MRV (MRVE3) e Lavvi (LAVV3) sofrem com compressão da margem bruta, mas reportam forte geração de caixa

Construtoras registram compressão das margens devido à pressão de custos

Felipe Moreira

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As construtoras MRV (MRVE3), Lavvi (LAVV3) e Moura Dubeux (MDNE3]) divulgaram seus resultados referentes ao segundo trimestre na noite desta quarta-feira (10).

Em comum, todas registraram diminuição da margem bruta, sendo que Lavvi e MRV tiveram maior deterioração do indicador, além de forte geração de caixa operacional no período.

Com relação a MRV, analistas da XP apontaram que resultados foram fracos, prejudicados pela compressão da margem bruta e equity swap.

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“A margem bruta atingiu níveis abaixo do esperado de 19,4% (-6,0 p.p. na base anual e -0,4 p.p. na trimestral), prejudicada por custos sob pressão, apesar do aumento razoável do preço médio por unidade no trimestre. Com isso, o lucro líquido ficou abaixo do esperado em R$ 58 milhões, impactado negativamente pelas operações de equity swap”, comentou a XP Investimentos, em relatório.

De positivo, a equipe de research destaca a geração de caixa de R$ 343 milhões vs. um consumo de caixa de R$ 817 milhões no 1T22, impulsionada pelas vendas de projetos da Resia e da Luggo, levando a um efeito positivo de R$ 449 milhões no trimestre. Como resultado, a alavancagem (dívida líquida/patrimônio líquido) melhorou, chegando a 41,1% (-8,2 p.p. T/T).

Para o Credit Suisse, a construtora apresentou números positivos no 2T22, marcado por uma compressão menos preocupante nas margens brutas e prejuízo líquido de R$ 44 milhões das operações domésticas.

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No geral, analistas do banco suíço avaliam que a “MRV demonstrou que suas margens podem ter atingido um piso e que as perspectivas são positivas considerando a estratégia de aumento de preços e a aceleração de lançamentos em um cenário mais favorável”.

Já o Bradesco BBI destaca que a margem bruta de novas vendas de 25% ainda não reflete a melhoria das condições do programa Casa Verde e Amarela (CVA), portanto, a evolução deste indicador deverá ser o principal ponto a ser observado no 2S22, juntamente com a tão esperada injeção de capital na Resia.

Bradesco BBI comenta que a MRV permanece entre seus nomes preferenciais no setor. Dessa forma, mantém avaliação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 17 frente ao preço de fechamento de quarta-feira (10) de R$ 11,36, implicando em um potencial de valorização de 49,6%.

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O Credit Suisse diz começar a se tornar mais construtivo com as operações locais da MRV devido aos ventos favoráveis ​​dos ajustes do CVA, além de ter uma visão positiva sobre o potencial de expansão da Resia. Portanto, mantém recomendação outperform para MRV, com preço-alvo de R$ 16, um potencial de alta de 40,8% em relação a cotação de fechamento da véspera.

Lavvi (LAVV3)

A Lavvi apresentou resultados neutros, na visão da XP Investimentos, no 2º Trimestre de 2022 (2T22). A receita líquida atingiu R$ 180 milhões, prejudicada por uma comparação mais difícil, devido ao lançamento de Villa Versace, mas com forte crescimento em relação.

O time de análise da XP destaca que a empresa registrou uma forte geração de caixa ajustada, principalmente devido às antecipações mais rápidas do que o esperado da carteira de recebíveis e dos novos lançamentos, que resultaram em distratos menores. Com isso, a Lavvi conseguiu distribuir R$ 60 milhões em dividendos e R$ 33 milhões via programa de recompra, mantendo uma robusta posição de caixa líquido de R$ 629 milhões.

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Na frente operacional, a Lavvi apresentou dados fortes explicados pela significativa recuperação das vendas líquidas (100%) e da velocidade de vendas (VSO) atingindo níveis robustos de 36% no trimestre.

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Do lado negativo, analistas da XP apontam a compressão de margem e aumento de despesas. A margem bruta ficou abaixo das 0,6 p.p. das estimativas XP, explicada por “(i) custos sob pressão; (ii) mix de receita com projetos com menor margem bruta; e (iii) maior nível de antecipações, implicando em menor VGV (Valor Geral de Vendas). Além disso, as despesas com vendas aumentaram para 11,5% da receita líquida, devido a maiores gastos com estandes com o lançamento de dois projetos no trimestre”.

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Segundo o Itaú BBA, as últimas revisões orçamentárias levaram a uma redução da margem bruta trimestralmente, conforme esperado. O resultado final correspondeu as projeções do banco, uma vez que a receita líquida ligeiramente melhor foi parcialmente compensada por despesas de vendas acima do previsto.

BBA mantém recomendação market perform (equivalente à neutro) e preço-alvo de R$ 6, um potencial de valorização de 3,6% frente a cotação de fechamento da véspera de R$ 5,79.

Moura Dubeux (MDNE3])

A Moura Dubeux, por sua vez, reportou números sólidos no segundo trimestre, com vendas de unidades acabadas impulsionado a geração de caixa, na avaliação do Bradesco BBI.

“Moura Dubeux vem de uma sequência de trimestres com margens brutas acima do esperado devido a um maior número de projetos de condomínios, então vemos a redução da margem na base trimestral como parte de seu modelo de negócios e não vemos motivos para preocupação ou decepção, que a margem consolidada de 34,6% continua sólida e dentro da nossa expectativa de uma margem bruta consolidada recorrente acima de 30%”, comentou BBI, em relatório.

Para o Itaú BBA, a construtora reportou um conjunto razoável de resultados. A margem bruta ficou em linha com as projeções do banco, mas apresentou queda trimestral e anual, pressionada pela menor contribuição do segmento de condomínios no trimestre.

BBI espera que a Moura Dubeux continue seu domínio na região Nordeste e reafirma seu rating outperform e preço-alvo de R$14,00, um potencial de valorização de 115% frente a cotação de fechamento da véspera de R$ 6,50. Itaú BBA também tem classificação outperform para empresa, com preço-alvo de R$ 9, um potencial de alta de 38,5%.

InfoMoney entrevista nesta quinta, como parte do projeto Por Dentro dos Resultados, Diego Villar, CEO, e Marcello Dubeux, CFO da Moura Dubeux, a partir das 15h. Acompanhe pelo Youtube do InfoMoney.

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