Morgan eleva Cogna e rebaixa Yduqs, enquanto Ser e Ânima são favoritas; YDUQ3 cai

Banco mantém visão positiva para o 3T25 e para o ciclo de afrouxamento monetário de 2026, mas demonstra cautela em relação aos riscos regulatórios de longo prazo

Felipe Moreira

Sala de aula da Faculdade Intercultural Indígena(Faind), no campus principal da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) (Reprodução: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Sala de aula da Faculdade Intercultural Indígena(Faind), no campus principal da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) (Reprodução: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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O Morgan Stanley mantém uma visão positiva para o terceiro trimestre de 2025 e para o ciclo de afrouxamento monetário de 2026, mas demonstra cautela em relação aos riscos regulatórios de longo prazo.

Nesse contexto, o banco elevou a recomendação para Cogna (COGN3) de underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para equal-weight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro), devido ao bom momento dos lucros, que cria catalisadores no curto prazo e ajuda a equilibrar riscos regulatórios no longo prazo. O preço-alvo passou de R$ 2,90 para R$ 4.

Por outro lado, o Morgan Stanley rebaixou Yduqs (YDUQ3) de equalweight para underweight e o preço-alvo de R$ 15,50 para R$ 14, citando margens fracas e desafios para cumprir o guidance de lucro por ação em 2025 e gerar caixa em 2026. O banco também destacou sua preferência relativa por Cogna ante Yduqs no curto prazo.

Com isso, as ações YDUQ3 caíram 2,37%, a R$ 13,60 nesta quarta-feira (5), enquanto COGN3 subiu 1,33%, a R$ 3,81.

Já olhando para 2026, as preferidas passam a ser Ânima (ANIM3) e Ser Educacional (SEER3), ambas com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), por combinarem bons resultados, sensibilidade a juros e proteção regulatória. O preço-alvo é de, respectivamente, R$ 5,50 e R$ 14,50.

Ventos favoráveis de curto prazo versus riscos regulatórios no longo prazo

O Morgan Stanley observa que o bom desempenho na captação do 3T25, a gestão da dívida e o início do ciclo de cortes de juros sustentam revisões positivas de lucro no curto prazo. Entretanto, o impacto das novas regras regulatórias tende a se intensificar a partir do segundo semestre de 2026.

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Apesar de manter uma visão negativa sobre o efeito da regulação, o banco adia sua materialização por conta da implementação gradual. As novas modalidades (presencial, híbrido e EAD) que entram em vigor em setembro de 2025 tiveram pouca influência sobre o ciclo do 3T25, já que o processo de matrícula estava quase concluído. Dessa forma, os efeitos devem começar a aparecer no 1T26.

Segundo relatóro, os custos também devem aumentar de forma gradual, com adesão total às novas regras prevista para meados de 2027.

Em simulações anteriores, o banco estimava que o impacto regulatório poderia reduzir até 30% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 2024 das companhias, caso as medidas fossem aplicadas de uma só vez. Ainda assim, o Morgan Stanley adota uma postura taticamente otimista, diante dos catalisadores positivos esperados nos próximos meses.

Corrida pré-regulação

O Morgan acredita que o volume de novas matrículas deve ser positivo, sustentado pela demanda resiliente e por campanhas do tipo “última chance antes das novas regras”. As empresas adotaram políticas de preços mais agressivas no EAD para cursos que estão migrando para o modelo híbrido (como saúde, engenharia e licenciatura) ou que serão descontinuados (como enfermagem).

Ciclo de queda da Selic

Embora as projeções de consenso já considerem reduções na Selic, os estrategistas do banco acreditam que a confirmação do ciclo de cortes pode atrair fluxos mais fortes para a renda variável, especialmente em um momento em que a alocação doméstica em ações, historicamente ligada à taxa Selic, está em níveis historicamente baixos.

Além disso, uma possível eleição presidencial de viés pró-mercado em 2026 pode dar suporte adicional às ações mais sensíveis aos juros, caso as taxas de longo prazo também comecem a ceder — cenário ainda não precificado.

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Revisões de lucros impulsionadas pela gestão de passivos

Apesar das projeções operacionais permanecerm amplamente inalteradas, o Morgan Stanley elevou as projeções de lucro por ação (EPS) para a maioria das empresas, refletindo menores spreads de dívida e desalavancagem.

As despesas financeiras estão caindo ou estáveis em relação ao ano anterior.

“Após a reprecificação dos múltiplos no início de 2025, os preços das ações continuam sustentados por revisões positivas de lucro, o que até gerou certa diluição do P/L (preço sobre lucro), abrindo espaço para nova revalorização à frente”, destacam analistas.

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