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A Localiza (RENT3) anunciou nesta quarta-feira (6) que espera reconhecer um impairment (redução no valor contábil de um ativo) único em sua frota na faixa de R$ 800 milhões a R$ 1,0 bilhão antes dos impostos no terceiro trimestre de 2025 (3T25). O ajuste está relacionado à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos no Brasil, que tem pressionado os preços de revenda dos automóveis. Às 10h23 (horário de Brasília) desta quinta-feira (7), a ação da companhia subia 0,48%, a R$ 35,57.
O montante representa entre 1,5% e 1,9% do valor da frota em 2T25, ou entre 2% e 3% de seu valor de mercado atual. Essa estimativa baseia-se no impacto negativo nos preços dos veículos, já observado pela empresa, bem como no valor contábil dos veículos afetados.

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O Bradesco BBI avalia que o impacto contábil entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão anunciado pela Localiza está em linha com as expectativas do mercado. Segundo o banco, esse intervalo coincide com a média apurada em uma pesquisa recente com investidores institucionais, que indicavam impacto entre R$ 900 milhões e R$ 1 bilhão. O valor mínimo reportado, de R$ 800 milhões, também superou levemente a projeção do próprio BBI, de R$ 750 milhões antes dos impostos.
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Desde o pré-anúncio da redução do IPI, em 26 de junho, as ações da Localiza (RENT3) acumulam queda de 17%. Na visão do BBI, essa correção já precifica uma redução de R$ 4,7 bilhões no valor da frota, número muito superior ao impairment agora confirmado. Mesmo considerando apenas a queda de 7% registrada no dia do anúncio, o mercado estaria embutindo uma depreciação de R$ 2 bilhões, o que também supera o valor real estimado pela companhia.
Com o anúncio agora feito, em linha com o que se esperava e abaixo da reação dos preços, o BBI acredita que a ação pode passar por um processo de reclassificação. A expectativa é de que tanto a Localiza quanto a Movida comentem o tema do IPI em suas teleconferências de resultados, marcadas para os dias 12 e 8 de agosto, respectivamente.
O banco mantém recomendação outperform (desempenho superior, equivalente à compra) para Localiza, com preço-alvo de R$ 56,00 para o fim de 2025.
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O JPMorgan vê o anúncio como uma notícia positiva, considerando que o mercado vinha antecipando um cenário pior, com impairment de até R$ 1,5 bilhão. Além disso, o banco americano acredita que a ação tem sido penalizada em excesso pelo programa tributário, como mostra o desempenho inferior da RENT (-17% contra -1% do IBOV) desde a notícia inicial do programa em 26 de junho.
Após o impairment no 3T25, que ainda está sujeito a alterações, a Localiza prevê que a depreciação volte à trajetória projetada anteriormente. Com isso, o JPMorgan reiterou recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para as ações da companhia, que atualmente negociam a 9,8 vezes Preço/Lucro 12 meses à frente.
Embora reconheça que o valor do impairment anunciado esteja em linha com suas estimativas e tenha impacto limitado sobre a avaliação da companhia, a XP alerta para o risco de que os preços dos veículos sofram quedas adicionais além da redução do IPI, enquanto o impairment contabilizado pela Localiza considera apenas o efeito direto da nova tributação.
A XP estima que a redução do IPI deve impactar o valor contábil da frota da Localiza em cerca de 1,7%, em linha com o anúncio feito pela companhia.
Para a Movida, no entanto, a corretora projeta um impacto mais significativo, de aproximadamente 2,5%, o equivalente a cerca de R$ 400 milhões, ou R$ 260 milhões após impostos, valor que supera o lucro líquido consensual estimado para 2025, de cerca de R$ 240 milhões. Segundo a XP, essa diferença se deve ao perfil da frota da Movida, mais concentrada em veículos de entrada, justamente os que tiveram maior redução de IPI.
O Citi avalia que, embora o impairment não tenha sido consensual, a sua interpretação é que tal redução pode, na verdade, refletir condições melhores do que o esperado e remover parcialmente o overhang (excesso de ações no mercado, pressionando os ativos) de depreciação criado pela redução do IPI.
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“Ao ajustar o valor residual de toda a frota, a empresa reduz os riscos de piores visões sobre a depreciação, enquanto o mercado já precifica condições de depreciação mais severas. Se o impacto total permanecer entre 1,5% e 1,9% do valor da frota e a depreciação continuar seu curso normal posteriormente, isso pode refletir um impacto mais suave do que o precificado e reduzir o risco das expectativas de depreciação da Localiza”, avalia.
Para os analistas do Citi, é claro que a situação é muito fluida e ainda há espaço para decepções com a depreciação e as tendências de preços dos carros permanecem incertas, mas essa redução de risco pode trazer uma melhor percepção de risco-retorno para as ações. “Permanecemos positivos com a avaliação atual”, aponta.
Por outro lado, o Itaú BBA avalia que, embora o impairment anunciado pela Localiza estivesse amplamente dentro das expectativas dos investidores, com o consenso apontando para uma baixa contábil entre R$ 750 milhões e R$ 1 bilhão, o ajuste pode não ser suficiente para ancorar as expectativas de depreciação no curto prazo.
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Segundo o BBA, ainda há risco de que as montadoras ofereçam descontos adicionais além do impacto direto do IPI. Como exemplo, destaca que a última pesquisa da Fipe apontou uma queda de cerca de 6% nos preços dos carros de entrada em julho, acima da redução implícita de 3,27% gerada pelo corte do imposto.
Diante desse cenário, o BBA projeta que a volatilidade nos lucros da companhia pode continuar no curto prazo, o que sustenta uma visão mais cautelosa em relação ao papel. A instituição acredita que o consenso de lucro para 2026 deve se estabilizar entre R$ 3,7 bilhões e R$ 3,9 bilhões, o que implicaria um múltiplo de aproximadamente 10 vezes o lucro por ação (P/L) projetado para o ano. Com isso, manteve recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 53.