Itaú (ITUB4): provisões devem se estabilizar e “torneira” de crédito nunca esteve fechada, diz CEO

Milton Maluhy Filho diz que gestão de risco do banco foi fundamental para que índice de inadimplência não estivesse próxima de 5% hoje

Mitchel Diniz

Milton Maluhy Filho (Foto: Divulgação/Itaú)

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Depois de um trimestre de contração trimestral de carteira, reflexo da seletividade na concessão do crédito, o Itaú (ITUB4) reforçou o compromisso de continuar crescendo de forma sustentável. O CEO do banco, Milton Maluhy Filho, explicou que o banco não possui “nenhuma restrição ativa para crescer” e está bem posicionado para aproveitar oportunidades que virão.

“A torneira nunca ficou fechada”, afirmou Maluhy, em uma das teleconferências sobre os resultados do banco no segundo trimestre de 2023.

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“O que nós fizemos foi uma gestão de risco, na nossa visão, muito adequada diante do ciclo. Tomamos nossa decisão de rever o nosso apetite em segmentos menos resilientes e muito mais voláteis e continuamos crescendo em segmentos menos suscetíveis a eventos, numa base de cliente de média e alta renda, que sempre foi o core do banco.”

Maluhy diz que as decisões da equipe econômica de governo e do Banco Central estão na direção “absolutamente correta” e vê os indicadores de curto prazo como encorajadores.

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“O que a gente imagina para esse segundo semestre é o início de atividade mais forte para o mercado de capitais e também vemos, sobretudo para os fundos, uma perspectiva mais positiva. São sinais de curto prazo mais positivos, um cenário mais benigno”, afirma CEO.

Maluhy, no entanto, lembra que, em função do efeito de juros, a atividade econômica tende a arrefecer no segundo semestre.  “A gente vai passar por um ciclo agora mais contracionista, natural, em função do efeito de juros.”

O CEO do Itaú também destacou que o banco conseguiu estabilizar o indicador de atrasos nos últimos trimestres. Entre abril e junho deste ano, o índice de empréstimos com mais 90 dias de atraso foi de 3%, ante 2,9% no primeiro trimestre. O indicador de pessoas físicas no Brasil permaneceu em 4,9%.

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“A estabilização em uma boa notícia em um mercado muito difícil, no qual vimos um aumento grande da inadimplência”, recorda Maluhy. Segundo ele, caso o Itaú mantivesse o portfólio no mesmo formato que tinha em 2021 até hoje, os indicadores de atraso estariam 180 pontos mais altos. “Com custo de crédito e despesa de provisão substancialmente maior do que o que estamos observando hoje”.

“Ter tomado decisões no momento de sobreoferta de crédito, especialmente no cartão de crédito, foi fundamental fazer um ajuste no apetite”, disse o CEO.

Maluhy explicou que o NPL de cartões de crédito já caiu 20 pontos base este trimestre, com uma carteira que desacelera.

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“Decidimos fazer uma intervenção no portfólio importante, principalmente nos canais ‘mar aberto’, onde a gente percebeu uma inadimplência muito acelerada, sobreoferta de produto, nível de comprometimento de renda muito alto”, afirmou. “Pouco tempo atrás a gente tinha 1,7 cartão por CPF, hoje a gente tem 4 cartões por CPF no mercado, mostrando que há uma sobreoferta”.

No segundo trimestre de 2023, o Itaú provisionou R$ 9,44 bilhões, aumento de 3,9% em relação ao primeiro trimestre e de 25,3% em relação a um ano atrás.

Segundo Maluhy, o banco espera que as provisões se estabilizem em patamares muito próximos dos observados no período.

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“Nossa expectativa é que o custo de crédito possa ter chegado aí no pico e a gente já espera uma despesa de PDD [provisões para devedores duvidosos] mais estável para os próximos dois trimestres. Evidente que está sujeito a eventos no atacado”, afirma Maluhy.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados