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SÃO PAULO (Reuters) -O Itaú Unibanco (ITUB4) continua confortável com o nível de rentabilidade que vem entregando, afirmou o presidente-executivo do banco, Milton Maluhy Filho, nesta quarta-feira, um dia após a empresa divulgar balanço do terceiro trimestre com retorno sobre o patrimônio líquido médio anualizado (ROE) de 23,3%.
Ele destacou que o Itaú vem conseguindo entregar um ROE acima de 20%, patamar que o banco considera sustentável, mas ponderou que, em um cenário prospectivo, a rentabilidade depende muito do nível de custo de capital do banco.
“Não vejo, no curto prazo, nenhuma mudança de tendência nos 20%”, afirmou a jornalistas ao comentar o resultado trimestral. O banco “segue confortável com esse nível de rentabilidade que vem entregando”, acrescentou. A última vez que o Itaú trabalhou com ROE abaixo de 20% foi no quarto trimestre de 2022.
Análise de Ações com Warren Buffett
Bradesco e Santander Brasil, que já reportaram seus resultados, registraram ROEs de 14,7% e 17,5%, respectivamente, no terceiro trimestre.
Para o ano de 2025, projeções compiladas pela LSEG apontam ROE de 23,19%, ante 22,2% em 2024.
‘Em meio a expectativas de que o Itaú anuncie dividendo extraordinário novamente para o resultado de 2025, o CEO disse que o banco não mudou sua política de dividendos e citou a “força” da geração de capital de 0,8% antes de provisionamento de juros sobre capital próprio ou compra de ações.
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“Nosso objetivo não é reter o excesso de capital”, reforçou na teleconferência com analistas realizada após a coletiva de imprensa.
Na bolsa paulista, por volta de 11h15, as ações preferenciais do Itaú recuavam 0,93%, a R$39,59, na contramão do viés positivo do setor no Ibovespa.
Para analistas do Safra, o Itaú apresentou resultados que reforçam a tendência positiva de rentabilidade dos trimestres anteriores, ainda que dentro do esperado e com alguns pontos de atenção, especialmente na margem financeira (NIM) de clientes e nas despesas operacionais.
“Dado o forte posicionamento do mercado no papel e o histórico de execução impecável do banco, o resultado pode gerar uma leitura mais cautelosa”, afirmaram em relatório a clientes, avaliando que o índice de capital principal de 13,5% reforça a tese de pagamento de dividendos extraordinários.
2026
Ao comentar o cenário para 2026, Maluhy Filho afirmou que a eleição no Brasil pode trazer alguma volatilidade para os mercados, assim como há também perspectiva de que a economia irá desacelerar. “Em um cenário de mais incerteza, acho que todos operam com um nível de cautela um pouco maior”, ponderou.
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O executivo ressaltou, contudo, que o Itaú não está encontrando dificuldade em encontrar oportunidades de crescer, especialmente naqueles segmentos e clientes que entende que são resilientes num ciclo mais longo.
“Eu tenho dito e vou dizer de novo, acho que o banco nunca esteve tão preparado para enfrentar um cenário, qualquer que seja o cenário que venha”, afirmou.
“Se encontrarmos uma oportunidade, entendendo que o mercado está criando condições, vamos acelerar. E se acharmos que é o momento de ser mais cauteloso, vamos ser mais cautelosos… O balanço do banco está muito protegido, muito bem provisionado e vamos entrar em 2026 com uma solidez enorme.”
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O Itaú deve anunciar suas previsões envolvendo a operação do banco para o próximo ano com a divulgação do balanço do quarto trimestre.
Ainda comentando o cenário macroeconômico, o CEO afirmou que existe uma percepção equivocada sobre bancos preferirem juros mais elevados, ressaltando que a relevância das carteiras de crédito, da geração de resultado com crédito, é preponderantemente maior do que as outras linhas de negócio.
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Ele explicou que quando se tem juros prolongados em um nível alto e restritivo por mais tempo isso começa a colocar pressão em inadimplência e, por consequência, na capacidade do banco de crescer a carteira de crédito.
“Dado que o cenário para frente é um cenário mais arriscado, em que as famílias estão com rendas mais comprometidas e as empresas, com nível de endividamento, é uma carga financeira mais alta, você começa a ser mais conservador e as próprias empresas e pessoas param de consumir e de investir.”
“No fundo, juros baixos são estruturalmente bons para todos, inclusive para os bancos; é nesse cenário que os bancos crescem mais”, afirmou, acrescentando que o Itaú vê espaço para corte no próximo ano.
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CRÉDITO
Maluhy Filho afirmou que o Itaú não enxerga nenhuma crise de crédito no segmento corporativo, mas citou que indicadores na margem sugerem que, com os juros mais altos, em alguns setores e empresas mais alavancadas, há alguns casos com mais dificuldade do que outros.
No terceiro trimestre, o índice de inadimplência entre 15 e 90 dias registrou aumento de 0,3 ponto percentual ante o segundo trimestre, para 2%, com elevação de 0,9 ponto em grandes empresas no Brasil, o que o banco atribuiu principalmente a um cliente específico do segmento.
O CEO reiterou que o caso já estava adequadamente provisionado e já classificado em estágio 3.
O Itaú disse que, excluindo esse efeito específico, os indicadores na medida de 15 a 90 dias teriam permanecido nos mesmos patamares do trimestre anterior, ou seja, 1,7% no consolidado e 0,1% no segmento de grandes empresas no Brasil.
O executivo também reiterou as previsões do banco para o custo do crédito em 2025, acrescentando que deve entregar algo próximo ao centro do guidance, entre R$34,5 bilhões e R$38,5 bilhões. No acumulado dos primeiros nove meses do ano, esse indicador está em R$27,2 bilhões.
A margem financeira com clientes também deve mostrar uma expansão perto do centro da previsão do banco, de crescimento de 11% a 14% para 2025. No terceiro trimestre, esse dado mostrou expansão de apenas 0,5% ante os três meses anteriores e de 11% ano a ano. Em nove meses, mostra incremento de 13,4%.
“O crescimento da margem com clientes é muito forte este ano, apesar de uma pequena volatilidade neste trimestre, mas absolutamente explicável com fatos específicos”, pontuou o CEO.
Parte dos efeitos negativos nesse resultado veio da menor representatividade de produtos mais rentáveis, como crédito rotativo, o que foi parcialmente compensado pelo maior crescimento relativo da carteira de programas governamentais para pequenas empresas.
O banco também citou impacto negativo dos menores spreads de ativos, decorrente da compressão de spreads nos produtos que possuem taxas reguladas, como crédito rotativo e consignado, parcialmente compensado pelo efeito positivo da maior taxa de remuneração média e do maior volume médio de passivos.

