Mitre desaba 16%, Tenda salta 10%: o que explica movimentos extremos após balanços?

Lucro ajustado da empresa recuou quase 50% no 4º trimestre

Ana Paula Ribeiro Lara Rizério

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Diversas construtoras divulgaram seus balanços do quarto trimestre de 2023 (4T23) na véspera, mas duas empresas específicas se destacaram, positiva e negativamente, na sessão pós-resultados.

Na ponta negativa, ficou a Mitre (MTRE3), que viu suas ações caírem 16%, a R$ 4,83 no pregão desta sexta-feira (15). Na ponta positiva, por sua vez, a Tenda  (TEND3), liderou os ganhos da sessão e fechou com alta de 10,05%, a R$ 11,94.

Para a Mitre, a redução das margens, queda no lucro e endividamento elevado desagradaram os investidores, repercutindo negativamente nas ações.

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Na noite de quinta-feira, a Mitre divulgou que o seu lucro líquido ajustado ficou em R$ 9,9 milhões no quarto trimestre de 2023, uma queda de 47,6% na comparação com igual período do ano anterior. E embora a receita líquida tenha crescido 5,8% no período, a margem bruta da construtora recuou 6,9 pontos percentuais, para 19,5%.

Na avaliação dos analistas do Bradesco BBI, os resultados foram mistos, mas destacou o endividamento da empresa. “Os números foram adequados, com o balanço permanecendo pressionado (relação dívida líquida/patrimônio líquido de 44%).”

A dívida da Mitre terminou o ano em R$ 276,8 milhões, uma leve alta de 0,2% na comparação com igual período de 2022. No entanto, o indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/patrimônio líquido, ficou em 44,4%, alta de 17,6 p.p. ante 2022.

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A Genial Investimentos tem uma visão neutra para a ação. De um lado, pesa a queda de caixa da empresa, que no trimestre foi compensada pela venda de participações, mas os analistas destacam o início do processo de desalavancagem.

Tenda em disparada

Já a visão dos analistas para a disparada da Tenda (TEND3) é que a construtora continua a trajetória de recuperação, com a operação tradicional, excluído a Alea, atingindo o ponto de equilíbrio (break-even). A receita líquida cresceu 20% no trimestre, embora tenha sido 4% menor do que o trimestre anterior.

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A margem bruta consolidada foi de 22,2%, com aumento de 11,3 pontos percentuais (pp) em base anual e 0,5 pp no trimestre, ficando 3,2 pp abaixo de nossas estimativas e do consenso. Por fim, o prejuízo de R$ 20 milhões, foi menor do que os –R$ 24 milhões no 3T23 e dos –R$ 155 milhões no 4T22. Assim, em 2023, o prejuízo acumulado foi de R$ 96 milhões, marginalmente pior do que os analistas do BBI esperavam. Desta forma, o ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) dos últimos 12 meses foi negativo em 12,2%.

“Em geral, vemos tendências positivas, com recuperação das margens e significante queda da alavancagem ao longo do tempo. Além disso, novas mudanças no programa Minha Casa Minha Vida podem afetar os números do 2S24, o que beneficiaria a operação da Tenda”, aponta o BBI, mantendo recomendação de compra, pois vê uma assimetria positiva para TEND3, com o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) negociando a 4,3 vezes estimados para 2025.

A XP, por sua vez, apontou ter uma avaliação mista dos resultados da Tenda, com base em seu lucro líquido pressionado, embora celebre a recuperação gradual da lucratividade do segmento Tenda. A casa mantém recomendação neutra para TEND3 e preço alvo de R$ 11 por ação.

Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney