JPMorgan eleva projeção do Ibovespa para 135 mil pontos ao fim de 2023: “call para Brasil está mais simples”

Para estrategistas, cenário está ficando ainda mais interessante, conforme a inflação recua mais do que o esperado e as previsões de crescimento aumentam

Lara Rizério

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Reforçando a sua visão positiva com as ações brasileiras, os estrategistas do JPMorgan elevaram a projeção para o Ibovespa ao final de 2023 de 130 mil pontos para 135 mil, ou um potencial de valorização de 13% em relação ao fechamento da última quinta-feira (15).

O banco americano, nos últimos meses, tem reforçado a recomendação overweight (exposição acima da média) para as ações do país no portfólio da América Latina. Porém, também destacou recentemente que, apesar  do “call” ser simples, acertar o “timing” era difícil (conforme apontou em relatório divulgado em abril).

Já em relatório desta sexta-feira, as estrategistas do banco Emy Shayo e Cinthya Mizuguchi afirmaram que o call é simples e “está ficando ainda mais”.  “A história é bastante clara, simples e fácil de entender – taxa de juros mais baixas e valuations baratos”, apontam.

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Na visão das estrategistas, o cenário está ficando ainda mais interessante, conforme a inflação recua mais do que o esperado, as expectativas de preços mais altos diminuem e as previsões de crescimento aumentam.

“Uma flexibilização (monetária) está chegando, e também faria maravilhas para domar o ruído político residual em torno da política econômica”, afirmam.

O JPMorgan vê cinco pontos básicos de reavaliação de múltiplos, vendo muito espaço para altas: 1) olhando por uma perspectiva de valuation, o Brasil negocia com um desconto de 40% para mercados emergentes, em comparação com um desconto médio de 8% (dos últimos 15 anos), mais “caro” apenas do que a Colômbia, Turquia e Hungria. 2) os lucros atingiram as mínimas após o 1T23, sendo que a temporada foi melhor do que o esperado; 3) os cortes nas taxas de juros ainda serão o maior gatilho, enquanto os investidores estrangeiros não querem antecipar a flexibilização ainda, e os fluxos mostram isso; 4) o macro no Brasil tem melhorado muito mais do que os mercados de ações precificam: a atividade econômica está mais forte, o pacote fiscal está indo relativamente bem no Congresso e a reforma tributária está próxima e 5) o Congresso tem sido um suporte para iniciativas não favoráveis ao mercado.

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“Alguns dos gatilhos que identificamos no início do ano já estão acontecendo (pacote fiscal, real mais valorizado, noticiário político influenciando menos), enquanto novos começam a aparecer, como maior crescimento e até mesmo o potencial para uma atualização de rating”, afirmam, referindo-se à revisão da perspectiva do rating do Brasil pela S&P Global de estável para positiva nesta semana.

Os próximos eventos para acompanhar são: 1) a continuidade da votação do pacote fiscal no Senado,; 2) a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) de 29 de junho e 3) a reforma tributária, que deve contribuir muito para simplificar os negócios no Brasil e atrair novos investimentos.

Com relação às ações no Brasil, o banco aponta ter recomendação overweight no setor imobiliário, financeiro, discricionário e de saúde. “No imobiliário, taxas mais baixas podem se traduzir em melhores múltiplos de P/FFO (preço sobre fluxo de caixa de operações) para shoppings, enquanto um macro melhor também é um bom presságio para as tendências de consumo”, avalia.

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Dentre o segmento de consumo, a melhora nas variáveis macro deve suportar melhores margens. Em Finanças, as estrategistas destacam preferência por grandes players com valuations descontados. Já em saúde, elas avaliam que os principais players do setor devem continuam ganhando espaço na saúde privada, enquanto a melhora no mercado de trabalho é um bom presságio para as farmácias.

Na carteira para a América Latina do JPMorgan, entre as ações brasileiras, estão: Afya (listada na Nasdaq), Aliansce Sonae (ALSO3), Bradesco (BBDC4), Copel (CPLE6), Embraer (EMBR3), Marcopolo (POMO4), MRV (MRVE3), Natura (NTCO3), Petrobras (PETR3), Rede D’Or (RDOR3), Vamos (VAMO3) e XP (listada na Nasdaq).

Com relação aos outros países, além de Brasil, o JPMorgan é overweight em Chile, neutro em México e underweight (exposição abaixo da média) em Colômbia e Peru.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.