JBS (JBSS3): subsidiária nos EUA tem resultado decepcionante no 4º tri, ação fecha em queda após sessão volátil

Analistas do Itaú BBA destacam um cenário desafiador em diversos segmentos para a JBS

Lara Rizério

(Matthew Stockman/Getty Images)

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Reforçando a visão mais cautelosa dos agentes de mercado com frigoríficos, notoriamente para aqueles com operações americanas, a Pilgrim’s Pride Corporation (PPC), subsidiária da JBS (JBSS3) produtora de frango nos Estados Unidos e em Porto Rico, registrou números decepcionantes no quarto trimestre de 2022 (4T22) na noite da véspera. Com isso, as ações JBSS3 chegaram a registrar forte queda nesta quinta-feira (9), com baixa superior a 3%, passaram a ter leves altas, mas fecharam em queda de 1,17%, a R$ 18,60.

A PPC teve um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de US$ 63 milhões, 54% abaixo da projeção do Itaú BBA e 50% abaixo do consenso Bloomberg. Já a margem Ebitda (Ebitda sobre receita) foi de 1,5%, 160 pontos-base abaixo das estimativas dos analistas do banco. A  receita líquida consolidada, por sua vez, foi de US$ 4,1 bilhões (em linha com o consenso).

Os analistas do BBA ressaltam que a decepção com os resultados da PPC representa 6% de suas estimativas para o Ebitda consolidado da JBS para o 4T22.

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Esse resultado negativo da PPC, na visão dos analistas, vai em linha com o que foi visto na divisão de frango da Tyson. Isso mostra que a indústria está operando em níveis muito baixos de margem e deve haver ajuste para que haja uma normalização de margem no setor.

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“Apesar da necessidade de ajuste, parece que o primeiro semestre de 2023 já deve ser mais desafiador do que esperávamos. A compressão de margem da PPC se junta às outras divisões da JBS e faz a empresa enfrentar uma exceção na sua tese de diversificação, o que intensifica o momentum ruim”, aponta o BBA.

O Bradesco BBI avalia ainda que o Ebitda abaixo do esperado da empresa pode ser explicado principalmente por margens mais baixas dada a menor rentabilidade nas operações de grandes aves nos Estados Unidos e relação entre oferta e demanda desequilibrada no México.

Não é só a JBS que enfrenta dificuldades na maioria de suas unidades de negócios, já que a oferta de carne bovina dos EUA deve encolher no próximos anos; dentro da PPC, os três segmentos também estão enfrentando desafios em suas dinâmicas de lucratividade, destaca o BBA.

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Nesse sentido, pode-se argumentar que provavelmente será vista uma queda da lucratividade da JBS no curso de 2023 ou 2024, dada a combinação de fatores negativos em um único ano.

Numa análise de sensibilidade assumindo os níveis mínimos históricos de margem Ebitda para cada unidade de negócio, os analistas veem a JBS negociando a 7,5 vezes o valor da empresa sobre Ebitda (EV/Ebitda) esperado para 2023, mas com geração de caixa neutra.

“Considerando que ainda poderia haver um ponto de entrada melhor à medida que o ciclo tende para baixo, levando em conta também os padrões de negociação vistos historicamente no universo das proteínas, destacamos que o balanço da JBS parece suportar a pior combinação de ciclos. Apesar disso, os resultados do PPC solidificam a tese de curto prazo de que o momento está se deteriorando”, avalia o banco.

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O Credit Suisse também destaca os números bem mais fracos da PPC com dados decepcionantes de Ebit e lucro por ação em meio aos preços mais fracos dado o desequilíbrio de oferta e demanda, além da pressão de inflação de custos. Como a PPC representa entre 20% e 25% dos resultados da JBS, a leitura é negativa dadas as margens fracas em vários segmentos, seguido também da decepção com os números da Tyson.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.