JBS e BRF perdem R$ 6 bi na Bolsa com Operação “Carne Fraca”; Gafisa desaba 14% com fim do direito de preferência

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações da JBS e BRF roubaram a cena do mercado nesta sexta-feira (17), com quedas de 11%, em meio à deflagração da Operação “Carne Fraca” pela Polícia Federal, que investiga grandes empresas do setor, incluindo as duas citadas acima. Com a derrocada, essas empresas perderam R$ 6 bilhões em valor de mercado na Bolsa hoje. 

Gravações telefônicas apontam que frigoríficos vendiam carne vencida tanto no mercado interno, quanto para exportação. Embora não citadas pela operação, os papéis da Marfrig e Minerva também caíram forte. A gestora Tarpon – que é a maior acionista individual da BRF, detendo 11% da participação na empresa – derreteu 10% nesta sessão. Em agosto do ano passado, 60% da carteira da gestora era composta pelas ações da gigante de alimentos. 

Além dos frigoríficos, mais um escândalo abalou outro setor da Bolsa: o de educação. As ações da Estácio e Kroton caíram até 5%, em meio ao rumor de que o presidente da Estácio, Pedro Thompson, estaria articulando contra a fusão com a Kroton. 

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Impactado pela maré de más notícias, o Ibovespa recuou 2,2% nesta sexta-feira, com apenas 7 das 59 ações no positivo: Hypermarcas, Engie, Ultrapar, Pão de Açúcar, Cemig, Raia Drogasil e Cielo. Do outro lado, contribuiu para o dia negativo as ações de peso da Petrobras, que “ignoraram” a sessão estável do petróleo e caíram mais de 3%. 

Já fora do Ibovespa as ações da Gafisa afundaram 14% com o fim do direito de preferência dos seus acionistas para subscrição das ações da sua subsidiária Tenda. Por outro lado, a Mangels, que ontem subiu 105% após sair de recuperação judicial, corrigiu parte da euforia hoje. 

Confira abaixo os destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

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Frigoríficos
As ações da JBS (JBSS3, R$ 10,72, -10,59%) e BRF (BRFS3, R$ 37,10, -7,25%) desabaram na Bolsa, após a Polícia Federal deflagrar nesta manhã a operação “Carne Fraca”, cumprindo mais de 300 mandados judiciais em 7 estados federativos: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás. Juntas, as duas empresas perderam hoje R$ 5,8 bilhões em valor de mercado na BM&FBovespa. 

Embora não citadas, as ações da Marfrig (MRFG3, R$ 5,60, -2,10%) e Minerva (BEEF3, R$ 10,09, -2,04%) também caíram forte. Uma das maiores gestoras do País, a Tarpon (TRPN3, R$ 4,50, -10,00%) também foi atingida em cheio com a notícia. A gestora, que detém 11,94% das ações da BRF, derreteram 10% na Bolsa. Até agosto do ano passado, 60% do portfólio da Tarpon era composto pelas ações da BRF. 

VEJA MAIS: De lotes vencidos a carne proibida em linguiça: veja o que consta nas gravações da Operação “Carne Fraca”

A ação investiga envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de grandes frigoríficos do País, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, mas também frigoríficos menores, como Mastercarnes e Peccin, do Paraná.

Em comunicado enviado ao mercado, a empresa de alimentos BRF afirmou que cumpre normas e regulamentos sobre produção e venda de seus produtos e garantiu em comunicado à imprensa que “não há nenhum risco” para seus consumidores, seja no Brasil, ou nos 150 países em que atua. Já a JBS confirmou que a operação incluiu três unidades produtivas da companhia, mas afirmou que adota no Brasil e no mundo rigorosos padrões de qualidade.

Estácio (ESTC3, R$ 15,20, -4,64%) e Kroton (KROT3, R$ 13,40, -3,67%)
As Estácio e Kroton afundaram até 5% nesta sessão, após notícia de que o conselho da Estácio abriu uma investigação para apurar uma denúncia anônima dando conta de que seu presidente, Pedro Thompson, estaria articulando contra a fusão, segundo informou o jornal Valor Econômico. O executivo foi afastado do grupo de trabalho que negocia os termos da associação com a Kroton no Cade, disse o fato relevante divulgado pela empresa nesta sexta-feira. 

Conforme o documento, Thompson se concentrará na gestão da empresa, enquanto a Estácio investiga documento entregue pelo diretor-presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, ao presidente do seu conselho de administração, João Cox.

