Morgan Stanley rebaixa BB Seguridade (BBSE3) à venda e ações caem 2,9%; banco reitera Porto (PSSA3) como “top pick” do setor

Morgan atualizou suas preferências no setor de seguros à medida que o ciclo de queda dos juros se aproxima

Felipe Moreira

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O Morgan Stanley rebaixou a ação do BB Seguridade (BBSE3) de equalweight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro) para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) e reforçou sua preferência pelo papel da Porto (PSSA3) no setor de seguros, de olho no próximo ciclo de flexibilização monetária que se aproxima no Brasil.

Após o rebaixamento, nesta segunda-feira (26), as ações BBSE3 fecharam em baixa de 2,91%, a R$ 29,70, enquanto PSSA3 fechou em leve alta, de 0,47%, a R$ 27,87.

Analistas destacam que muitos investidores acreditam que as ações das seguradoras terão desempenho inferior à medida que as taxas de juros em queda afetarem os lucros e impulsionarem uma mudança nos fluxos para ações que realmente se beneficiam das taxas em queda.

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No entanto, alguns avaliam que o crescimento dos lucros possa se manter forte por mais tempo do que o esperado, considerando os fundamentos positivos para a subscrição de seguros, a defensividade das seguradoras com operações de corretagem e o fato de que o nível absoluto das taxas permanecerá elevado apesar dos cortes no segundo semestre do ano, adiando o momento certo para vender essas ações.

Nesse contexto, o banco manteve classificação overweight para as ações da Porto e elevou preço-alvo de R$ 32 para R$ 33.

A equipe de research do Morgan vislumbra condições adequadas para uma recuperação na receita líquida de investimentos da Porto este ano e acredita que ela se mostrará defensiva em relação às taxas em queda em 2024 e 2025, considerando que: “i) a carteira de investimentos não é tão sensível às taxas como costumava ser; ii) os resultados de pensão se beneficiam de inflação mais baixa e estável; iii) as receitas de parcelamento de seguros se estabilizaram à medida que a concorrência e os preços se tornaram mais racionais e devem se recuperar com base em um forte crescimento de prêmios e maior acessibilidade à medida que as taxas caem; e iv) os custos de financiamento na operação de aluguel de carros se beneficiam de taxas mais baixas”.

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Além disso, analistas pontuam que a expansão em verticais de rápido crescimento (crédito, saúde e serviços) também proporciona resiliência aos lucros diante das taxas em queda e permite o crescimento de lucros por ação no longo prazo e expansão do ROE (retorno sobre patrimônio líquido).

No geral, o banco diz que tem maior convicção na recomendação de compra, uma vez que as evidências de suas análises mostram que “vender Porto Seguro antes ou durante os ciclos de flexibilização” não foi a melhor estratégia de investimento. “Porto Seguro é a principal seguradora de automóveis no Brasil e está pronta para colher benefícios significativos de melhores fundamentos para vendas de carros novos, melhoria de sinistros, ventos favoráveis de reposicionamento de preços e alavancagem operacional”, completam analistas.

Caixa Seguridade (CXSE3)

O Morgan Stanley também reitera recomendação equivalente à compra para a Caixa Seguridade, baseada na defensividade dos lucros e nas perspectivas atrativas de crescimento de vários anos.

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De acordo com relatório, a seguradora está bem posicionada para aproveitar ventos favoráveis ​​atrativos de longo prazo para o setor de seguros e demanda de crédito no Brasil, devido ao seu acesso exclusivo aos clientes da Caixa Econômica e às sólidas capacidades de subscrição e execução.

Além disso, segundo analistas, sua liderança em subscrição de seguros e corretagem, combinada com iniciativas de venda cruzada, deve impulsionar um crescimento e rentabilidade mais rápidos.

“A empresa também oferece lucros mais defensivos em comparação com seus pares, pois não possui exposição ao seguro rural, possui uma carteira de investimentos menos sensível às taxas em queda e um negócio de previdência com pouca ou nenhuma exposição à inflação e às taxas de juros”, comenta Morgan Stanley. “Isso, combinado com seu contrato de exclusividade de longo prazo e governança de classe mundial, contribui para um viés positivo de risco-recompensa.”

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BB Seguridade (BBSE3)

O Morgan Stanley rebaixou a classificação da BB Seguridade de neutro para venda, pois a companhia é a seguradora mais sensível às taxas de juros sob sua cobertura, com cerca de 16% dos lucros provenientes de resultados de investimento nos últimos 5 anos. Portanto, ele espera que os lucros e o desempenho das ações sejam pressionados à medida que as taxas de juros caírem, em linha com suas análises de sensibilidade às taxas e desempenho das ações durante os ciclos anteriores de flexibilização.

O banco estima que a receita líquida de investimentos caía 19% em 2024 e 11% em 2025, à medida que incorpora taxas de juros mais baixas em seu modelo.

A equipe de research ainda disse que investidores devem manter cautela em relação ao seguro rural e menos otimismo em relação à previdência. “O seguro rural depende muito do apoio governamental, regulamentação, preços de insumos e commodities e eventos climáticos”, explica. “Na previdência, vemos uma crescente competição pressionando os preços e causando perdas de participação de mercado”.

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Por fim, a BB Seguridade possui um acordo de distribuição exclusivo com o Banco do Brasil, que expira em 2033, então o Morgan incorporou o custo potencial e o risco de renovação em sua estrutura de avaliação, impactando negativamente o preço-alvo, que passou de R$ 32 para R$ 30, ou um valor 2% menor em relação ao fechamento de sexta-feira (23).