“Mais do que recuperamos nossas receitas pré-pandemia e os projetos ainda não estão em velocidade de cruzeiro”, diz CEO da Priner

Tulio Cintra e CFO participaram de live do InfoMoney e falaram que duas aquisições estão avançadas; a empresa vai prestar serviço ao setor de refratários

Anderson Figo

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SÃO PAULO — No começo da pandemia de coronavírus, em março de 2020, a Priner (PRNR3), assim como muitas outras empresas, foi pega de surpresa pela paralisação forçada de indústrias e comércio e teve que reduzir drasticamente seu tamanho por causa da queda brusca na demanda por serviços.

A companhia do ramo de engenharia de manutenção — especializada em isolamento térmico, pintura industrial tanto onshore quanto offshore, acessos e inspeção — teve que renegociar contratos, demitir funcionários e cortar custos para atravessar os meses difíceis que seguiriam. O impacto só não foi maior porque ela estava capitalizada: havia lançado ações na B3 no mês anterior.

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Na segunda metade de 2020, com a reabertura da economia, as indústrias voltaram a produzir e a demandar serviços de manutenção, e a Priner se beneficiou de uma demanda represada para retomar o crescimento. Segundo Tulio Cintra, CEO da companhia, os projetos reiniciaram e já estão dando resultado, mesmo que não estejam a todo vapor.

“Mais do que recuperamos nossas receitas pré-pandemia. Entretanto, o volume de obras que nós vencemos ao longo de 2019, que eram para dar início em 2020, e as obras que nós vencemos em 2020, nenhuma delas atingiu todo o seu potencial de resultado e de receita. Nós não atingimos ainda a velocidade de cruzeiro desses projetos”, afirmou em live do InfoMoney na quinta-feira (1).

A entrevista faz parte do projeto Por Dentro dos Resultados, no qual CEOs e outros executivos importantes de empresas da Bolsa comentam os balanços do quarto trimestre de 2020 e o desempenho anual das companhias, e falam também sobre perspectivas. Para não perder as próximas lives, que acontecem até o início de abril, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

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Segundo Cintra, as empresas “estão no vestiário, só esperando para entrar em campo”, em uma alusão ao fato de que elas querem voltar a produzir seu máximo, o que demandaria mais serviços de manutenção, mas estão “com o freio de mão puxado” à espera de uma melhora no cenário pandêmico.

“A beleza que nós temos em serviços recorrentes é que eles não são possíveis de serem impedidos, a empresa não pode dizer não vou fazer mais, acabou. Estamos vendo a volta dos serviços que não foram feitos no ano passado. Eles acumularam para este ano e eles não estão atingido o volume que poderiam atingir pela intensidade da onda dois [de Covid]. (…) Nem de perto nós imaginamos retornar ao cenário de paralisação absoluta que vimos no ano passado, nem existe isso no nosso radar. Eu tenho total confiança que o programa de vacinação vai atingir seu objetivo até o final deste semestre”, destacou o CEO.

No quarto trimestre de 2020, a companhia teve lucro de R$ 16,7 milhões, revertendo o prejuízo registrado em igual período de 2019. O desempenho ajudou a empresa a reduzir o prejuízo acumulado no ano, que ficou em R$ 3,1 milhões. Já a receita líquida anual ficou em R$ 242,2 milhões, uma redução de 30,5% sobre 2019.

Cintra disse que a Priner está recebendo um volume de pedidos de propostas muito maior do que a média histórica da empresa. “Aprendemos a trabalhar com a pandemia. Os clientes aprenderam a trabalhar com ela. Nos demanda um trabalho enorme de gestão, de zelo do transporte, de higienização, de logística, de saúde e tudo mais. Mas isso não vai parar as empresas”, afirmou.

Sobre os preços, Cintra disse que nenhum cliente pediu desconto nos contratos e que alguns estão até pagando a mais para compensar os custos com esses cuidados de segurança e higiene.

“Só a pandemia foi uma pancada nos nossos resultados na casa de R$ 28 milhões, R$ 29 milhões”, disse Marcelo Costa, CFO do grupo. “Nós rapidamente recuperamos quase 70% desse valor com dois tipos de ação: melhorias na margem bruta da companhia através do investimento em automação de atividades e substituição de ativos que eram locados de terceiros, além da gestão de despesas operacionais, com redução nas despesas de pessoal, locação e viagem”, completou.

Os executivos falaram ainda sobre como as aquisições ajudaram a diversificar o portfólio da Priner, como foi o caso da Isolafácil e da Poliend. “Desde que compramos a Isolafácil ela já cresceu o Ebitda em seis vezes”, disse Cintra. O CFO apontou que um eventual aumento de capital pode ser feito no futuro para que a empresa continue com os planos de aquisições, mas isso pode ser feito através de várias formas, como follow on ou emissão de debêntures, por exemplo.

Cintra disse que a empresa estava avaliando cinco negócios para comprar, mas três foram descartados e dois continuam em fase avançada de conversas. “Devemos entrar com non-biding offer em breve. São empresas de porte muito importante para nós”, destacou. O CEO afirmou que com certeza a Priner passará a prestar serviços de manutenção industrial no setor de refratários em breve.

Eles falaram ainda sobre investimentos em maquinário, que devem continuar em 2021 com o gasto de pelo menos R$ 20 milhões nesta área, além da vontade da Priner de se tornar “uma referência mundial no que se refere ao zelo pelas pessoas”. Assista à live completa acima.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.