torno de 15 companhias e tem uma carteira relativamente concentrada: normalmente as cinco maiores posições equivalem a 50% do patrimônio

Diego Lazzaris Borges

Publicidade

SÃO PAULO –  O fundo HIX Capital FIA, da HIX Capital, rendeu 103% desde o seu lançamento, em agosto de 2012, até o dia 31 de maio de 2017, o que equivale a 10 vezes o retorno do Ibovespa no mesmo período, de 10%. Por trás do sucesso está uma equipe que conta atualmente com 9 pessoas e uma estratégia de investimentos bem definida.  “O fundo é um long only, com gestão ativa. Toda estratégia é baseada em uma filosofia fundamentalista de análise e com viés de longo prazo”, explica o sócio-fundador Gustavo Heilberg.

O HIX Capital FIA investe em torno de 15 companhias e tem uma carteira relativamente concentrada: normalmente as cinco maiores posições equivalem a 50% do patrimônio. “O grande diferencial está no processo de análise para identificar as oportunidades. Nosso processo de seleção de investimento se assemelha ao de um fundo private equity durante a fase de prospecção e análise. Assim que encontramos uma empresa que gostamos, nós validamos se tem uma oportunidade de crescimento de lucro e de desenvolvimento da companhia que não esteja bem precificado. Se identificarmos que tem uma distorção entre o valor justo e o valor atual nós compramos”, afirma Heilberg.

Cada analista tem uma lista de empresas que acompanha. Assim que identifica uma oportunidade, ele prepara um case para apresentar a empresa para os sócios no comitê de investimentos. “Se for aprovado nós investimos e podemos ir aumentando a exposição à medida em que vamos ganhando confiança”, diz Heilberg. O horizonte dos investimentos costuma ser de 5 anos. “Fazemos a conta para esse prazo, mas na prática, nosso turnover de ideias tem sido de dois anos e meio, em média. Já as posições principais costumam ficar mais tempo”, afirma o executivo.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O HIX Capital FIA é destinado a investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em investimentos) e aceita aplicações a partir de R$ 20 mil. A taxa de administração é de 2% ao ano e a taxa de performance é de 20% sobre a rentabilidade que exceder o IPCA mais 6% ao ano.

A HIX Capital também tem um fundo destinado a investidores não-qualificados, o HIX Institucional FIA cuja carteira é praticamente um espelho do fundo original. “A principal diferença é que o fundo é adaptado a regulamentação 3.792, para atender investidores institucionais, como fundos de pensão. Em termos de carteira, a principal diferença atual entre os eles é que esse fundo não investe em BDRs (Brazilian Depositary Receipt, ou certificado de depósito de valores mobiliários), que são papéis de empresas estrangeiras”, explica Heilberg.

Principais posições

Continua depois da publicidade

A maior posição do fundo atualmente é a Equatorial Energia. “Começamos a investir quando a empresa valia pouco menos de R$ 4 bilhões. Hoje ela vale R$ 10 bilhões”, diz Heilberg. No final do ano passado e no início desse ano, a empresa saiu vencedora de 8 lotes nos leilões de linhas de transmissão. Apesar do mercado já esperar que a companhia fizesse lances por alguns trechos, a quantidade de lotes vencedores e as condições obtidas surpreenderam positivamente. Em carta enviada aos cotistas do fundo, a HIX destaca que os lotes estão em boa parte localizados em regiões contíguas, de forma que a empresa deverá colher benefícios de escala. “Além disso, boa parte deles deve contar com benefícios fiscais da Sudam/Sudene e, por último, mas não menos importante, com a qualidade da gestão da Equatorial no acompanhamento da execução das obras”, diz a carta.

Segundo cálculos da gestora, os projetos contratados terão um retorno estimado de 14,5% ao ano mais IGP-M e, portanto, devem gerar bastante valor aos acionistas. “Mais uma vez a Equatorial nos surpreendeu positivamente, com um novo investimento que deve gerar muito valor aos acionistas, e que ex-ante, não conseguiríamos ‘colocar nas contas’”.

