Morgan Stanley vê petróleo mais caro no longo prazo e revisa preço-alvo de ações de petrolíferas

Petrobras, PetroReconcavo, PetroRio e 3R Petroleum têm espaço para maior valorização com petróleo em alta, avaliam os analistas

Mitchel Diniz

Plataforma de Petróleo

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SÃO PAULO – O Morgan Stanley elevou a projeção do preço do barril de petróleo tipo Brent no longo prazo de US$ 60 para US$ 70. Nesse cenário, o banco manteve a preferência por ações de empresas focadas em exploração e produção (E&P), como PetroReconcavo (RECV3) e 3R Petroleum ([ativo=RRPR3]).

Na avaliação dos analistas, o mercado de petróleo deve ser manter pressionado por mais tempo, diante de uma recuperação de demanda pela matéria-prima, enquanto os investimentos das empresas para expandir unidades produtivas (Capex) não crescem. Esse descompasso é reflexo da maior conformidade das companhias com práticas ESG (ambiental, social e de governança, na sigla em inglês).

Na avaliação do Morgan Stanley em relatório publicado no início da semana, os investimentos das empresas para zerar emissões de carbono estão consistentes, mas o pico de demanda por petróleo ainda estaria por vir em alguns anos.

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Prevendo uma valorização de 14% nos preços do Brent entre 2022 e 2023, o Morgan Stanley revisou o preço-alvo de diversas ações para o final do ano e vê potencial de ganhos nas empresas mais expostas à variação dos preços do petróleo.

Os analistas avaliam que as distribuidoras de combustíveis são menos afetadas pelos preços mais altos do petróleo, a ainda que tenha reduzido o preço-alvo de Vibra (VBBR3) R$ 36 para R$ 34,60, mantém as ações da companhia como top pick, pelas iniciativas de sustentabilidade e mudanças positivas na narrativa ESG da empresa.

Petrobras (PETR3; PETR4)

O Morgan Stanley aumentou o preço-alvo dos ADRs (recibos de ações brasileiras negociados nos EUA) da petrolífera de US$ 12,60 para US$ 13,60, porém ressalta que mudou a metodologia de valuation da empresa diante da volatilidade e incertezas sobre estratégias de negócios da companhia. A recomendação é equal weight (exposição em linha com a média). Dentre os riscos que os analistas veem para as companhias, está uma possível intervenção nos preços para controlar os níveis de inflação doméstica, além de mudanças na regulação do setor de petróleo e o nível de influencia do governo, como a estatização de reservas.

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“Apesar de um potencial de crescimento de 30% nos dividend yields para os próximos dois anos, acreditamos que o ruído por conta das eleições pode trazer pontos de entrada mais atraentes mais para a frente”, afirmam os analistas do Morgan Stanley.

Para eles, a continuação do programa de vendas de refinarias é fundamental para assegurar uma não-intervenção na política de preços da companhia.

PetroReconcavo (RECV3)

O preço-alvo para ação da empresa subiu de R$ 25,50 para R$ 32,80, no cenário-base. A recomendação é overweight (exposição acima da média). Para o Morgan Stanley, a empresa é um player senior no tema de exploração e produção com um histórico onshore de bacias terrestres maduras. Os analistas veem um ponto de entrada atraente, com ação descontada, ainda que o papel dê acesso a um portfólio de ativos resilientes e de baixo risco.

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O Morgan Stanley diz gostar da abordagem conservadora da gestão em relação a fusões e aquisições e acredita que uma nova operação de compra nos próximos meses pode ser um catalisador de preços positivo. Porém, uma aquisição cara por parte da empresa é vista como um dos riscos em potencial, assim como aumento de custos de capital por conta de pressões de conformidade com práticas ESG.

3R Petroleum (RRRP3)

O preço-alvo da ação subiu de R$ 58 para R$ 63,90 e a recomendação é overweight. “A 3R Petroleum tem sido um dos mais players mais ágeis na revitalização de exploração e produção dentro do Brasil”, escrevem os analistas no relatório. “Acreditamos que o plano de negócios para atual base de ativos da empresa é atraente e factível”, complementam.

O Morgan Stanley diz ainda que a abordagem da companhia é “agressiva” no quesito crescimento e que, apesar de entende-la sob o ponto de vista das oportunidade, ela também implica em maior execução de riscos. Um deles, é a aquisição de ativos caros, assim como incapacidade de entregar o plano de negócios, queda inesperada dos preços do petróleo e mudanças no regulação do setor.

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PetroRio (PRIO3)

O preço-alvo subiu de R$ 22 para R$ 27,50 e a recomendação é equal weight. O Morgan Stanley chama de “notável” o trabalho da companhia no campo de Polvo, seu carro-chefe, e afirma que a empresa tem condições de replicar o trabalho de revitalização de área exploratória em outros campos. “Os próximos projetos da empresa envolvem um perfil de maior risco, que está praticamente precificado pelo mercado, e nós preferimos esperar por outros pontos de entrada melhores”, dizem os analistas.

“PetroRio tem real poder de fogo e novos anúncios de fusões e aquisições podem ser catalisadores para a história da empresa”, diz o texto do relatório.

Enauta (ENAT3)

O preço-alvo ao final de 2022 passou de R$ 17,50 para R$ 20, com recomendação equal weight, mas os analistas mostram algumas incertezas sobre a companhia. No final do ano passado, a empresa assumiu o controle total do Campo de Atlanta, adquirindo a parte que pertencia à Barra Energia. O Morgan Stanley, porém, acredita que a falta de interesse de outros pretendentes em adquirir a fatia da Barra em Atlanta é um sinal de que o projeto tem taxa de retorno interno (TIR) limitado.

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“Enauta se mostrou uma história a se provar e permaneceremos à margem, enquanto esperamos que a empresa revele seus planos para o Campo de Atlanta e novos anúncios de fusões e aquisições”, escreveram os analistas.

O Morgan Stanley também avalia que a distribuição de dividendos da empresa pode ser prejudicada por compromissos de investimentos para expansão de Atlanta ou aquisições em potencial.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados