JBS e Marfrig disparam mais de 20% em maio: ações devem subir ainda mais?

Visão é mais positiva para JBS do que para Marfrig; veja os motivos

Felipe Moreira Lara Rizério

(Shutterstock)

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As ações de frigoríficos registram ganhos no mês, com destaque principal para os papéis de duas companhias: a JBS (JBSS3), com avanço de 25% até o fechamento da última quarta-feira (22), enquanto Marfrig (MRFG3) salta 24% no mesmo período, sendo os dois únicos papéis com ganhos até então superiores a 20% em maio entre os ativos que compõem o Ibovespa e batendo máximas no ano.

Diversos fatores fizeram com que as ações das duas companhias registrassem fortes ganhos, tanto no âmbito macro quanto no micro.

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Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, aponta a melhora do ambiente para o setor, ressaltando que muitos investidores estavam em uma situação significativamente mais difícil no início do ano passado, devido ao imbróglio relacionado à doença da vaca louca no norte do país.

“Este ano, a situação está mais simplificada e houve avanços consideráveis em termos de permissões internacionais para que as plantas brasileiras possam exportar, especialmente para a China, algo que impulsionará o setor nos próximos anos”, avaliou.

Ele destaca ser importante monitorar o mercado de preços do boi, que tem uma tendência de aumento de quase 10% no próximo ano, segundo estimativas do setor. Por outro lado, as empresas estão se tornando multinacionais apresentam oportunidades de investimento interessantes para diversificação de risco.

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No âmbito micro, a temporada de resultados do primeiro trimestre de 2024 (1T24) foi considerada no geral bastante positiva para os frigoríficos, em especial para a JBS. Além dos resultados robustos, a indicação da administração de que seu processo de desalavancagem pode acelerar animou o mercado. A ação subiu 8,11% apenas na sessão pós-balanço.

Mesmo trazendo números menos animadores, a Marfrig indicou sinais iniciais de um ciclo pecuário mais favorável nos EUA, com uma redução na participação de novilhas no abate (sugerindo retenção) e um aumento no número de vacas no rebanho devido à melhoria das condições do pasto. A companhia também se beneficia da sua participação na BRF (BRFS3), que avança 13% na Bolsa no mês e 38% no ano; BRFS3 também disparou na sessão após o balanço, assim como a JBS. A elevação de recomendação pelo Bank of America e visão de um turnaround completo impulsionaram os ativos.

Olhando para a temporada em geral, o Goldman Sachs ressalta que o setor de proteína brasileira teve uma forte temporada de lucros, com lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) superando o consenso da Bloomberg em 35%. Os analistas também comentam que o setor fornece uma boa proteção contra uma possível desvalorização do câmbio. O real depreciou 4,8% no ano até agora, traduzindo-se em melhores lucros para o setor, dado seu perfil estrutural de exportações.

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O que esperar das ações?

Ao falar sobre a JBS, a XP ressalta que o potencial para upside adicional é a principal preocupação entre os investidores agora.

“A diversificação geográfica e de proteínas continua a produzir benefícios, mitigando efetivamente o desafiador mercado de carne bovina dos EUA, com desempenhos sólidos nas operações de aves e suínos nos EUA e no Brasil, que deverão impulsionar a recuperação dos lucros”, ressaltaram os analistas da casa, que nesta semana reforçaram recomendação de compra e elevaram o preço-alvo de R$ 27 para R$ 34,90, refletindo um aumento de 27% e 11% em suas estimativas de Ebitda para 2024 e 2025, respectivamente — ficando 8% e 2% acima do consenso.

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Dado o forte momentum dos lucros e o valuation atrativo, a casa espera que o desempenho positivo das ações da JBS continue, embora acredite que a recuperação dos lucros esteja em grande parte precificada.

Também nesta semana, o Goldman Sachs reiterou recomendação de compra para a maior empresa de proteínas animais do mundo e elevou o preço-alvo de R$ 34,20 para R$ 34,70. Em termos de avaliação, o Goldman vê a JBS negociando 5,5 vezes Ebitda futuro em IFRS e 7,6 vezes em US GAAP, bem abaixo dos 9,4 vezes da sua rival Tyson.

Para o Goldman, o momento é favorável para o frango, tendo em vista os preços positivos dos grão e algum consumo migrando da carne bovina e um fornecimento mais equilibrado. O banco lembram que as ações da subsidiária americana da JBS Pilgrim’s Pride Corporation (PPC) subiram 35% no ano até agora e, com os spreads da indústria melhorando sequencialmente, espera que continue sendo um impulsionador chave para os lucros da JBS. De acordo com compilação da LSEG, de 14 casas que cobrem JBSS3, 13 recomendam compra e só 1 manutenção, com preço-alvo médio de R$ 32,73, ou upside de 12%.

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Para Marfrig, há uma divisão maior do mercado, com 4 recomendações de compra e 5 de manutenção, segundo compilação da LSEG, ainda que o potencial de valorização seja parecido, de 11,6%, considerando o preço-alvo médio das casas, de R$ 13,07. A alavancagem da companhia, com os gastos com a aquisição da fatia na BRF ainda pesando aparecem como pontos contra. A expectativa da diretoria do frigorífico, contudo, é que a BRF pague dividendos e permita a desalavancagem ao longo do ano