Marisa (AMAR3): MBank e lojas não rentáveis são foco da primeira parte de reestruturação da companhia

Declarações foram feitas em meio a teleconferência de resultado do quarto trimestre de 2022, que não agradou analistas

Vitor Azevedo

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A Marisa (AMAR3) irá focar, ao longo deste ano, em reestruturar sua operação no MBank e em avançar no fechamento de lojas que dão prejuízo ou que são pouco rentáveis. As declarações foram feitas por executivos em teleconferência de resultados, após a companhia divulgar, na sexta, um resultado que não agradou analistas.

A varejista de moda vem, há algum tempo, enfrentando uma série de dificuldades. Há dois meses, o antigo diretor-executivo (CEO) da companhia, Adalberto Pereira dos Santos, renunciou. De forma concomitante, a Marisa contratou a Galeazzi, consultoria especializada em reestruturações de negócios, para mudar sua operação e o BR Partners para renegociar suas dívidas.

“A gente precisa olhar para a casa e ver como podemos transformar a operação da companhia, com toda sua tradição, em algo sustentável. Se não fizermos nada e observamos o navio tomar seu curso normal, queimaremos neste ano cerca de R$ 600 milhões de caixa. Isso é impensável”, comentou João Pinheiro Batista, novo CEO, que assumiu há pouco mais de um mês. “Temos um problema de custo e vamos atacá-lo de frente. Examinamos nossas lojas, estamos vendo o capital de giro e buscaremos a redução de despesas”.

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De acordo com os executivos, a companhia já mapeou algumas lojas que irão fechar. No primeiro momento, serão 25 unidades, que “não resistem a uma análise de sustentabilidade básica”. Depois, mais 67 lojas, que geraram lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) negativo, também estão na mira.

A Marisa espera gastar, por enquanto, R$ 50 milhões com o fechamento dessas lojas físicas. “Nós, hoje, não antevemos nenhum problema maior do ponto de vista do financiamento do plano de redução de despesas, principalmente no fechamento de lojas”, disse Batista. “Se o Santander não voltar a nos emprestar dinheiro em breve, talvez nós teremos que desacelerar um pouco a redução de pessoas, o SG&A [despesas com vendas, gerais e administrativas, na sigla em inglês], mas não na redução de lojas. É o SG&A que teremos de calibrar conforme os custos”.

Ainda no lado operacional do varejo, a empresa também que vem tentando reestruturar sua relação com fornecedores, deixando de financiá-los, o que deve beneficiar seu capital de giro.

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Do lado financeiro, os executivos comentaram bastante sobre a operação do MBank – que apenas no quarto trimestre rendeu um Ebitda negativo de R$ 115,2 milhões.

“O Mbank sofreu muito com a inadimplência do mercado. A venda de carteira totalizou R$ 57,7 milhões e as provisões, R$ 12,5 milhões. Sem isso, o prejuízo proforma seria R$ 100 milhões menor”, comentou Roberta Lea, diretora financeira (CFO) da Marisa.”Mas o MBank e não é o único que vem sofrendo, e sim o mercado como um todo. Ele provavelmente já sentiu todos os impactos”.

De acordo com os diretores, o prejuízo foi maior porque a crise se deu em um momento em que a Marisa ainda estava estruturando sua operação de crédito, que agora está tendo de ser remodelada.

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“Taxa de aprovação do nosso empréstimo pessoal já caiu ⅓ e a emissão dos cartões na loja, 50%. Tudo isso faz parte de um plano para, até 2025, recuperar os índices básicos de carteira”, mencionou Alberto Kohn, diretor comercial e de operações. “A política de crédito mais efetiva e a redução de lojas explica a queda na carteira de crédito. Queremos um mix mais saudável e um cliente mais fidelizado”.

Ainda segundo Kohn, o esperado pela Marisa é que a carteira de crédito trará, a partir de agora, apenas melhorias. Os novos riscos contratados já estariam em patamares saudáveis e a empresa vem trabalhando ativamente com estratégia de cobrança.

“Neste ano, ainda prevemos resultado negativo, mas melhor do que em 2022. A partir de 2024, entramos em uma dinâmica de ter lucro recorrente na operação”, explicou.

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Já no balanço, a Marisa havia anunciado que realizaria uma reestruturação do braço.  A MPagamentos, que fica sob o comando do Mbank, será separada da MCartões, que passará a ser uma prestadora de serviços de adquirência para a MPagamentos.

“Estamos implementando uma reestruturação que transforma o MCartões em uma adquirente e joga toda a atividade de crédito dentro da MPagamentos, que será a única atividade regulada pelo Banco Central. E há ainda a intenção dos acionistas controladores de injetar R$ 90 milhões para enquadrar a companhia nos índices requeridos”, adicionou o CEO. “Despesas compartilhadas entre operação do varejo e banco eram feitas de forma não muito clara, e nós vamos mudar isso”.