Não era para ser ruim? Entenda por que 6 ações subiram até 8% após pacotão do governo

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou próximo da estabilidade nesta terça-feira (15), entre queda das ações da Vale e alta dos bancos, que estenderam os fortes ganhos da véspera. O destaque fica para a análise de que as medidas do governo não terão grande impacto sobre alguns setores, como bancos e construtoras, o que leva 6 ações a subirem forte hoje, com a MRV liderando os ganhos, chegandoa subir 8%.

Outro destaque da véspera, o setor siderúrgico teve uma sessão volátil, mas fechou em queda. Ontem, o Goldman Sachs apontou o papel da Gerdau como único com recomendação de compra no setor, mesmo após ter subido 40,8% nos últimos 14 pregões. 

Já as ações da Petrobras tentaram se manter no campo positivo, mesmo em meio às dúvidas quanto ao comando do conselho de administração da estatal. Ontem, o presidente do conselho, Murilo Ferreira, comunicou pedido de licença até dia 30 de novembro por motivos pessoas, que foi substituído temporariamente por Nelson Carvalho. Rumores de mercado apontam que a saída de Ferreira pode ser definitiva. 

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Confira abaixo os principais destaques da Bovespa nesta sessão:

Vale e siderúrgicas
As ações de Vale registraram queda em meio às preocupações com o crescimento econômico chinês e à queda do preço do minério de ferro, enquanto as siderúrgicas ensaiam recuperação. O minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em queda de 1,41%, a US$ 57,28.  

Os papéis da Vale (VALE3, R$ 18,60, -2,87%VALE5, R$ 14,81, -3,58%) e Bradespar (BRAP4, R$ 9,48, -3,27%) – holding que detém forte participação na mineradora – caíram mais de 2%. As siderúrgicas tiveram sessão mais volátil, ficando entre perdas e ganhos: CSN (CSNA3, R$ 4,97, +1,02%), Usiminas (USIM5, R$ 4,25, -0,70%) e Gerdau (GGBR4, R$ 6,38, +1,27%). 

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Ontem, o Goldman Sachs divulgou um relatório apontando a Gerdau como única recomendação de compra após o rali registrado desde 25 de agosto. Usiminas e CSN ainda tinham recomendação de venda, com o banco apontando que a alta dessas ações não se justificavam pelos fundamentos.

Hoje, o Santander também comentou a disparada recente dessas ações. Para o banco, o desempenho foi muito grande, rápido e contra os fundamentos. A alta, segundo eles, foi provocada pela esperança de que a contínua desvalorização do real frente ao dólar possa desencadear alguns aumentos dos preços do aço no mercado local, com um “short squeeze” (pressão dos vendidos). Eles, no entanto, ressaltam que o volume da demanda continua muito baixo (com expectativa de que deteriore ainda mais), a queda nos preços internacionais e a volatilidade cambial devem impedir aumentos nos preços, pelo menos para todos os clientes e produtos no Brasil.  

Considerando a situação ainda mais difícil na indústria automotiva (queda de 21% no acumulado do ano nas vendas de carro), os analistas do Santander não acreditam em um aumento de preços para esse segmento que possa ser integralmente implementado. Nesse segmento, as empresas expostas seriam Usiminas e CSN, que trabalham com aço plano. 

Bancos
As ações dos bancos voltaram a subir forte hoje, na esteira da disparada da véspera após anúncio das medidas de ajuste fiscal, entre elas mudança no juros sobre capital próprio (JCP) e volta da CPMF. Em nota desta terça-feira, o Credit Suisse comentou que a mudança no JCP pode trazer um impacto para Ambev, BRF e bancos, mas que, apesar do efeito negativo no lucro, em média de 3,7% para 2016, o anúncio foi melhor do que o esperado. Os analistas, no entanto, seguem cautelosos com o setor, sendo a inadimplência a principal preocupação, já que a volatilidade econômica e política devem continuar. 

Na bolsa, subiram as ações do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,27, +2,46%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,70, +3,63%), Bradesco (BBDC3, R$ 26,29, +1,78%; BBDC4, R$ 23,85, +1,92%). Nos últimos dois dias, esses papéis sobem 6,60%, 9,71%, 7,09% e 6,47%, respectivamente.

Construtoras
As ações das construtoras com exposição ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) sobem forte nesta terça-feira, em meio à avaliação de que o pacote fiscal do governo deve ter efeito limitado sobre o programa habitacional, embora riscos para o setor permaneçam no horizonte.

Os papéis da MRV Engenharia (MRVE3, R$ 6,62, +3,92%) – que chegaram a subir 8% na máxima do dia – e Direcional Engenharia (DIRR3, R$ 3,68, +6,36%) ficaram entre as maiores altas dentro e fora do Ibovespa. Entre outras medidas, a equipe econômica anunciou redução dos gastos com MCMV, com direcionamento de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o pagamento de parte das despesas da Faixa 1 do programa.

