MRV (MRVE3) diz que negócios no Brasil sofrem com inflação de custos; ações desabam 11% após balanço

Margem bruta no segmento de incorporação recuou de 30,4% em 2019 para 18,9% agora. "Número ridicularmente baixo”, reconhece CEO

Augusto Diniz

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Enquanto as operações norte-americanas da MRV (MRVE3), que começaram a ser desenvolvidas a partir de 2020, vão bem, os negócios no Brasil patinam. “É a divisão que está sofrendo mais. A inflação afetou brutalmente a nossa operação. A gente repassou o preço de forma muito mais lenta do que a inflação de aproximadamente 30% do começo de 2020 até agora”, disse hoje Rafael Menin, CEO da MRV, a analistas durante teleconferência de resultados, sobre o desempenho das operações no Brasil.

Não por acaso, as ações da MRV estão entre as maiores baixas do pregão, fechando com recuo de 11%, a R$ 10,11, na sessão após divulgar seus resultados do segundo trimestre. Ainda sobre o Brasil, onde a empresa cresceu e desenvolveu nos últimos anos, Menin fez um “mea-culpa”: “Poderíamos ter sido mais rápidos no aumento de preço”.

Segundo o executivo, em 2020 a empresa foi muito agressiva comercialmente no mercado brasileiro. “No ano passado a gente já observava que a inflação viria forte. A gente poderia ter sido mais agressivo em repasse de preço. A gente repassou preço bem mais lento do que a inflação. Então, estamos vendo a margem bruta abaixo de 20%”, ressaltou.

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De acordo com o relatado pela empresa, a margem bruta no segmento de incorporação (que é a operação do segmento de habitação popular no Brasil) caiu de 30,4% no ano de 2019 para 18,9% no 2T22. “É um número ridicularmente baixo”, reconheceu Menin.

MRV e os repasse de preços

O CEO afirmou na teleconferência que nos últimos meses tem aumentada a velocidade de repasse de preços, mas que margem pressionada vai continuar aparecendo nos próximos balanços.

“A margem bruta de novas vendas a gente vê se recuperando mês a mês. Avaliamos que não teremos mais uma inflação de 30%. A inflação vai se acomodar. Vemos alguma negociação de suprimentos um pouco mais favorável”, destacou.

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Menin afirma ainda que a empresa trabalha com margem bruta de novas vendas no patamar de 30%. “No segundo semestre teremos um volume de lançamentos muito maior. Esses lançamentos virão com margens brutas mais saudáveis”, ressaltou.

Casa Verde e Amarela

A MRV informou ainda que no primeiro semestre desse ano, o tíquete médio das vendas destinadas ao Programa Casa Verde e Amarela foi de 11,06%, contra o índice Nacional do Custo da Construção (INCC) acumulado no período de 7,53%.

Sobre as recentes mudanças no Casa Verde e Amarela, a empresa afirmou que elas serão integralmente capturadas no 4T22. A MRV afirma ter capturado parte das mudanças no programa em julho. Segundo a construtora, as alterações serão importantes aceleradoras no processo de recuperação de margens da companhia.

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Eduardo Fischer, codiretor-presidente da MRV (MRVE3), comentou também sobre a pressão dos custos. Segundo ele, o dissídio dos trabalhadores “veio pesado por conta da inflação”, especialmente em São Paulo.

“Colocamos isso nos últimos orçamentos. E, ao mesmo tempo, o que trouxe impacto nos últimos 18 meses, que é a linha de materiais, a gente vê uma estabilidade e algumas quedas”, comentou Fischer.

O executivo da MRV disse que os preços do aço e concreto, importantes insumos da construção, estabilizaram, e de PVC e insumos relacionados a cobre e cabeamento, tiveram queda de preço.

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“Isso deve permanecer. A gente está bem protegidos nas margens das novas vendas por conta da inflação”, concluiu.

Análise dos resultados

Analistas da XP apontaram que resultados da MRV foram fracos, prejudicados pela compressão da margem bruta e equity swap.

“A margem bruta atingiu níveis abaixo do esperado de 19,4% (-6,0 p.p. na base anual e -0,4 p.p. na trimestral), prejudicada por custos sob pressão, apesar do aumento razoável do preço médio por unidade no trimestre. Com isso, o lucro líquido ficou abaixo do esperado em R$ 58 milhões, impactado negativamente pelas operações de equity swap”, comentou a XP Investimentos, em relatório.

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Já o Bradesco BBI destaca que a margem bruta de novas vendas de 25% ainda não reflete a melhoria das condições do programa Casa Verde e Amarela (CVA), portanto, a evolução deste indicador deverá ser o principal ponto a ser observado no 2S22, juntamente com a tão esperada injeção de capital na Resia.

Bradesco BBI comenta que a MRV permanece entre seus nomes preferenciais no setor. Dessa forma, mantém avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 17 frente ao preço de fechamento de quarta-feira (10) de R$ 11,36, implicando em um potencial de valorização de 49,6%.

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