Minoritários denunciam Americanas (AMER3) à CVM e pedem investigação sobre PwC

"Chamou muito a atenção da Abradin a absoluta imperícia da empresa auditora, a PwC, bem como a omissão do conselho fiscal da empresa"

Reuters

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RIO DE JANEIRO, 13 Jan (Reuters) – A Abradin, associação que reúne minoritários de empresas de capital aberto, apresentou nesta sexta-feira denúncia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para pedir apuração de responsabilidades sobre a revelação pela Americanas (AMER3) na quarta-feira de problemas contábeis da ordem de 20 bilhões de reais no balanço da companhia.

A denúncia assinada pelo presidente da associação, Aurélio Valporto, pede que as apurações englobem a empresa de auditoria PwC, responsável por analisar os balanços contábeis da companhia. A PwC também auditava a Petrobras (PETR4) à época do escândalo da Lava Jato, lembrou Valporto na véspera.

“Chamou muito a atenção da Abradin a absoluta imperícia da empresa auditora, a PwC, bem como a omissão do conselho fiscal da empresa. Custa-nos, ainda, acreditar que tal fato seria desconhecido das administrações anteriores e mesmo de seus acionistas controladores”, afirma o documento entregue à CVM.

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Especialistas em contabilidade ouvidos pela Reuters mantêm ceticismo frente a explicações divulgadas até agora pela companhia e apontaram falta de detalhamento no balanço da empresa.

A Abradin pede ainda na denúncia que sejam aplicadas as punições administrativas cabíveis aos responsáveis pelas inconsistências contábeis e que as investigações conduzidas pela área técnica da autarquia sejam encaminhadas ao Ministério Público “a fim de que as devidas medidas judiciais sejam tomadas”.

“Chamar de ‘inconsistências’ os fatos relatados não passa da tentativa de emplacar um eufemismo para uma fraude multibilionária que não só destruiu patrimônio dos acionistas da companhia como, e principalmente, mina a credibilidade do mercado de capitais brasileiro, afugentando investidores justamente em um momento em que a economia nacional tanto precisa de investimentos diretos na produção para retomar sua trajetória de crescimento”, afirma a entidade na denúncia.

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Na véspera, as ações da Americanas derreteram quase 80% e a empresa perdeu valor de mercado equivalente a cerca de 8,4 bilhões de reais.

Até o momento, a única explicação dada ao mercado sobre o fato relevante publicado na noite de quarta-feira pela companhia foi dada pelo ex presidente-executivo, Sergio Rial, que ficou no cargo por nove dias e decidiu pela renúncia após a descoberta dos problemas. Rial substituiu Miguel Gutierrez, que estava há 20 anos no comando do grupo.

Para a Abradin, os gestores da Americanas tem que ser punidos pelas supostas fraudes em nome do bom funcionamento do mercado de capitais brasileiro.

“É absolutamente inadmissível, pela moralidade do mercado de capitais brasileiro, pelo bem da economia nacional, que essa empresa não seja exemplar e pedagogicamente punida e que as pessoas físicas de seu ‘staff’, responsáveis pelas auditorias, não sejam criminalmente processadas. Crimes não faltam, a começar pelo crime de indução de investidor ao erro”, afirma denúncia assinada pelo presidente da Abradin.