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As principais varejistas de e-commerce e bens duráveis listadas na Bolsa tiveram um quarto trimestre pouco animador. Enquanto Casas Bahia (BHIA3) ainda sente os impactos da sua reestruturação, Magazine Luiza (MGLU3) avançou em margem, com foco maior no marketplace, mas teve vendas estáveis.
Mercado Livre (MELI34), por sua vez, foi o grande destaque positivo – mais uma vez – e herdando clientes de Americanas (AMER3). O GMV (volume bruto de vendas, na sigla em inglês) da empresa estrangeira saltou 35%, ao passo que o da Casas Bahia caiu 12% e de Magazine Luiza permaneceu estável.
Reflexo disso aparece no valor de mercado das companhias: em 2024, MELI34 recua 1,5%, queda muito inferior às de Casas Bahia (-38%) e Magazine Luiza (-18,4%). Se o intervalo for de 12 meses, MELI34 avança 14%; BHIA3 cai 85% e MGLU3 cede 47%.
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Casas Bahia e a sua reestruturação
Casas Bahia segue sofrendo, em meio ao seus plano de reestruturação, anunciado em agosto do ano passado. Desde então, a companhia vem fechando unidades, descontinuando categorias e reduzindo estoques por meio de promoções – questões que impactaram, sucessivamente, faturamento e margens.
O Bradesco BBI mencionou que, durante a segunda metade de 2023, a nova gestão iniciou diversas iniciativas buscando rentabilidade e recuperação de fluxo de caixa, que foram perceptíveis nos números: isso inclui redução de pessoal, redução de estoques, monetização de ativos fiscais, racionalização do capex e fechamentos de lojas não lucrativas.
“A caminho de 2024, esperamos que a maior parte da pressão do plano de transformação tenha ficado para trás e que vejamos tais iniciativas dando frutos, com as margens operacionais aproximando-se gradualmente de níveis mais normalizados”, escreveram.
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A XP, em relatório divulgado após o resultado, apontou que a varejista apresentou resultados fracos, com impacto da conjuntura macroeconômica e com as bases de comparações difíceis (já que o quarto trimestre de 2022 contou com o impulso da Copa do Mundo, que costuma impulsionar a aquisição de televisores). Isso afetou a receita líquida consolidada. Enquanto isso, em paralelo, as iniciativas de reestruturação prejudicaram a rentabilidade.
Fora isso, o resultado financeiro também segue pressionando o grupo – que teve prejuízo de R$ 1 bilhão de outubro a dezembro do ano passado.
Magalu avança em rentabilidade, mas Mercado Livre é destaque
No caso de Magazine Luiza, analistas destacaram o avanço da rentabilidade como saldo mais positivo do balanço do quarto trimestre. A varejista vem avançando com o seu marketplace (3P), oferecendo mais serviços para os vendedores parceiros que usam sua plataforma de vendas, o que ajuda a melhorar sua rentabilidade.
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A companhia, segundo a XP, divulgou números “sólidos”. Apesar de mostrar uma receita ainda pressionada, melhorou a rentabilidade devido à maior penetração de serviços e à forte geração de caixa, acrescentou a análise.
O GMV total do Magalu – de R$ 17,9 bilhões – ficou praticamente estável ano contra ano, uma vez que o desempenho do 3P, com alta de 9%, foi mais do que compensado pela fraqueza do e-commerce (estoque próprio) e do varejo físico, com queda de 8% e alta 3,5%, respectivamente. A margem bruta, do outro lado, cresceu 2,5 pontos no ano, para 30,3%.
“Claramente enxergamos uma evolução positiva da companhia ao longo dos últimos trimestres, mesmo diante de ventos contrários ao setor, que ainda passa por um cenário de alta competição, com Mercado Livre, Amazon e cross-borders ganhando espaço em volume de vendas, e o cenário para 1P continuamente desafiador – dado o endividamento da família elevado e menor apetite de concessão de crédito pelas financeiras”, avaliou a Genial.
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Por sua vez, o Mercado Livre foi mais uma vez o vencedor. Apesar do lucro estável no ano, de US$ 165 milhões (principalmente por conta de duas provisões), o GMV da empresa argentina no Brasil cresceu 35% e a receita líquida avançou 42%, para US$ 4,26 bilhões.
Segundo Ana Paula (Popy) Tozzi, CEO da AGR Consultores, o Mercado Livre continua herdando parte dos clientes deixados na mesa pela Americanas (AMER3), que entrou em crise um ano atrás.
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