Mesmo após salto no lucro trimestral, ação da Iguatemi tem queda de 3,7% na Bolsa: o que está por trás dos resultados?

Ações da companhia tiveram o pior desempenho do Ibovespa nesta terça-feira (10)

Mariana Zonta d'Ávila

(Divulgação)

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SÃO PAULO – A rede de shoppings Iguatemi (IGTA3) registrou lucro líquido de R$ 279 milhões no segundo trimestre de 2021, montante seis vezes maior do que no mesmo período de 2020.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) atingiu R$ 108,9 milhões, recuo de 5,4% na mesma base de comparação. Já a margem Ebitda diminuiu 7,6 pontos porcentuais, para 63,9%.

Mesmo com o salto do lucro no trimestre, o papel encerrou o pregão desta terça-feira (10) com o pior desempenho do Ibovespa, com baixa de 3,74%, a R$ 38,36. Entre os motivos, o aumento de receita com a gradual reabertura de shoppings da empresa foi ofuscado em parte pelo efeito de descontos concedidos a lojistas na pandemia.

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De acordo com o Itaú BBA, o Iguatemi apresentou um desempenho sólido na frente operacional, com as vendas aos lojistas chegando a níveis anteriores à crise e apresentando uma melhora significativa nos custos de ocupação.

No que diz respeito ao demonstrativo de lucros e perdas (P&L, em inglês), a receita da empresa e as margens operacionais vieram em linha com as expectativas do banco, mas os resultados financeiros vieram mais fracos, segundo o time de análise.

Mesmo com uma taxa de vacância acima da média, o Bradesco BBI afirma que o Iguatemi apresentou sinais positivos de recuperação das vendas dos lojistas, que devem eventualmente se traduzir em melhoria dos indicadores operacionais e financeiros.

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O reconhecimento contábil por trás do IPO do IFCM3 (IGTA tem 9% de participação) também permitiu que a empresa reduzisse os indicadores de alavancagem, destacam os analistas, aliviando a pressão de seus covenants de dívidas e começando a adicionar algum fôlego para movimentos estratégicos.

O Bradesco BBI manteve sua recomendação neutra para os papéis da companhia, com preço-alvo de R$ 50 por papel.

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Para a Levante, os resultados do Iguatemi foram positivos, com um forte aumento no lucro líquido da companhia e um aumento expressivo no FFO.

O time de análise destaca que, com a retomada das atividades em todos os empreendimentos e a ampliação dos horários de funcionamento, a capacidade de utilização aumentou de 16%, no final do primeiro trimestre, para 92% em junho.

Recuperação e o que ter no radar

Na avaliação do Credit Suisse, os resultados corroboram com a visão de que a recuperação está ocorrendo mais rápido do que o esperado e que o médio prazo pode ser ainda melhor com a pandemia controlada no país.

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Além disso, o time de análise destaca que a empresa parece estar à frente de seus pares em termos de transformação digital em seu portfólio e que a proposta de fusão em andamento indica um fluxo de notícias positivo para a companhia.

Segundo os analistas, o Iguatemi tem conseguido reduzir gradualmente os descontos concedidos na pandemia, o que deve se traduzir em resultados mais fortes no futuro. “Além disso, a conclusão da fusão em andamento com a Jereissati [ativo=JPSA3] pode levar a empresa a uma expansão transformacional”, destacam.

O Credit Suisse reiterou sua classificação de outperform (acima da média do mercado) para as ações, com preço-alvo de R$ 45.

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Em relatório, o Bank of America escreve que a alta correlação entre as vendas e o horário de funcionamento dos estabelecimentos somados a uma aceleração da vacinação no Brasil sugerem que a tendência de bons resultados deve continuar no terceiro trimestre.

Segundo os analistas, o tráfego lento que afeta as receitas de estacionamento e mídia continua sendo uma preocupação; o repasse da inflação e a redução dos descontos e da inadimplência são pontos importantes a serem observados nos próximos trimestres, destacam.

“Continuamos esperando que os shoppings de alto padrão focados em um consumidor mais resiliente vejam uma recuperação mais rápida em comparação com seus concorrentes de baixa renda. Mantemos nossa classificação de compra devido ao portfólio de alta qualidade exposto a São Paulo e ao consumidor resiliente de alta renda, além de um crescimento promissor na sua plataforma de marketplace”, escreve o time de análise.

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O BofA tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 44 para os papéis IGTA3.

É importante lembrar que, em junho, a Iguatemi anunciou proposta de reestruturação que prevê incorporação de suas ações pela Jereissati Participações e saída do Novo Mercado da B3, alegando que isso lhe permitirá “executar a estratégia de crescimento de forma mais acelerada”.