JBS tem recordes no 2º tri, mas ações caem na Bolsa: o que esperar para os próximos trimestres

Apesar de cenário desafiador, analistas reforçam que a JBS conseguiu entregar fortes resultados e que as perspectivas são otimistas

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – A maior produtora de proteína animal e alimentos processados do mundo, a JBS (JBSS3) reportou mais um trimestre de crescimento recorde, com forte geração de caixa.

Com desempenho impulsionado pelas operações na América do Norte, a JBS apurou lucro líquido de R$ 4,4 bilhões entre abril e junho deste ano, alta de 29,7% em relação ao mesmo período de 2020 e o maior lucro trimestral da história da companhia.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado também foi recorde, em R$ 11,7 bilhões, uma alta de 10,3% na comparação anual.

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Mesmo com resultados que animaram analistas do mercado financeiro, levando à manutenção da recomendação de compra pelas casas, investidores parecem ter pesado um pouco mais os ventos contrários do último trimestre.

Nesta quinta-feira (12), os papéis JBSS3 fecharam o pregão com queda de 5,9%, negociados a R$ 31,08.

Em relatório, o Itaú BBA destaca que os resultados da marca Seara continuaram a sofrer compressão de margem em meio à forte inflação de custos nos últimos meses, enquanto a divisão de carne bovina da JBS no Brasil também foi impactada negativamente pela disponibilidade de gado significativamente menor e preços de insumos mais altos.

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“O desempenho da margem negativa pode ser atribuído aos preços mais altos dos grãos, que foram mais do que suficientes para compensar os fortes aumentos de preços”, escreve o time de análise.

As operações da Austrália também foram adversas, uma vez que a oferta de gado na região permanece escassa, destaca o banco.

Mesmo com os ventos contrários no período, o Itaú reforça que as margens Ebitda da divisão de carne bovina nos EUA permaneceram robustas, com recorde de 20,7%.

O Itaú BBA tem recomendação outperform (acima da média do mercado) para os papéis da companhia e preço-alvo de R$ 47.

Entre os principais riscos para o setor no qual a JBS atua, a XP também destaca a baixa disponibilidade de gado e os altos preços dos grãos.

Mas perspectivas seguem otimistas

Ainda que a companhia tenha enfrentado um cenário desafiador no último trimestre, os analistas reforçam que a JBS conseguiu entregar fortes resultados e que as perspectivas são otimistas para os próximos meses.

Em relatório, a XP destaca como positiva a busca da JBS pela diversificação geográfica e de portfólio, aproveitando o momento positivo nas operações dos EUA para expandir em novas frentes, enquanto mantém uma alavancagem historicamente baixa (de 1,73 vez em dólar).

Para os analistas, a companhia é a principal escolha dentro do setor. A casa tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 40 por ação JBSS3.

Olhando para a frente, a XP espera que a sazonalidade favoreça a performance da JBS na América do Sul nos próximos trimestres, e que a forte demanda continue contribuindo para uma boa performance das proteínas nos EUA.

A avaliação é compartilhada pela casa de análise Levante, que diz ver a ampla diversificação geográfica, liderança nos mercado de atuação e o amplo portfólio de produtos da JBS como as principais justificativas para a sua consistência na geração de caixa e forte crescimento de receita.

Já o Bradesco BBI chama atenção para o anúncio de dividendos de R$ 2,5 bilhões a serem pagos em agosto (equivalente a 3% do dividend yield) pela companhia.

O banco manteve sua recomendação outperform (acima da média do mercado) para os papéis da JBS e preço-alvo de R$ 38.

O Credit Suisse, por sua vez, projeta que o momentum operacional da companhia de alimentos permanecerá sólido, com a divisão de carne bovina nos EUA se beneficiando da oferta de gado e da recuperação do “food service” no país.

Na visão dos analistas, a marca “Pilgrim’s Pride” provavelmente continuará sendo uma surpresa positiva para os investidores em 2021, com a recuperação dos spreads devido ao aumento dos preços das aves.

Já no Brasil, a expectativa é de que o patamar mais depreciado do real ajude a compensar parcialmente a pressão de custos na Seara e na JBS Brasil (bovinos).

Assim como as demais casas, o Credit Suisse tem recomendação outperform e preço-alvo de R$ 45 para as ações da JBS na Bolsa.