O material, recebido de forma anônima, continha suposta troca de mensagens eletrônicas entre Thompson e o advogado externo que assessorava a Estácio perante o Cade sobre formas jurídicas ou brechas para barrar a fusão entre as empresas, de acordo com o fato relevante.

Cox reuniu o conselho da Estácio, que decidiu substituir o escritório de advocacia que representava a companhia no Cade, bem como contratar uma empresa especializada em gestão de risco para prevenir vazamentos ilegais de informações.

O fato relevante confirma notícia veiculada nesta sexta-feira pelo jornal Valor Econômico. Em referência à reportagem, a Estácio diz que “refuta veementemente toda e qualquer alegação de que membros de sua administração estejam conspirando para frustrar a combinação de negócios com a Kroton”.

Cielo (CIEL3, R$ 27,27, +0,81%)
Uma das questões que derrubaram a ação da Cielo em meados de dezembro do ano passado não deve sair esse ano. Segundo informações do Valor Econômico, as discussões da indústria de cartões sobre redução do prazo em que lojistas recebem as vendas à vista com cartão de crédito estão em estágio preliminar e nenhuma mudança deve ser feita este ano. 

Em relatório desta manhã, o BTG Pactual disse que conversou com um adquirente de cartões e que ele está convencido que o prazo de pagamento não irá mudar. “Boa notícia para a Cielo”, comentaram os analistas do banco.

Gafisa (GFSA3, R$ 2,22, -13,62%)
As ações da Gafisa desabaram nesta sessão, por conta do fim do direito de preferência dos seus acionistas para subscrição das ações ordinárias da sua subsidiária Tenda. Com isso, as ações da Gafisa passam a ser negociadas a partir de hoje “ex-direito de preferência” na aquisição das ações da Tenda. 

O exercício do direito de preferência foi assegurado aos acionistas da Gafisa até 16 de março, tendo como objeto 27 milhões de ações ordinárias da Tenda, que representam 50% do capital social. O preço de aquisição de cada ação de emissão da Tenda ficou fixado em R$ 8,13 por ação. 

Ambev (ABEV3, R$ 17,21, -0,41%)
O JP Morgan reiterou recomendação overweight (exposição acima da média) para as ações da Ambev, citando positivos catalisadores a frente para o mercado de cervejas no Brasil, com a competição menos acirrada e economia em recuperação. Além disso, os analistas projetam um dividend yield (dividendos sobre o preço das ações) de 6% em 2017 – o maior em 5 anos, tornando a ação mais atraente em um cenário de queda de juros. 

Petrobras (PETR3, R$ 13,85, -3,69%; PETR4, R$ 13,16, -4,01%)
As ações da Petrobras “ignoraram” o dia praticamente estável dos preços do petróleo e caíram forte hoje. Lá fora, o contrato WTI encerrou a sessão praticamente no zero a zero, a US$ 48,78 o barril. 

No radar, conforme destaca o jornal Folha de S. Paulo de hoje, a Petrobras colocou à venda por um preço mínimo de US$ 40 milhões duas sondas de perfuração (a P-59 e a P-60) que lhe custaram US$ 720 milhões no início da década. Assim, o valor da venda é 94,4% menor do que o da compra ou o valor da compra foi 1.700% maior do que o será a venda.

Além disso, a Petrobras e a Total Gas & Power Brasil submetem à análise do Cade operação que envolve aquisição de controle compartilhado no setor de geração de energia elétrica. O documento de divulgação de pedido de análise do Cade está no Diário Oficial e não traz detalhes adicionais; processo tem acesso restrito no site do conselho até o momento. 

Positivo (POSI3, R$ 3,56, -13,17%)
As ações da Positivo desabaram 13,41% na mínima do dia, a R$ 3,55, após a empresa divulgar seu balanço do quarto trimestre. O volume financeiro movimentado com a ação ficou em R$ 7,7 milhões, contra média diária de R$ 2,09 milhões dos últimos 21 pregões. 

A empresa apresentou lucro de R$ 1,1 milhão, revertendo o prejuízo de R$ 53 milhões de um ano antes. A melhora é reflexo de cortes de custos fixos, ganhos de eficiência em fábrica e eliminação de estoques. Por outro lado, os números foram parcialmente impactados pela variação cambial, gerando um resultado financeiro negativo em R$ 25,5 milhões.

A receita líquida da companhia ficou em R$ 392,1 milhões nos três últimos meses de 2016, queda de 21% em relação aos mesmos meses de 2015. O faturamento menor é reflexo da queda nas vendas, principalmente, de desktops e tablets, de 58,4% e 79,5%, respectivamente. A receita com telefones celulares foi a única a apresentar crescimento no trimestre, de 126,3%, para R$ 148,5 milhões. O Ebitda, por sua vez reverteu o resultado negativo de um ano antes e fechou em R$ 40,5 milhões.

Movida (MOVI3, R$ 8,53, -0,81%)

A Movida informou que o número de diárias de aluguel subiu 46% no primeiro bimestre de 2017 na comparação anual. Já as diárias no segmento de gestão de frotas (GTF) tiveram queda de 11% a/a em janeiro e fevereiro. O volume em seminovos registrou alta de 36,5% na comparação anual.

Vale lembrar que a Movida foi citada juntamente com a Portobello como as duas grandes oportunidades “fora do radar” na Bolsa este ano no programa “Comprar ou Vender” desta terça-feira (veja aqui). 

Unicasa (UCAS3, R$ 2,50, -14,38%)
As ações de baixa liquidez da Unicasa desabaram nesta sessão, após balanço do 4° trimestre, divulgado na noite de ontem. A empresa reverteu um lucro líquido de R$ 13,1 milhões em 2015 em prejuízo líquido de R$ 24,3 milhões em 2016, enquanto viu sua receita líquida cair em 16,9% na comparação anual, indo para R$ 185 milhões no ano passado. 

“A deterioração do cenário macroeconômico continua sendo o fator preponderante na queda de nossas vendas e entendemos que a restrição econômica em nosso setor apresentará uma curva mais longa de recuperação do que economia em geral”, comentou a empresa em relatório com sua demonstração financeira. 

Em reação aos números, as ações da Unicasa caíram 20,89% na mínima do dia, indo a R$ 2,31. O volume financeiro movimentado com os papéis neste momento ficou em R$ 6,2 milhões, contra média diária de R$ 579 mil nos últimos 21 pregões. 

Mangels (MGEL4, R$ 6,72, -9,19%)
Depois de subirem 105% ontem, após notícia de que a empresa saiu da recuperação judicial, as ações da Mangels operam no zero a zero nesta sessão, após terem batido na máxima do dia alta de 24,32%, a R$ 9,20. 

Em comunicado enviado ao mercado, a empresa disse que “mudou radicalmente”. “Estamos com uma estrutura organizacional enxuta, cortamos gastos e estamos fazendo, progressivamente, tudo que é possível para tornar a operação mais eficiente e continuar elevando nosso nível de produtividade. Foi um grande desafio, mas com transparência, coragem, humildade e confiança, conseguimos chegar ao resultado atual”, afirmou, Fábio Mazzini, Diretor de Finanças, Administração e Relação com Investidores.

Localiza (RENT3, R$ 42,61, -1,98%)
A Localiza Rent a Car, Car Rental Systems do Brasil Locação de Veículos submetem à análise do Cade operação de aquisição de controle e contrato associativo no setor de locação de automóveis sem condutor e gestão de ativos intangíveis não-financeiros. O documento de divulgação de pedido de análise do Cade está no Diário Oficial e não traz detalhes adicionais; ato tem acesso restrito no site do conselho até o momento.

Banrisul (BRSR6, R$ 15,32, -0,07%) 
O Itaú BBA elevou a recomendação para as ações do Banrisul para outperform, com novo preço-alvo de R$ 17,80 para 2017, ante R$ 14,50. 

“A principal razão para a mudança em nossa recomendação é o retorno assimétrico das ações no caso de uma possível venda do banco e a avaliação relativamente descontada (…)  No caso de uma venda potencial, o múltiplo pago poderia ser muito maior do que a avaliação atual, enquanto a desvantagem se uma potencial venda é descartada deve ser baixa. Estimamos a rentabilidade de longo prazo do Banrisul de 15,7% (acima de 15,0% em nosso modelo anterior)”, avaliam os analistas. Além disso, apesar do potencial de valorização, o Banrisul continua a negociar abaixo da sua média histórica. Por fim, a principal razão para o aumento do nosso valor justo foi a redução no custo estimado de capital próprio.

Vale destacar que o “Insight do Dia” da última quinta-feira foi sobre o Banrisul, destacando o potencial de valorização de até 100% com a fusão, segundo o BTG Pactual (veja a análise completa clicando aqui). 

BB Seguridade (BBSE3, R$ 29,35, -2,65%)

O Credit Suisse elevou o preço-alvo para as ações da BB Seguridade de R$ 29,00 para R$ 33,00, mas mantendo recomendação neutra. 

O aumento do preço-alvo é reflexo de uma redução no custo de capital de 16% para 13.4%.  Por outro lado, a menor Selic e um ambiente operacional mais desafiador levou o banco a cortar as estimativas em 8.5%, 11.7% e 13.6% para 2017, 2018 e 2019. “Com esses novos números, estamos 4-6.5% abaixo do consenso. Esperamos um crescimento de CAGR 2016-2019 de 8.1%, com o crescimento acelerando nos próximos anos devido uma melhora no resultado operacional, retomada da atividade econômica e normalização do resultado financeiro”, afirmam os analistas. 

Vale (VALE3, R$ 31,30, -3,78%; VALE5, R$ 29,90, -3,05%)
As ações da Vale caíram forte, acompanhando o dia negativo do mercado brasileiro e os preços do minério de ferro. A commodity negociada com 62% de pureza no porto chinês de Qingdao fechou o pregão em queda de 0,29%, a US$ 92,34 a tonelada, enquanto os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian caiu 0,69%, a 716 iuanes a tonelada. Seguiram o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 22,38, -4,77%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 12,34, -3,74%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 5,75, -3,69%), CSN (CSNA3, R$ 10,63, -4,32%) e Usiminas (USIM5, R$ 4,43, -5,94%). 

No radar da Vale, a 12ª Vara Federal Cível/Agrária de Minas Gerais suspendeu ações que pediam indenizações bilionárias relacionadas ao rompimento de uma barragem da mineradora Samarco, entre elas uma de 155 bilhões de reais, visando dar unidade aos processos judiciais, afirmou nesta quinta-feira a mineradora Vale, uma das sócias na companhia.

Segundo a Vale, o objetivo é evitar decisões contraditórias ou conflitantes, trazendo uma unidade processual para viabilizar a negociação de um acordo final entre as partes.

“Essa é uma importante decisão que reconhece a complexidade do caso e importância de uma solução consensual como forma eficaz de se adotar as medidas necessárias para remediação de todos os impactos causados pelo rompimento da barragem da Samarco”, afirmou a Vale em nota.

Copel (CPLE6, R$ 34,56, -1,20%) 
A elétrica estatal Copel informou nesta quinta-feira que o governo do Paraná indicou o engenheiro Antonio Sergio de Souza Guetter para assumir a presidência da companhia paranaense, e que a indicação do executivo será delibera na reunião do Conselho de Administração na próxima quarta-feira. Guetter substituirá Luiz Fernando Leone Vianna, nomeado para a diretoria-geral de Itaipu, segundo comunicado.

Funcionário de carreira da Copel, Guetter é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná. Ao longo de sua carreira na companhia, desempenhou as funções de diretor de Finanças e de Relações com Investidores, diretor presidente da Copel Renováveis, entre outros. Recentemente, ocupava o cargo de diretor presidente da Copel Distribuição.

 BR Pharma (BPHA3, R$ 6,59, -0,15%) e BTG Pactual (BBTG11, R$ 18,44, -3,76%)

Segundo o jornal Valor Econômico, a rede Mais Econômica decidiu processar sua ex-dona Brasil Pharma e o BTG Pactual (que controla o grupo farmacêutico), por abuso do poder de controle e gestão temerária. A rede de farmácias – vendida em 2015 pelo BTG para a empresa de investimentos Verti Capital – acusa o BTG e a BR Pharma de terem usado resultados financeiros da Mais Econômica, durante as negociações para compra, “absolutamente falsos com grave prejuízo à autora e ao próprio mercado, em benefício das rés”.

A Mais Econômica alega que houve uma “escandalosa adulteração de demonstrações financeiras”, com “subavaliação dos passivos” e um “aumento irreal dos ativos” nos demonstrativos que foram referência para a venda da rede. A ação informa que o risco provável de perda de ações trabalhistas, definido no material de pré-venda da companhia, estava em R$ 3,2 milhões, conforme documentado por contador da BR Pharma, diz a Mais Econômica. Após a venda, a investigação dos números foi aprofundada e o valor foi reavaliado pelo mesmo contador para R$ 17,4 milhões.