Lojas Renner (LREN3): Ações caem até 5% após Shein integrar Remessa Conforme, mas se recuperam; entenda o que muda?

Varejista chinesa passou a vender seus produtos dentro das regras do programa

Camille Bocanegra

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Depois de despencarem mais de 5% desde o pregão da véspera, até o início desta sessão de quarta-feira (20), refletindo a entrada da Shein no programa de Remessa Conforme, os papéis das Lojas Renner (LREN3) tiveram um pregão de recuperação, fechando com alta de 0,41%, com os papéis cotados a R$ 14,66.

Ainda assim, de acordo com relatório do BBI, que analisou os preços da Shein, as notícias não são boas para a varejista brasileira e seus pares, ainda que as manchetes “já estejam precificadas até certo ponto” (em relação à queda dos papéis ontem e desde o anúncio da entrada da Shein no programa).

Na terça (19), a varejista chinesa passou a vender seus produtos dentro das regras do programa Remessa Conforme e se compromete a oferecer “entregas mais rápidas e assumindo parte das despesas dos consumidores”, conforme apresenta em seu site.

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O BBI acompanhou, desde 26 de julho, os preços da companhia chinesa para verificar a conformidade às regras do programa e o impacto para o varejo brasileiro.

Lojas Renner versus preços da Shein

O relatório analisou o preço de aproximadamente 600 produtos para verificar a diferença entre os preços antes e depois da campanha da Shein.

Conforme o BBI, a pesquisa demonstrava que, mesmo com o imposto de IVA de 17%, os preços de artigos das 7 principais categorias de vestuário feminino estariam de acordo com o proposto na Remessa Conforme.

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Na comparação de preços da semana passada (14 de setembro) com os valores de ontem (19 de setembro), houve dispersão de tíquete médio estável para 4 categorias. Em outras 3, teria havido um aumento de tíquete médio de aproximadamente 17%.

Em primeira análise, o aumento poderia sugerir que a companhia chinesa estava apenas absorvendo de forma parcial a nova carga tributária e, portanto, em desconformidade com as regras do Remessa Conforme.

Entretanto, em observação mais detalhada, o BBI destacou que não houve nenhuma mudança material observada na comparação de preços “like-for-like“. A manutenção dos preços, então, demonstraria que a Shein estaria seguindo a Remessa Conforme.

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“Dessa forma, os aumentos mencionados nos preços médios podem ser mais um trade-up no mix de categorias, o que não consideramos materialmente impactante do ponto de vista da margem como um aumento de preço puro seria”, explica o BBI.

Má notícia para LREN3 e pares

Ainda que as ações das Lojas Renner estejam com tendência de recuperação nesta quarta e que a companhia seja vista com “posição de destaque no mercado de vestuário brasileiro altamente fragmentado”, as notícias não são positivas. De acordo com o BBI, a expectativa é que a concorrência permaneça acirrada por mais tempo.

No médio e longo prazo, ainda há incerteza sobre como a dinâmica competitiva pesará nas ações do setor do varejo. Entre os pontos que ainda não estão claros está a capacidade da Shein de manter o compromisso com o programa e a possibilidade de cobrança, por parte do governo, de imposto intermediário para plataformas transfronteiriças (ou seja, e-commerce estrangeiros).

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“Portanto, mantemos nossa postura mais cautelosa em relação ao setor de vestuário em geral, pois as ações podem continuar não respondendo essencialmente aos fundamentos, mas sim a ‘manchetes/eventos’ como uma potencial revisão dos incentivos fiscais, ambiente de consumo de curto prazo errático/desanimador e, é claro, concorrência transfronteiriça”, conclui o BBI.