Nasdaq desiste de oferecer serviço de custódia de criptomoedas

Empresa apontou mudanças no cenário regulatório, mas disse que manterá serviços atuais de trading para ativos digitais

Paulo Barros

(Benjamin Girette/Bloomberg)

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A Nasdaq deu um passo para trás em relação aos ativos digitais e abortou o lançamento de um serviço de custódia para criptomoedas que estava previsto para ser lançado nos EUA. Entre os motivos estão as mudanças no ambiente regulatório e de negócios do setor, disse a empresa em teleconferência de resultados nesta quarta-feira (19).

O pedido de licença ao Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS) para estabelecer uma sociedade fiduciária de propósito limitado que supervisionaria o negócio de custódia também foi suspenso.

A empresa, no entanto, diz que continuará desenvolvendo tecnologia para criptomoedas. Atualmente, ela oferece softwares de compliance e negociação de ativos digitais como os usados pelas corretoras Xtage, da XP Investimentos, e Digitra.

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“Continuamos comprometidos em apoiar a evolução do ecossistema de ativos digitais de várias maneiras”, incluindo parcerias com potenciais emissores de ETF, disse Adena Friedman, diretora executiva da Nasdaq.

A Nasdaq disse ainda que a decisão de interromper o negócio de custódia nos EUA terá um “impacto financeiro modesto”, contribuindo para uma redução em seu guidance de crescimento de despesas para o ano inteiro.

Pressão regulatória

A Nasdaq recuou em meio a uma repressão cada vez maior dos reguladores que visa isolar os riscos das criptomoedas do sistema financeiro dos EUA.

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Bancos foram alertados sobre sua exposição aos negócios de cripto, e a Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM dos EUA) entrou com uma série de ações judiciais contra algumas das maiores empresas do setor, incluindo Binance e Coinbase.

Entre as preocupações estão os riscos que podem derrubar bancos, além da falha de algumas plataformas cripto em separar diferentes partes de seus negócios, como custódia, criação de mercado e negociação, o que pode resultar em conflitos de interesses.

“Ao analisarmos o conjunto de oportunidades de ser nada mais que um custodiante – apenas esse segmento de negócios –, a oportunidade mudou  fundamentalmente nos últimos meses”, disse Friedman. Ela acrescentou que “é possível” que a Nasdaq entre no negócio no futuro, mas agora “não é o momento certo”.

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Incursões no mundo cripto

Em setembro passado, a Nasdaq anunciou planos para oferecer serviços de custódia de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) para investidores institucionais e solicitou a aprovação do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York.

O movimento anterior da Nasdaq para entrar nesse negócio foi visto como um sinal de que as instituições de Wall Street estavam aprofundando o envolvimento com ativos digitais. Ela planejava lançar o serviço até o final do segundo trimestre.

Mais recentemente, a Nasdaq fez parceria com a BlackRock na proposta de um ETF (fundo de índice) que investe diretamente em Bitcoin.

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O BNY Mellon, que lançou serviços de custódia cripto, disse que o produto “nunca foi o foco principal em nossa jornada de ativos digitais”, disse o CEO Robin Vince em uma teleconferência na terça-feira (18).

(Com informações da Bloomberg)

Paulo Barros

Editor de Investimentos