Minerva (BEEF3): listagem nos EUA poderia levar a uma reclassificação das ações, dizem analistas

Listagem também faria sentido para a companhia num cenário em que ela depende pouco do ambiente macro brasileiro, destacam os especialistas

Lara Rizério

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A Minerva (BEEF3), uma das maiores empresas de proteínas do país, comunicou em fato relevante na noite
da última quinta-feira (13) que seu Conselho de Administração autorizou a diretoria a iniciar estudos para uma eventual migração de sua base acionária ao exterior, listando suas ações em outro país. Com a notícia, os papéis BEEF3 chegaram a subir mais de 3% ao longo do dia e fecharam em alta de 1,68%, a R$ 10,27.

A empresa não deu mais informações sobre a possível migração e afirmou que caso decida seguir em frente com o processo, divulgará novos comunicados a seus acionistas e ao mercado.

Segundo disse uma fonte à Reuters, a Minerva está inclinada a mudar sua listagem da bolsa de valores local B3 para a norte-americana Nasdaq.

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Estamos olhando várias bolsas. A Nasdaq é uma delas e parece fazer mais sentido”, disse a fonte, na condição de anonimato.

A Minerva é a mais recente de uma série de empresas brasileiras que buscam se mudar para os Estados Unidos e realizar listagem em uma bolsa norte-americana, alimentadas pelo desejo de acesso mais amplo aos investidores, impostos corporativos mais baixos, regulamentações mais flexíveis para acionistas controladores e mercados de capitais mais eficientes.

O Santander vê uma possível listagem da Minerva no exterior como positiva. O banco diz que a listagem em um mercado estrangeiro como os EUA, onde os frigoríficos negociam com avaliações mais altas, poderia permitir que a Minerva negociasse em um múltiplo mais alto do que sua média histórica.

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Além disso, o banco observa que cerca de 85% das receitas do Minerva no terceiro trimestre de 2021 vieram de mercados estrangeiros e 55% da base acionária do Minerva está fora do Brasil, apoiando uma listagem no exterior.

Assim, o Santander reitera recomendação de compra para Minerva, com preço-alvo de R$ 16 por ativo, ou potencial de alta de 58,4% em relação ao fechamento da véspera.

Também avaliando o anúncio positivamente, o Morgan Stanley ressalta, contudo, que ainda é preciso ter mais detalhes sobre como seria a operação e a nova estrutura “antes de tirar conclusões precipitadas”.

“Entendemos a lógica de mudar o domicílio do Minerva dada a natureza global e exportadora da empresa (ou seja, apenas cerca de 15% das receitas são geradas internamente no Brasil). Acreditamos também que uma potencial listagem em um mercado como os EUA poderia gerar valor significativo para os acionistas, considerando o acesso a uma base muito mais ampla de investidores e mercados de capitais, e que também poderia apoiar uma reclassificação das ações, em nossa opinião”, avaliam.

Eles citam que, base nas conversas que têm com investidores, a baixa liquidez às vezes tem sido um impedimento para alguns observadores do setor abraçarem a tese otimista sobre a Minerva, cuja ação é top pick do setor para o Morgan.

Além disso, potenciais benefícios fiscais decorrentes de eventuais mudanças na estrutura societária também poderão ser avaliados no futuro, acreditam os analistas.

“Por exemplo, no passado, a JBS (JBSS3) considerou mudar sua sede para outras geografias a fim de, entre outras questões, reduzir os impostos corporativos. Dito isso, ainda precisamos de mais detalhes (…). Observamos, por exemplo, que a mesma notícia acima mencionada levantou a possibilidade de novas classes de ações surgirem no contexto de listagem no exterior”, aponta o banco. O Morgan tem preço-alvo de R$ 16,50 para os ativos, ou potencial de alta de 63% em relação ao fechamento da véspera.

A Levante ressalta que a migração ao mercado acionário americano poderia levar a Minerva a ter uma precificação mais precisa. Isso faria sentido para a companhia num cenário em que ela depende pouco do ambiente macro brasileiro.

A casa de análise lembra que essa não é a primeira medida pensada pela Minerva para destravar valor de suas ações. Em 2021, houve notícias veiculadas na mídia com relação ao fechamento de capital (OPA) da empresa, demonstrando
grande insatisfação de seus controladores com o valuation da companhia no mercado. Porém, posteriormente, a ideia foi negada pela companhia.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.