Outra posição importante do fundo é o investimento na Klabin. Em março do ano passado, a empresa iniciou a produção de celulose em sua nova planta em Ortigueira – PR, batizada de Projeto Puma que atingiu 100% da sua capacidade operacional no final do primeiro trimestre de 2017. No primeiro trimestre desse ano, já atingiu uma receita líquida de R$ 1,867 milhões e um Ebitda ajustado de 539 milhões.

De acordo com a gestora, quando operando em plena capacidade, o Puma deverá atingir uma produção de 1,5 milhão de toneladas por ano, sendo 400 mil toneladas de fibras longas e fluff e 1,1 milhão de toneladas de fibras curtas. “Com o atingimento da plena capacidade, a partir do fim do 1º trimestre deste ano, a Klabin deve dobrar a sua geração de caixa operacional anual e passar por um forte processo de desalavancagem. O início de 2017 marcou também uma virada interessante para o mercado doméstico de embalagens, e o mercado de Celulose e Kraftliner também tiveram melhoras relevantes nos preços globais de exportação, que deve ajudar a elevar os resultados da companhia no ano de 2017.

 Outro importante investimento  está na Incorporadora Tecnisa. Em 2016, a Cyrela adquiriu uma participação de aproximadamente 13,5% na Tecnisa e assinou um acordo de acionistas que lhe assegurou um assento no conselho de administração da empresa, que foi ocupado por Efraim Horn (co-presidente da Cyrela). “Acreditamos que a estratégia da companhia continua focada em entregar as obras atuais monetizando os ativos e ao mesmo tempo continuar reduzindo os custos esperando uma melhoria do mercado antes de voltar a lançar projetos”, diz a HIX.

Em 2016 a Tecnisa entregou empreendimento com aproximadamente R$ 2 bilhões em VGV e com isso faltam apenas mais R$ 1 bilhão em VGV a ser entregue, que deverá ser entregue em 2017 para que a empresa termine 100% dos seus projetos em andamento. “As despesas operacionais também vêm sendo reduzidas de forma significativa, tendo sido ajustadas em 42% nos últimos dois anos e devem seguir a trajetória de redução em 2017. Apesar dos distratos e dos altos gastos com construção para entrega dos projetos, a companhia conseguiu gerar caixa para desalavancar em 2016. Acreditamos que os distratos devem diminuir em 2017, ajudando a companhia a melhorar o seu volume de vendas líquidas e por consequência o fluxo de caixa dos próximos anos será bem relevante e a empresa está negociando a um desconto bastante relevante sobre o valor de seus ativos”, diz a gestora. 

O fundo também tem posição nas ações da WIZ Soluções (antiga PAR Corretora). “A WIZ Soluções possui um modelo de negócio muito interessante, dada a combinação de alta previsibilidade de seus resultados, baixa necessidade de capital, monopólio do canal de vendas de seguros da Caixa Econômica Federal e o alto potencial de crescimento, dada a baixa penetração de seguros se comparado com os outros grandes bancos”, diz a HIX.

A companhia vem passando por um processo de reposicionamento estratégico, que incluiu a mudança de seu nome e se posicionando como uma empresa de serviços e não somente como uma corretora, como anteriormente e entrou também no mercado de consórcios com a aquisição recente da Finanseg em 2017. “Assim, existem ainda diversas oportunidades relevantes de crescimento para os próximos anos e o time de gestão vem se mostrando muito capaz na qualidade da execução”, diz a HIX.  Apesar da crise que o Brasil passou nos últimos anos, a WIZ cresceu os seus resultados a uma taxa de 75% a.a. nos últimos cinco anos, decorrente do aumento de penetração de seguros nas transações bancárias da Caixa Econômica Federal.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip