Mobly (MBLY3) quer dobrar número de lojas físicas até terceiro trimestre

Ano passado, foram abertas oito lojas físicas. No total, há hoje 14 lojas, entre megastores, outlets e lojas compactas

André Cabette Fábio

Loja da Mobly (Divulgação)

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Em entrevista ao InfoMoney, Victor Noda, CEO e fundador da Mobly (MBLY3), que atua no varejo do setor de móveis e decoração, afirmou que a empresa pretende abrir 11 lojas físicas no primeiro semestre de 2022, praticamente dobrando o número de unidades. 

Segundo dados antecipados à reportagem, em 2021 inteiro foram abertas oito lojas físicas. No total há hoje 14 lojas físicas, entre megastores, outlets e lojas compactas, além de quatro centros de distribuição em São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Pernambuco.

No quarto trimestre, a Mobly (MBLY3) registrou uma queda de 29,8% no prejuízo na comparação anual. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) fechou em R$ 1,8 milhão, frente a R$ 6,4 milhões negativos no mesmo período de 2020.

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Hoje a Mobly é focada principalmente no varejo on-line, que responde por 75% das vendas. Mas Noda afirma que, findo o período de maiores incertezas com a pandemia, a empresa foca agora em acelerar a abertura de unidades, buscando elevar para 30% a participação das vendas físicas.

Mais lojas da Mobly (MBLY3)

No primeiro trimestre de 2022, a Mobly abriu cinco lojas, uma delas no formato megastore. No segundo trimestre, a expectativa é de que sejam abertas mais duas no formato Mobly Zip, de 500 a 1000 metros quadrados, e outras duas outlets. Entre o segundo e o terceiro trimestre, pretende abrir mais duas megastores, uma no Rio de Janeiro e outra em Belo Horizonte. Atualmente, o enfoque da empresa vem sendo em São Paulo. 

“A abertura de lojas físicas é um dos pilares de crescimento do próprio IPO” afirma. A empresa realizou em fevereiro de 2021 a sua oferta pública inicial de ações. Noda diz que o processo atende a uma demanda dos clientes, e que 10% das ligações que a empresa recebia antes de abrir lojas físicas eram questionando se havia um local em que seria possível ver os móveis.

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“A loja física cumpre um papel importante de fortalecer a marca. O custo de aquisição de cliente é menor, e a taxa de recorrência, maior”, diz. As margens também tendem a ser melhores, já que em muitos casos os próprios clientes arcam com o custo de levar os móveis para casa. O ritmo de abertura a partir de agora depende de questões como encontrar pontos para estabelecê-las. 

Noda afirma que a empresa ganhou no quarto trimestre 5 pontos percentuais de margem “pós-logística”, ou seja, depois da entrega. Como explicação para esse ganho de eficiência e le cita a expansão das lojas físicas, focadas em regiões com maior volume, como São Paulo, e o uso do serviço próprio Moblog, responsável por 55% das entregas. 

Marca própria

O executivo afirma que também faz parte da estratégia de longo prazo da Mobly acelerar a expansão da marca própria. “Ela ajuda a gente a criar portfólio de produtos exclusivos só encontrados na Mobly”, afirmou. 

Em 2018, entre 20% e 25% das vendas eram com marca própria, patamar que subiu a 45% em 2021. Em 2022, o objetivo é passar de 50%. “Podíamos estar em 60%, mas com o aumento do dólar e do transporte marítimo, tivemos que reduzir a importação”, diz Noda. 

Queda no GMV e alta na receita

Segundo Noda, no quarto trimestre de 2021 a Mobly registrou queda de 4,5% no GMV (sigla em inglês para volume bruto de mercadoria), a R$ 190,4 milhões, frente aos R$ 265,5 milhões do mesmo período de 2020. Ele disse que a empresa sofreu desde o segundo trimestre de 2021 com uma base de comparação mais forte do mesmo período de 2020. 

Isso porque durante os períodos de pico da pandemia a Mobly foi capaz de acelerar suas vendas por conta da maior procura dos consumidores por compras em plataformas on-line, e a busca por móveis para passar maiores períodos em casa, em especial para o home office

Apesar da queda no GMV, a receita líquida, que é o valor efetivamente retido pela empresa depois de cancelamentos, houve alta de 4,4% frente ao mesmo período de 2020, quando o indicador foi de R$ 182,4 milhões. 

Como motivo para a melhora, Noda cita o lançamento do pagamento por meio de PIX a partir de outubro, que ocupou espaço de parte das vendas feitas por boleto, atingindo 15% do total. “A diferença é que 50% dos boletos emitidos não são pagos, enquanto a taxa de cancelamento do PIX é de 5%”. 

Inflação

Segundo Noda, entre julho de 2020 e final de 2021, a inflação do setor de móveis foi de entre 30% e 35%. “Sentimos muito isso no segundo trimestre e no terceiro trimestre do ano passado, quando vinham levas de repasses de custos quase toda semana.” A ameaça de queda nas vendas tornou “impossível repassar tudo de uma vez”, afirmou. 

Já a partir do quarto trimestre de 2021, a empresa vem repassando 100% da inflação aos produtos. E, desde a virada do ano, vem observando sinais de deflação, com desaceleração nas vendas. “Isso começou a se refletir na indústria ociosa, com fabricantes de móveis batendo na porta para vender mais, abertos a ofertas”, afirmou. Ele também tem notícias de fornecedores de matéria-prima buscando seus fornecedores de móveis. 

Como riscos atuais, cita o fechamento de portos da China por conta da onda de Ômicron. 85% do fornecimento da Mobly é nacional, distribuída entre Sul e Sudeste, com cerca de 30% em São Paulo, afirma Noda. A maior parte dos 15% de importações vem da Ásia. Ele também diz que o efeito da guerra da Ucrânia ainda é incerto. 

Eleições

Em 2020, houve alta de 8% no mercado de móveis; em 2021, queda de 3%, afirma o executivo. Noda diz esperar que haja uma nova queda de 5% em 2022, de forma que o mercado volte ao patamar que vem sendo observado desde 2015. 

Mas ele diz esperar que a Mobly venda mais por conta da abertura de lojas físicas, mesmo com a expectativa de um cenário macro desafiador em 2021. 

Noda diz que no primeiro trimestre de 2021 as vendas continuaram impactadas por uma base de comparação forte do mesmo período de 2020, e pelo cenário macroeconômico desafiador, que espera que perdure no ano. “Vemos a demanda muito mais baixa, volumes de buscas e visitas nas lojas”, diz. 

A melhora deve vir a partir do segundo semestre, com as Eleições, afirma. “Normalmente, em ano eleitoral vemos medidas favoráveis ao consumo, como a redução recente do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que é uma medida para ajudar o varejo, segurando a inflação. Vimos o governo falando em segurar o repasse dos aumentos do combustível. E essas medidas aumentam conforme a eleição se aproxima”. 

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney