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Último dos bancões privados a divulgar seus números do terceiro trimestre de 2025 (3T25), o Itaú Unibanco (ITUB4) registrou mais uma vez números sólidos – e amplamente em linha com as estimativas. Contudo, apesar de números sem surpresas, algumas casas de análise ficam de olho no “detalhe” dos resultados e nas indicações da gestão do banco, levando inclusive a revisões nas projeções de pagamento de dividendos (que podem superar os R$ 30 bilhões, segundo projeções do Bradesco BBI).
Maior banco privado do país, o Itaú registrou um lucro recorde recorrente de R$ 11,9 bilhões, alta de 11,3% em relação ao mesmo período do ano passado, em linha com as expectativas do mercado, com melhora na rentabilidade ano a ano.
O retorno sobre o patrimônio líquido médio anualizado (ROE) consolidado ficou em 23,3%, de 22,7% um ano antes, conforme os números publicados nesta terça-feira pelo banco. Apenas no Brasil, o ROE passou de 23,8% para 24,2% ano a ano. Na base trimestral, porém, tal indicador ficou estável no desempenho consolidado e caiu 0,2 ponto percentual no Brasil.
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Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11), que já reportaram seus resultados, registraram ROEs de 14,7% e 17,5%, respectivamente, no período.
A carteira de crédito do Itaú cresceu, ultrapassando R$ 1,4 trilhão, e a inadimplência acima de 90 dias se manteve em 1,9%, sinal de boa gestão de risco.
“Foi um resultado equilibrado, sem grandes surpresas, mas com qualidade, que reforça a boa execução do Itaú. O resultado deve sustentar o otimismo com as ações no curto prazo, ainda que sem movimentos explosivos no pregão pós-balanço”, aponta Gustavo Moreira, planejador financeiro.
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As receitas de tarifas e seguros cresceram +3,6% na base trimestral (+4,7% ano a ano), impulsionadas por banco de investimentos e adquirência, enquanto as despesas operacionais aumentaram +4,0% trimestre a trimestre (+7,6% na base anual) devido ao acordo coletivo, resultando em um índice de eficiência de 39,5% (versus 38,8% no 2T).
“No geral, o trimestre destaca a resiliência estrutural do banco e a execução disciplinada do guidance”, apontam os analistas da XP, Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães, que assinam relatório de análise. Um ponto positivo foi a revisão para cima da projeção da margem líquida de juros (NII) de mercado, agora estimada entre R$ 3,0 bilhões e R$ 3,5 bilhões (versus até R$ 3 bilhões anteriormente), refletindo desempenho mais forte de tesouraria e ALM (Gestão de Ativos e Passivos).
“Continuamos vendo o Itaú como um player diferenciado, entregando resultados consistentes e previsíveis mesmo em um ciclo de maior incerteza”, avalia a XP.
O JPMorgan aponta ter uma primeira impressão é neutra e também ressalta a projeção de NII do mercado revisada para cima, embora acredite que isso já fosse amplamente previsto pelo mercado neste momento.
Olhando para o 3T25, a NII foi o único ponto fraco do trimestre, ficando 2% abaixo do JPMorgan (NIM, ou margem de juros líquida, caiu 20 pontos-base contra a projeção estável do banco). Contudo, o banco acredita ser difícil reclamar com crescimento de 10% anual e acima da expansão da carteira de empréstimos de 6,4% ano a ano.
Em outros setores, o JPMorgan observa tendências positivas. A qualidade dos ativos apresentou bom comportamento, com índice de inadimplência (NPL) de 90 dias estável em relação ao trimestre anterior e NPL de 15 a 90 dias também estável, excluindo casos específicos que já haviam sido provisionados (+0,3 ponto percentual reportados).
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Já as taxas de serviços cresceram 5% em relação ao ano anterior e superaram o JPMorgan.
“No geral, um trimestre praticamente neutro, o que é bom considerando toda a volatilidade que vemos no Brasil”, avalia a equipe do banco americano.
Para a Genial Investimentos, a revisão para cima da NII do Mercado reforça a resiliência frente à pressão dos juros altos, ao contrário de outros bancos incumbentes. “Além disso, o NII Mercado incorpora os custos de hedge do capital, o que ajuda a reduzir a volatilidade dos índices de capital e garante crescimento mais sustentável e previsível”, avalia a equipe de análise.
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Olhando estritamente para o trimestre, a Genial ressalta mais um trimestre sólido e consistente e novo lucro líquido recorrente recorde. “Com o 4T sazonalmente mais forte, esperamos que o banco mantenha sua trajetória de crescimento sequencial de lucro e encerre 2025 com expansão anual de 13,6%”, aponta.
A rentabilidade permaneceu elevada, mantendo ampla vantagem frente aos pares e consolidando “o Itaú como o banco mais consistente ao longo dos ciclos — o mais rentável e capitalizado entre os incumbentes”.
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O banco, também ressalta a Genial, opera com excesso de capital, que deverá ser distribuído no último trimestre; excluindo esse efeito (cerca de 2 pontos percentuais adicionais), o ROE ajustado teria alcançado 25,4%.
A Genial reiterou recomendação de compra para ITUB4, com preço-alvo de R$ 46,80, o que representa um potencial de valorização de 17% frente ao último fechamento. Segundo os analistas, a ação segue negociando a múltiplos atrativos, ainda abaixo da média histórica.
O Bradesco BBI também tem recomendação equivalente à compra (outperform, desempenho acima da média do mercado) para ITUB4, com preço-alvo de R$ 45.
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O BBI avalia que os resultados do Itaú mostraram mais um conjunto de tendências sólidas, mas, em sua maioria, ficaram em linha com o esperado. O banco avalia que um dos principais tópicos de discussão pós-resultado será a análise dos potenciais impactos de uma deterioração no segmento de grandes empresas e uma avaliação sobre a possibilidade de despesas adicionais com provisões.
“Apesar dos resultados neutros, consideramos que as despesas operacionais e a eficiência ficaram ligeiramente abaixo do esperado”, avalia.
Além disso, o BBI atualizou a sua estimativa para o potencial dividendo extraordinário a ser pago pelo Itaú, atingindo aproximadamente R$ 31 bilhões, considerando um crescimento de 4,5% na carteira em 2025 e uma meta de CET1 (Capital de Nível, uma medida do capital mais forte e de maior qualidade de um banco, incluindo ações ordinárias e lucros retidos) de 12,3%.
