Lojas Renner: saída de Galló ou números fracos? O que faz LREN3 cair até 5% na sessão

Apesar de lucro ter superado o consenso, analistas mencionam o impacto de itens não recorrentes nos dados da varejista de moda

Vitor Azevedo

(Crédito editorial: casa.da.photo / Shutterstock.com)

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As ações ordinárias da Lojas Renner (LREN3) caíam 4,48%, a R$ 15,77, às 11h08 (horário de Brasília) nesta sexta-feira (15), após chegarem a uma mínima de R$ 15,65 (-5,21%) próximo da abertura do pregão. O movimento ocorre após a companhia divulgar, na noite da véspera, seu balanço do quarto trimestre de 2023. Os números, apesar de terem vindo um pouco acima do consenso, foram considerados fracos por analistas. Além disso, alguns analistas também destacam a saída de José Galló do cargo de presidente do Conselho da varejista após 32 anos na companhia como um fator negativo.

Sobre o balanço, os especialistas do Bradesco BBI citam que o resultado da varejista de moda foi impulsionado, principalmente, por fatores não operacionais e não recorrentes. “Consideramos justa alguma reação negativa no pregão de hoje, dado que, apesar dos números em linha com as projeções, os resultados foram impulsionados principalmente por fatores não operacionais”, diz o time do BBI. A recuperação de créditos fiscais somou R$ 151,3 milhões ao balanço e os juros sobre crédito tributário, mais R$ 77,2 milhões.

Do lado operacional, os analistas destacam que a receita, de R$ 3,8 bilhões entre outubro e dezembro, ficou dentro do esperado, com a alta anual, de 7,1%, impulsionada por maiores volumes. O destaque negativo, nesta frente, fica para a margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita), que recuou.

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“A receita líquida ficou virtualmente alinhada com as expectativas do mercado, enquanto a lucratividade foi pressionada por despesas mais altas em ambas as divisões: varejo (cuja margem Ebitda caiu 2,8 pontos porcentuais e ficou 1,5 ponto abaixo da nossa estimativa) e serviços financeiros”, fala o Itaú BBA.

A equipe da XP vai no mesmo caminho, destacando a alta das vendas líquidas no varejo, de 6% no ano, apoiada pelo melhor desempenho do varejo, que teve vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) com alta de 6,3%.

Em entrevista ao InfoMoney, o CFO Daniel Martins dos Santos defendeu que, apesar da companhia ter derrubado alguns preços para atrair mais clientes, a medida levou as pessoas a comprarem mais, impulsionando o faturamento. Para 2024, ele enxerga que a Lojas Renner chega mais bem preparada, apesar de ainda ver um momento desafiador.

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Quando o assunto é Ebitda – que foi de R$ 1,004 bilhão – praticamente estável no ano, mas com a margem caindo 0,4 ponto percentual, para R$ 26,4% -, a corretora menciona que houve gastos maiores com o novo centro de distribuição de Cabreúva.

Os executivos da Lojas Renner expuseram enxergar maiores capturas de margem em 2024, com o ramp up do novo centro de distribuição (CD). “Na migração, tivemos um pouco de perda de eficiência, com entregas mais longas e ruptura. Agora, vamos estabilizar a operação e, principalmente a partir do segundo trimestre, teremos os benefícios e vantagens do novo CD de Cabreúva, fora os custos adicionais que tivemos com ele”, explicou Daniel, da Renner.

Do lado positivo, os analistas mencionam o resultado da Realize, o braço financeiro da varejista. “Apesar do fraco desempenho do volume de negócios, com alta de 4% no ano, impactado pelo decréscimo de 3% no total da carteira de crédito, o Ebitda atingiu o ponto de equilíbrio, em R$3 milhões, devido a menores provisões, resultado da abordagem mais conservadora da empresa na tomada de risco e do perfil mais saudável das novas classes”, fala a XP.

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Os diretores da Lojas Renner enxergam o ano ainda como desafiador para o fornecimento de crédito, mas um pouco melhor. “Não somos só nós que falamos. Temos milhões de brasileiros ainda inadimplentes. No entanto, fizemos um bom trabalho de gestão de risco e, ao longo de 2024, vemos a possibilidade de retomar a originação de forma gradativa. Talvez poderemos ver uma melhor contribuição da Realize para o varejo”, explicou dos Santos.

Por fim, Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, atribui maior parte da queda de hoje ao fato de José Galló estar deixando o cargo de presidente do Conselho da varejista. O executivo ficou 32 anos na companhia, tendo ocupado o cargo de CEO e sendo o responsável, em grande parte, pela sua expansão.

“Numa nota mais negativa, juntamente com os resultados, a Lojas Renner anunciou que José Galló, atual presidente do Conselho e ex-CEO, está deixando a empresa após 32 anos de serviço. Galló é altamente considerado entre os investidores, que o consideram uma força motriz por trás de grande parte da estratégia e da posição atual da empresa”, corrobora o Goldman Sachs.