Movida (MOVI3): acreditamos ter chegado ao fim do ciclo de aumento da depreciação, diz CEO; ação sobe 3,5%

Uma reversão já era esperada ainda este ano, já que a companhia tem depreciado carros em um ritmo mais veloz do que os competidores

Mitchel Diniz

(divulgação)

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As ações da Movida (MOVI3) reagiram positivamente aos resultados da companhia no segundo trimestre de 2023, reportados na noite de ontem (8). Os ativos da empresa de locação de veículos e gestão de frotas subiram 3,51%, a R$ 12,68. A boa repercussão entre os investidores já era prevista por algumas casas de análise que acompanham o papel.

O Credit Suisse avalia que a companhia conseguiu apresentar melhor execução em um trimestre de baixas expectativas, por ser sazonalmente desfavorável. “A Movida reportou resultados melhores do que o esperado, batendo nossas estimativas, em todos os segmentos de negócio”, observam os analistas.

A Movida registrou prejuízo líquido de R$ 17,9 milhões no segundo trimestre de 2023. Assim, reverteu um lucro líquido de R$ 186,8 milhões, registrado no mesmo período de 2022. Segundo a companhia, o número foi impactado pelo aumento das despesas financeiras em decorrência também da elevação das taxas de juros.

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O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) total foi de R$ 890 milhões, uma alta de 1,7% frente o 2T22, ficando entre 6% e 7% acima das estimativas do Santander. “O prejuízo líquido foi menor que o esperado, com a ajuda do resultado operacional mais forte e o impacto positivo de uma menor depreciação na comparação trimestral”, observam os analistas do banco.

Porém, para o Credit, o balanço ainda é considerado fraco, com mais um prejuízo líquido decorrente de uma elevada depreciação da frota da Movida e despesas com juros. Mas o banco mostrou surpresa com a reversão de tendência dessa depreciação, que já era esperada, mas parece ter começado mais cedo do que o previsto.

“Uma reversão já era esperada ainda este ano, já que a companhia tem depreciado carros em um ritmo mais veloz do que os competidores, e as novas aquisições estavam ocorrendo entre veículos mais baratos”, apontam os analistas do Credit.

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“Contudo, o timing surpreendeu, dada a redução de preço de veículos no segundo trimestre, em razão do programa do governo para carros populares e os competidores optaram por fazer um impairment de suas frotas.” O Credit Suisse tem recomendação neutra para MOVI3 e preço-alvo de R$ 8.

A depreciação trimestral anualizada por carro do segmento rent a car (RAC), de aluguel de veículos, está em 10,3% desde o quarto trimestre do ano passado. “Acreditamos ter chegado ao fim do ciclo de alta [da depreciação] causado pelo período de transição da frota”, afirmou Gustavo Moscatelli, CEO da Movida, em teleconferência com analistas sobre os resultados do segundo trimestre, falando sobre um ponto de inflexão.

“Devemos ter uma redução em breve gerada também por melhores condições de compra na frota marginal”.

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Ainda que acredite no início de um ciclo de redução na taxa de depreciação, isso não quer dizer que isso vai acontecer já no primeiro trimestre. Segundo ele, no médio e no longo prazo, a taxa de depreciação do RAC deveria estabilizar entre 7% e 8% ao ano. No GFT (gestão e terceirização de frotas), vê a taxa entre 6% e 7%.

O Credit Suisse destacou os esforços da empresa, nos últimos trimestres, em melhorar o retorno sobre capital investido. A Movida reduziu sua frota em 8% para se ajustar à estrutura física de suas lojas.

“A gente não espera agora fazer mais nenhuma redução da frota, a não ser que seja alguma coisa muito pontual”, afirmou Moscatelli.

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“O tamanho da frota foi reduzido para o tamanho da infraestrutura que a gente tem de lojas hoje.  Mas isso não quer dizer que a gente não esteja avaliando a loja e sim a rentabilidade de cada uma, para ter certeza que a gente precisa ter todas elas”.

O Bradesco BBI, que tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para o papel e preço-alvo de R$ 15, avalia que os resultados da companhia seguem melhorando em ritmo mais acelerado do que a expectativa do mercado. A casa observa que a companhia está conseguindo refinanciar sua dúvida de forma bem sucedida, com baixos spreads de crédito.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados