Magnitsky: Bancos perdem R$ 18,7 bi de valor de mercado após decisão de Dino

Setor chegou a perder mais de R$ 46 bilhões em reação a decisão do ministro, mas recuperação global impulsionada por falas de Jerome Powell ajudou a reduzir o tombo

Paulo Barros

Flávio Dino durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
Flávio Dino durante sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

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Os cinco maiores bancos listados na B3 viveram uma montanha-russa nesta semana, em meio à decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu dúvidas sobre a aplicação da Lei Magnitsky no Brasil. Ao fim da semana, o saldo negativo atingiu R$ 18,7 bilhões, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta, na comparação com o fechamento de segunda-feira (18), quando o mercado ainda não havia precificado a medida.

O tombo do setor, no entanto, chegou próximo de R$ 42 bilhões na terça-feira (19) e alcançou o pico de R$ 46,3 bilhões na quinta-feira (21), em meio ao temor de que os bancos brasileiros ficassem diante de uma encruzilhada regulatória. Segundo especialistas: cumprir ordens judiciais brasileiras que afastam sanções internacionais ou obedecer às restrições externas e enfrentar questionamentos locais.

Na sexta, no entanto, o cenário mudou impulsionado pelo alívio global após as falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve. O setor bancário reduziu parte das perdas, com o valor de mercado voltando para R$ 976,9 bilhões, limitando o tombo decorrente da decisão de Dino a R$ 18,7 bilhões.

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Segundo os dados da Elos Ayta, no período, o Santander Brasil (SANB11) até chegou a subir, e o Bradesco (BBDC4) ficou no zero a zero, enquanto o Itaú Unibanco (ITUB4) recuou mais de 1%, o Banco do Brasil (BBAS3) quase 3%, e o BTG Pactual (BPAC11), mais de 5%

Veja as foram as perdas consolidadas dos maiores bancos do país após a decisão de Dino (de 18 a 22/08):

Fonte: Consultoria Elos Ayta

BB no olho do furacão

Apesar de não ter tido a maior queda do setor, o Banco do Brasil é visto como o mais vulnerável diante do impasse jurídico aberto pela decisão do STF. Diferentemente de instituições privadas, o BB é parcialmente estatal, o que significa que pressões políticas e institucionais tendem a restringir sua margem de manobra em momentos de conflito entre legislações nacionais e internacionais.

Outro fator é a função estratégica que o Banco do Brasil desempenha como responsável pela folha de pagamento dos servidores federais, com milhões de contas-salário, incluindo a de ministros do Supremo Tribunal Federal.

Por fim, pesa sobre o BB um risco reputacional elevado. Por estar no meio de uma possível disputa diplomática entre Brasil e Estados Unidos, qualquer passo em falso pode repercutir não só no mercado financeiro, mas também em esferas de política externa e governança pública.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)