Operadores ouvidos pela Reuters atrelaram a forte alta das ações ao alívio quanto à chance de as medidas fiscais terem um impacto negativo mais forte no MCMV. O Bradesco BBI destacou que a proposta evita outro corte no programa por ora, mas afirmou que o governo já deve cerca de R$ 8 bilhões para o FGTS, uma vez que o fundo já vem pagando por alguns dos subsídios, conforme relatório a clientes.

Já o BTG Pactual apontou que se o FGTS assumir os custos do MCMV, praticamente nada muda para as empresas do setor. “Mas há o risco disso não ser aprovado, o que significaria que o MCMV poderia sofrer cortes ainda maiores”, afirmou em nota a clientes.

Petrobras (PETR3, R$ 8,73, -1,13%; PETR4, R$ 7,65, -0,91%)
As ações da Petrobras ficaram voláteis hoje. Em destaque, o pedido de licença do presidente do conselho da estatal, Murilo Ferreira, até dia 30 de novembro, alegando motivos pessoais. Rumores apontam para desentendimentos entre o executivos e os demais membros do colegiado e até mesmo com o presidente da petrolífera, Aldemir Bendine. Um dos casos mencionados tem sido a venda da BR Distribuidora (Ferreira foi contra, pois considerava que a empresa precisava melhorar a governança antes de ser vendida; a maioria, no entanto, votou pela venda). Também fala-se sobre a falta de independência do conselho, que não tem liberdade para alterar o preço da gasolina e diesel. 

Ontem, a estatal confirmou o nome de Nelson Carvalho como presidente interino do Conselho de Administração até 30 de novembro no lugar de Ferreira.

Educacionais
Ontem, o ministro da Educação, Renato Janine, afirmou que a pasta preservará os principais programas e evitará cortar “o que quer que seja”, tentando no máximo escalonar as reduções de despesas. Em entrevista ao Jornal da Record News no mesmo dia em que o governo anunciou cortes de gastos e aumento de impostos, Janine afirmou também que o governo “quer manter” o Fies, porque o programa tem um “papel muito importante” para a integração de estudantes de ensino superior.

O Fies tornou-se um tema muito importante nas reduções das despesas do governo nos últimos meses e vale ficar atento a novos movimentos que poderão atingir ou não o setor, comentou a Rico Corretora, em nota divulgada hoje. Na Bolsa, as ações do setor ficaram voláteis: Kroton (KROT3, R$ 8,58, -2,05%), Estácio (ESTC3, R$ 13,04, +0,31%), Anima (ANIM3, R$ 9,30, +0,54%) e Ser Educacional (SEER3, R$ 8,38, -0,48%). 

Qualicorp (QUAL3, R$ 16,60, -6,69%)
As ações da Qualicorp devolveram todos os ganhos conquistados ontem, quando fecharam como a segunda maior alta do Ibovespa, com valorização de 6,4%. A correção ocorre após projeção pelo BTG Pacutal de um cenário mais difícil para a companhia neste final de 2015. 

Em relatório, o banco afirma que enxerga um desafio maior para que a Qualicorp consiga aumentar sua base de clientes no segundo semestre de 2015. O banco já espera uma perda líquida de 12 mil clientes da corretora de planos de saúde no ano, e de 30 mil na segunda metade do ano. A projeção leva em conta um aumento de 17% nos preços em julho, com deterioração do cenário econômico; perda de 5 mil vidas com a paralisação das atividades da Unimed Seguros no segundo trimestre; e uma perda estimada de 30 mil vidas com o fim das operações da Unimed Paulistana, no quarto trimestre.

Cosan (CSAN3, R$ 19,30, -2,38%)
Sem novidades sobre a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), as ações da Cosan caíram forte nesta sessão. O aumento da Cide elevaria o preço da gasolina e poderia levar ao aumento da demanda por etanol, beneficiando as empresas do setor, incluindo a Cosan.  

Exportadoras
Após a maior queda do dólar em um mês ontem na esteira das medidas de ajuste fiscal, o dólar voltou a subir forte hoje, com alta de 1,31%, a R$ 3,864, impulsionando as altas das companhias que têm receita atrelada à moeda americana. É o caso de Suzano (SUZB5, R$ 18,96, 0,00%), Fibria (FIBR3, R$ 54,32, +0,69%) e Embraer (EMBR3, R$ 24,99, +2,84%), que têm alta. 

A Embraer ainda informou que a companhia aérea norte-americana SkyWest assinou pedido firme para 18 jatos E175 por um valor estimado de US$ 800 milhões, com base nos atuais preços de lista do modelo. O pedido será incluído na carteira da Embraer do terceiro trimestre. Os aviões serão operados pela SkyWest Airlines por meio de uma emenda no acordo de compra de capacidade com a United Airlines.