Mineradores de Bitcoin voltam a ligar as máquinas; o que isso significa?

Alguns analistas estão começando a ver isso como o início de uma nova tendência sazonal na mineração de Bitcoin

CoinDesk

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A dificuldade de mineração de Bitcoin (BTC) deve crescer cerca de 9% nesta quarta-feira (31), à medida que os mineradores na América do Norte começam a aumentar a produção antes dos meses mais frios do ano no Hemisfério Norte.

O movimento levará a um dos maiores aumentos de dificuldade desde agosto de 2021, quando os mineradores voltaram a reforçar sua atividade depois que o setor foi banido na China, que na época era responsável por 44% da atividade de mineração.

A dificuldade do Bitcoin se ajusta automaticamente para manter o tempo necessário para minerar um bloco de Bitcoin em aproximadamente 10 minutos. A dificuldade muda conforme a quantidade de poder de computação na rede.

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Quanto maior o hashrate, uma medida de poder computacional, maior a dificuldade. Da mesma forma, à medida que o hashrate cai, o mesmo acontece com o nível de dificuldade. Neste ano, o maior aumento da dificuldade de rede foi atingido em janeiro (9,32%).

Desta vez, a métrica crescerá cerca de 9% para atingir cerca de 31 trilhões, de acordo com estimativas do índice Bitrawr, Coinwarz e Luxor’s Hashrate Index. O patamar está próximo da alta histórica da métrica, de 31,25 trilhões, alcançada em 5 de maio, de acordo com dados do pool de mineração BTC.com.

Analistas que falaram com o CoinDesk concordaram que o aumento no hashrate e a dificuldade são resultado de mais e mais máquinas novas entrando em operação, bem como o impacto de menores ondas de calor.

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“O boom de hashrate da rede pós-verão é resultado de hardwares mais eficientes sendo entregues, temperaturas caindo nos Estados Unidos e máquinas de geração antiga sendo entregues em regiões de baixo custo”, disse Ethan Vera, diretor de operações da empresa de serviços de mineração Luxor Technologies.

Sazonalidade

O hashrate da rede Bitcoin caiu em meados de julho, quando os mineradores na América do Norte desligaram suas maquinas durante as ondas de calor que varreram o continente.

Além de exigir uma grande quantidade de energia para executar seus cálculos, as plataformas de mineração produzem muito calor durante suas operações, o que significa que as empresas precisam de ainda mais energia para resfriá-las.

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Mas durante essas mesmas horas, a demanda por energia em toda a rede também aumenta, à medida que pessoas e empresas ligam seus aparelhos de ar condicionado. Em alguns mercados de energia, os mineradores podem vender energia de volta à rede, ganhando mais dinheiro desligando suas máquinas do que ganhariam com criptomoedas.

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Alguns especialistas do setor, incluindo Vera, da Luxor, dizem que podemos estar vendo o início de uma nova tendência sazonal na mineração de Bitcoin. Antes da proibição da indústria na China, em maio de 2021, o hashrate aumentaria durante a estação chuvosa em Sichuan, de maio a outubro, quando as mineradoras do país aproveitariam a energia elétrica de baixo custo.

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Como muitos mineradores se mudaram para o estado do Texas (EUA) – onde as temperaturas ficam quentes no verão –, aumentando o consumo de energia no estado para cerca de 1,5 gigawatt (GW), a tendência oposta pode surgir.

“A dificuldade da rede cai nos meses de verão, com aumentos acentuados ocorrendo nos meses de outono e inverno, à medida que os mineradores voltam a ficar ativos”, escreveu a Galaxy Digital em seu relatório de mineração de meio de ano, divulgado na semana passada.

Novas máquinas

Além da influência das temperaturas, uma nova tecnologia foi implantada em todas as instalações no último mês.

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“Muitas máquinas foram ligadas no mês passado, aumentando o hashrate médio de sete dias do Bitcoin, de 210 EH/s para 226 EH/s (um aumento de 7,6%). Esse aumento vem de mineradores que estão conectando novos modelos, como o Antminer S19 XP, cujos lotes começaram a chegar a partir de julho”, disse Colin Harper, chefe de pesquisa e conteúdo da Luxor Technologies.

Máquinas de gerações mais antigas que foram ligadas em outros países, contudo, também aumentaram o hashrate.

“Quando o preço do Bitcoin caiu [no segundo trimestre] deste ano, muitos mineradores na América do Norte e no norte da Europa desconectaram suas máquinas de média geração. Eles então iniciaram o processo de envio para regiões de baixo custo como a Venezuela, e essas máquinas estão começando a ser conectadas”, disse Vera.

À medida que mais máquinas de última geração estiverem funcionando, a tendência provavelmente continuará, disse Kevin Zhang, vice-presidente sênior de estratégia de mineração da Foundry.

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