JBS (JBSS3): subsidiária dos EUA tem resultado positivo, mas analistas divergem sobre impacto na brasileira

Analistas do Itaú BBA apontam que operação da Pilgrim’s Pride deve ser a única no portfólio da JBS que apresentará uma melhoria sequencial de margem no 1T23

Rodrigo Tolotti

Planta da JBS no Colorado, EUA (Foto: Matthew Stockman/Getty Images)

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Depois de um fim de 2022 decepcionante, a Pilgrim’s Pride, subsidiária da JBS (JBSS3) produtora de frango nos Estados Unidos e em Porto Rico, reportou um resultado em linha com o esperado no 1º trimestre deste ano e ainda deu sinais de melhora ao longo do período, segundo analistas do Itaú BBA.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia ficou em US$ 152 milhões, em linha com as estimativas de consenso da Bloomberg, enquanto a margem Ebitda ficou apenas 0,1 ponto percentual abaixo do esperado, em 3,6%.

“Apesar dos resultados gerais estarem em linha, acreditamos que eles ainda podem ser lidos como ligeiramente positivos, dadas algumas tendências benignas visíveis nos números do trimestre e o mix de boa qualidade”, avalia a equipe do BBA.

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Entre os destaques, os analistas ressaltaram que grande parte da melhora nos resultados da PPC no 1º trimestre pode ser atribuída ao aumento de 1,2 ponto percentual na margem Ebitda dos EUA no período. Além disso, as operações na Europa e no México também registraram evolução, de 0,2 ponto percentual (p.p.) e 11,9 p.p., respectivamente.

Além disso, o BBA destaca o “mix de qualidade reportado”, já que o negócio de grandes aves nos EUA apresentou melhora ao longo do trimestre, o que pode apontar para melhorias sequenciais de lucratividade nos próximos balanços. “A empresa também afirmou que janeiro foi desafiador, sugerindo uma possível leitura de que a taxa de execução no início do 2T23 poderia estar acima da lucratividade média do 1T23”, completam os analistas.

A XP também aponta que a PPC reportou mais um trimestre de resultados fracos devido à já conhecida perspectiva difícil de oferta e demanda de aves, especialmente nos EUA. No entanto, os resultados ficaram acima das suas estimativas, refletindo uma melhoria interessante sequencialmente das margens em todas as 3 regiões (EUA, Europa e México).

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A receita líquida ficou em linha com as estimativas da XP, mas o Ebitda ajustado foi 66% superior. “Como resultado, estamos aumentando nosso estimativa de Ebitda ajustado para os resultados consolidados da JBS em 12% para o 1T23. Por fim, as discussões no call de resultados reforçaram nossa visão de que os resultados do 2T da JBS devem ser bem melhores do que os do 1T, tanto pela melhora da dinâmica do mercado quanto pela sazonalidade”, avaliam os analistas.

O BBA, por sua vez, apesar da avaliação ligeiramente positiva, não acredita que esses números indiquem uma recuperação consolidada da lucratividade da JBS, pelo menos não neste momento. “Em nossa visão, a PPC provavelmente será a única unidade de negócios no portfólio da JBS que apresentará uma melhoria sequencial de margem no 1T23”, afirma.

Segundo eles, mesmo com o aparente início de uma tendência de melhor rentabilidade para 2023 no negócio de frango, os investidores ainda devem estar esperando por um melhor ponto de entrada, já que a maioria dos ciclos da JBS está tendendo para baixo.

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“Destacamos que o balanço da JBS parece suportar a dinâmica desafiadora no atual nível, mas por enquanto o momentum parece superar o valuation no universo de proteínas”, concluem os analistas.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.