MRV (MRVE3) diz que desempenho do Casa Verde e Amarela está “muito abaixo do histórico”

Aumento de custos levou empresa a observar uma redução das margens, "trimestre a trimestre", até atingir mínimo histórico

Augusto Diniz

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Substituto do programa Minha Casa Minha Vida, o Casa Verde Amarela, destinado à população de menor poder aquisitivo, vem patinando dentro dos resultados da MRV (MRVE3), que é um dos maiores players neste nicho da construção civil.

De acordo com Rafael Menin, diretor-presidente da MRV, a empresa teve “resultado muito abaixo do desempenho histórico” no programa Casa Verde e Amarela, que já foi quase 100% da operação da incorporadora, e atualmente representa cerca de “50% do negócio”.

“O segmento vem entregando margens muito abaixo das históricas”, disse ele, durante teleconferência com analistas nesta sexta-feira (13) para comentar os resultados do primeiro trimestre da MRV, que somou lucro de R$ 71 milhões, cifra 47,8% abaixo da registrada um ano antes.

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As ações da empresa disparavam 5,56% após a divulgação dos resultado, com os papéis cotados a R$ 10,24%, no início da tarde.

Na teleconferência, a empresa informou que o negócio da AHS, no EUA, pode atingir uma avaliação de até US$ 2 bilhões.

Para o Credit Suisse, a informação foi positiva, e poderia aumentar o valor contábil da MRV, o que comprimiria o P/BV [Price to Book Value] e tornaria a sua avaliação mais atrativa – atualmente em ~0,8x.

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Casa Verde e Amarelo ‘definhou’

Sobre o programa Casa Verde e Amarela, Rafael Menin aproveitou a teleconferência para criticá-lo, ressaltando que precisa de uma correção por parte do governo. Mesmo apontamento ocorreu na véspera por parte da Tenda.

“O Casa Verde e Amarela ‘definhou’ nos últimos 3 trimestres. Ele era um programa de aproximadamente 30 mil unidades por mês e passou a ser um programa de 15 mil unidades por mês”, disse.

Segundo o presidente, a MRV ainda espera crescer com a falta de oferta no segmento de habitação popular. “Isso será possível já que a maior parte das empresas do segmento deixou de operar nesse setor, que é muito ruim para o País.”

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E complementou: “Esperamos eventual correção na regra do programa nos próximos meses. Esse dois movimentos trazem boa segurança para a MRV entregar essa margem de novas vendas por volta de 30%”, afirmou.

Menin disse que os players que permanecem no segmento do programa Casa Verde e Amarela também majoraram os preços de venda de unidades.

“A população de mais baixa renda vai ficando sem capacidade de comprar. A renda média de nosso cliente tem subido por conta disso”, destacou. “A inflação corroeu a capacidade de compra da baixa renda”, completou.

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O executivo comentou ainda que o setor tem tido conversas com o governo sobre o futuro do programa de habitação e a tendência é que algo seja feito no curto prazo, com possível mudança na curva de subsídios, de aumento de subsídios e das faixas de juros.

A MRV informou que inadimplência piorou no programa e que os pagamentos em dia caíam, embora de forma marginal.

A companhia esclareceu também que não pretende lançar daqui para frente produtos no segmento com margem bruta baixa.

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Impactos da inflação na MRV

Como um todo, o executivo destacou que a MRV teve um desempenho comercial muito forte em 2020, e, no ano seguinte, atingiu um resultado também bom. Entretanto, agora, ele ressaltou que a alta dos custos impactaram.

“Quando a gente faz a venda, faz o repasse quase que de forma simultânea. Com isso, o preço deixa de ser atualizado. Fomos surpreendidos com uma inflação cavalar, não só no Brasil, mas global”, disse.

“Isso fez com que os resultados, principalmente das entregas de 2020 e 2021, tivessem um desempenho, em relação à margem, trágico”, comentou o presidente.

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Conforme ele, a empresa vem observando uma redução das margens, “trimestre a trimestre”. “Agora chega em 2022 com margem bruta abaixo de 20%, que é uma margem muito abaixo dos padrões históricos. É o mínimo histórico de margem”, ressaltou.

Rafael Menin disse ainda que espera, daqui para frente, que a inflação prevista pela companhia esteja capturando eventuais custos futuros. “A nossa expectativa é ter margem bruta comprimida nos próximos trimestres, mas subindo”, complementou.

Nesta sexta-feira, a MRV informou que as projeções inflacionárias de 4,5% ao ano, consideradas em orçamentos anteriores, são “insuficientes”.

Assim, a companhia atualizou as projeções de INCC (Índice Nacional de Custo de Construção) em seus orçamentos para 7%, resultando na compressão da margem bruta no trimestre, que alcançou a marca de 19,8% no 1T22.

Segundo a MRV, eventos como o conflito Rússia-Ucrânia e a intensificação da inflação de energia e de commodities foram decisivos para a mudança nas projeções.

Mais análises do balanço

Em relatório, o Bradesco BBI destacou, entre os números do balanço, uma nova queda sequencial de margem.

Os analistas pontuaram que a margem bruta da MRV Brasil, de 19,4%, ainda segue prejudicada por custos desenfreados.

Além disso, o resultado da unidade de negócios core brasileira foi de R$ 26 milhões e representou apenas 31% do resultado consolidado da MRV&Co.

O BBI mantém classificação outperform para MRV e preço-alvo de R$ 21,00.

Cautela

O Credit Suisse seguiu na mesma linha, reforçando que a empresa tem tido margens pressionadas por revisões orçamentárias,

O time de research do banco comenta que a MRV reportou resultados um pouco fracos, imprimindo uma compressão mais significativa em sua margem bruta e um resultado menos expressivo (11% abaixo do consenso).

Embora Credit tenha uma visão positiva da estratégia de diversificação de portfólio da companhia, o banco diz estar cauteloso com a tendência de queda das margens do core business e quanto tempo levaria para um potencial retorno.

O banco mantém classificação neutra para o papel, e preço-alvo de R$ 15.

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