Lucro das empresas de capital aberto tem alta de 87% no 3º trimestre; confira o desempenho dos setores

O setor com maior evolução no seu resultado do terceiro trimestre foi o de construção, com alta de 930% no lucro na comparação anual

Rodrigo Tolotti

Mercado - ações (Foto: Getty Images)

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SÃO PAULO – Em um cenário de recuperação por conta da pandemia do novo coronavírus, o lucro líquido das companhias não financeiras da bolsa brasileira teve alta de 86,9% no terceiro trimestre quando comparado com o mesmo período de 2019, chegando a R$ 20,856 bilhões.

Os dados são de um levantamento da consultoria Economatica exclusivo para o InfoMoney, levando em conta 283 empresas de capital aberto, excluindo bancos, seguradoras, a B3 (B3SA3), a Petrobras (PETR3; PETR4) e a Vale (VALE3), já que elas acabam causando uma distorção grande no número consolidado.

Segundo Einar Rivero, gerente de relacionamento institucional da Economatica e responsável pelo levantamento, o lucro foi alavancado pelo crescimento representativo das receitas dos setores de comércio, alimentos e bebidas, com altas de 40,44% e 31,22% entre o terceiro trimestre de 2019 e 2020.

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O segundo fator apontado por Einar foi que, após um primeiro semestre de forte valorização do dólar frente ao real, a despesa financeira das empresas teve uma menor variação com a maior cobertura de hedge cambial no terceiro trimestre.

Quando consideradas as companhias do setor financeiro, o levantamento sobe para 342 empresas, com o lucro delas subindo 12,53% no mesmo período, para R$ 42,728 bilhões.

Ampliando os dados para toda a bolsa, incluindo a Vale e a Petrobras, o lucro das 344 companhias listadas ficou em R$ 56,797 bilhões entre julho e setembro deste ano, contra R$ 53,6 bilhões no mesmo período de 2019, um avanço de 5,96%.

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Para se ter uma ideia da distorção causada pelas empresas financeiras junto com Petrobras e Vale, juntas elas lucraram R$ 35,941 bilhões no terceiro trimestre. No total, são 61 companhias neste grupo, com um resultado 72% superior às 283 outras empresas da bolsa brasileira.

Desempenho dos setores

O setor com maior evolução no seu resultado do terceiro trimestre foi o de construção, com alta de 930% no lucro na comparação anual, segundo a Economatica, seguido pelas imobiliárias, que viram seu resultado subir 120% em um ano.

Entre os motivos para a retomada do setor, os analistas destacam em especial a queda da taxa de juros: além do aumento típico da acessibilidade, os investidores estão transferindo o dinheiro de fundos de renda fixa, que estão com baixo rendimento, para o setor imobiliário, elevando a demanda por imóveis. Já os números das empresas mostraram que há dinheiro em caixa e terrenos para construção.

Por outro lado, o setor com maior lucro total foi o de energia elétrica, que faturou R$ 8,879 bilhões entre julho e setembro.

Já na ponta negativa, as empresas de transporte e serviços viram o seu prejuízo disparar mais de 20 vezes, para R$ 2,662 bilhões – sendo o setor com pior balanço de toda a bolsa -, resultado este bastante impactado pelo isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus.

Os bancos, por sua vez, tiveram uma queda de 18,6% em seu lucro líquido no período quando comparado com 2019, passando de R$ 21,652 bilhões para R$ 17,627 bilhões. Apesar de registrarem uma alta do lucro na comparação com o segundo trimestre, ainda há queda na base anual em meio às fortes provisões para perdas que as instituições tiveram que constituir para se protegerem de eventuais calotes em meio à pandemia do coronavírus.

Confira os dados:

Setor Lucro líquido no3º tri de 2019 Lucro líquido no 3ºtri de 2020 Diferença
Energia elétrica R$ 7,488 bilhões R$ 8,879 bilhões 18,6%
Alimentos e bebidas R$ 3,402 bilhões R$ 7,149 bilhões 110,1%
Comércio R$ 1,238 bilhão R$ 2,307 bilhões 86,4%
Siderurgia e metalurgia – R$ 592 milhões R$ 2,010 bilhões
Construção R$ 167 milhões R$ 1,720 bilhão 929,9%
Petróleo e Gás (ex-Pretrobras) R$ 2,714 bilhões R$ 1,310 bilhão -51,7%
Asistência médica e social R$ 675 milhões R$ 900 milhões 33,3%
Água e esgoto R$ 1,673 bilhão R$ 850 milhões -49,2%
Máquinas industriais R$ 485 milhões R$ 682 milhões 40,6%
Imobiliárias R$ 295 milhões R$ 649 milhões 120%
Outros R$ 367 milhões R$ 528 milhões 43,9%
Agropecuária e pesca – R$ 329 milhões R$ 510 milhões
Locadora de automóveis R$ 352 milhões R$ 487 milhões 38,4%
Eletroeletrônicos R$ 1,086 bilhão R$ 300 milhões -72,4%
Têxtil R$ 205 milhões R$ 192 milhões -6,3%
Software e dados R$ 489 milhões R$ 177 milhões -63,8%
Minerais não metálicos R$ 33 milhões R$ 61 milhões 84,9%
Veículos e peças – R$ 38 milhões – R$ 471 milhões
Telecomunicações – R$ 4,328 bilhões – R$ 1,049 bilhão
Química – R$ 983 milhões – R$ 1,115 bilhão
Educação R$ 192 milhões – R$ 1,207 bilhão
Papel e Celulose – R$ 3,313 bilhões – R$ 1,349 bilhão
Transporte e serviços – R$ 115 milhões – R$ 2,662 bilhões
Empresas não financeiras R$ 11,162 bilhões R$ 20,856 bilhões 86,9%
Seguradoras e corretora de seguros R$ 4,437 bilhões R$ 3,108 bilhões -30,0%
Bancos R$ 21,652 bilhões R$ 17,627 bilhões -18,6%
Bolsa de valores R$ 720 milhões R$ 1,137 bilhão 57,9%
Todas as empresas (ex- Petrobras e Vale) R$ 37,971 bilhões R$ 42,728 bilhões 12,5%
Petrobras R$ 9,087 bilhões – R$ 1,546 bilhão
Vale R$ 6,542 bilhões R$ 15,615 bilhões 138,7%
Todas as empresas R$ 53,600 bilhões R$ 56,797 bilhões 6,0%

Fonte: Economatica

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.