ITUB4 em alta: Itaú fecha 2023 com chave de ouro e fortes dividendos – e mais está por vir

Resultado não trouxe tantas surpresas, mas mostrou consistência do banco, com analistas reiterando visão positiva para ITUB4

Lara Rizério

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Boa qualidade de resultados, fortes dividendos, guidance para 2024 construtivo e ainda anúncio de novo programa de recompra de ações. Ao checar “todas as caixinhas”, o que se vê é mais uma vez um conjunto de números de destaque para o Itaú (ITUB4), que segue entre os preferidos dos analistas entre os “bancões” brasileiros. Com os dados apresentados e o dia de ganhos da Bolsa brasileira, o papel ITUB4 subiu expressivos 4,29%, fechando a R$ 34,79 a sessão desta terça-feira (6).

O lucro líquido recorrente do banco totalizou R$ 9,4 bilhões, com crescimento de sólidos 4% na base trimestral e de 22,6% ano a ano, levemente acima das expectativas do mercado em 1,6%. A rentabilidade (ROE) permaneceu consistente em níveis elevados acima de 20%, atingindo 21,2%, um aumento de 0,1 ponto percentual (p.p.) na comparação trimestral e de 1,9 ponto frente o 4T22, superando consideravelmente o desempenho de seus pares no setor.

Com isso, os números gerais seguiram uma tendência positiva, e o guidance para 2023 foi parcialmente cumprido, com exceção do crescimento da carteira de crédito. Ela cresceu tímidos 3,1% ao ano, portanto abaixo do ponto mínimo da projeção (5,7%-8,7%), ressalta a XP. Cabe destacar que, desde agosto, o banco opera com a descontinuidade da operação na Argentina. Como resultado, a carteira da LatAm caiu 8,0% ano a ano e 1,8% sequencialmente. Por outro lado, o banco teve crescimento em todos os segmentos no Brasil: Pessoas Físicas (+4,1% na base anual), PMEs (+3,5%), e Grandes Empresas (+8,7%).

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A qualidade dos ativos manteve-se forte, com o índice de inadimplência (NPL) acima de noventa dias diminuindo para 2,8% (-20 pontos-base frente o 3T23), atingindo o nível mais baixo dos últimos cinco trimestres. A receita líquida de juros (NII, na sigla em inglês) acelerou em comparação com o trimestre anterior, atingindo R$ 27,1 bilhões no 4T23 (aumento de 9% ano a ano, mas 1% abaixo do esperado pela casa).

Para o Goldman Sachs, a expansão da margem financeira líquida e a melhor qualidade dos ativos (principalmente do varejo) foram os principais pontos positivos, enquanto o aumento das despesas operacionais foi o principal fator negativo. Para a Genial Investimentos, o resultado foi beneficiado por um bom desempenho da receita líquida de juros (NII) e receita de tarifas, acrescido de uma redução no custo de crédito. Ademais, há uma melhor tendência nos indicadores de inadimplência, apresentando uma melhora trimestral e anual, impulsionado pelo segmento de pessoa física, enquanto o tímido crescimento da carteira de crédito foi o ponto negativo.

Olhando os indicadores, o Bradesco BBI vê mais um trimestre muito sólido no 4T23, em que destaca a melhoria significativa na qualidade dos ativos, especialmente para empréstimos a pessoas físicas, apesar do ligeiro volume de vendas da carteira, que teve um impacto não material nos principais indicadores de inadimplência. Além disso, embora observe crescimento mais lento dos empréstimos, destaca um melhor mix que tem contribuído para maiores spreads médios.

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Olhando para frente, o banco divulgou seu guidance anual, que não trouxe surpresas significativas, mas pareceu um pouco cauteloso em relação ao crescimento do portfólio no próximo ciclo, avalia a XP.

O maior banco do país incluiu previsão de crescimento de 6,5% a 9,5% da carteira de crédito total para 2024, enquanto estima que a margem financeira com clientes crescerá entre 4,5% e 7,5% e margem financeira com mercado, entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões, após terminar o ano passado com expansão de 12,5% na margem financeira com clientes e com R$ 3,3 bilhões em margem financeira com o mercado. As previsões ainda apontam aumento de 5% a 8% nas receita de prestações de serviços e resultados de seguros neste ano, quando o custo do crédito deve ficar entre R$ 33,5 bilhões e R$ 36,5 bilhões.

Nas estimativas da Genial Investimentos, o guidance disponibilizado leva a uma expansão de 12,8% na base anual no lucro (considerando o meio das projeções), lucro de R$ 40,2 bilhões e um ROE de 21,3% para 2024. Ano passado, o lucro acumulado do Itaú foi de R$ 35,6 bilhões.

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Destaque ainda para o tão esperado dividendo extraordinário divulgado em R$ 11 bilhões (finalmente um dividendo extra, conforme destaca a XP), a R$ 1,125 por ação referente ao exercício de 2023, o que equivale a um dividend yield (dividendo em relação ao preço da ação) de 3,4%, elevando o payout (dividendo em relação ao lucro) do ano para aproximadamente 60%. Em termos de dividend yield, os R$ 21,5 bilhões totais do ano representam 6,6%.

A Genial ressalta que o payout de 60% é um aumento significativo em comparação com os 30% dos últimos anos e tem projeção de um pagamento similar para 2024. “O banco celebra 100 anos em setembro de 2024, o que torna o ano ainda mais propício para uma entrega significativa de resultados”, avaliam os analistas da casa. Além disso, ressalta a XP, o banco introduziu um programa de recompra de R$ 2,5 bilhões.

Com as notícias positivas, as casas de análise reiteraram recomendação de compra para as ações ITUB4, algumas até como top pick, como foi o caso da XP, que tem preço-alvo de R$ 35 por ativo (ainda que com modesto upside de 5%).

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A Genial, ao ver mais um trimestre consistente e um guidance construtivo, reitera recomendação de compra com preço-alvo de R$ 40,60 para o final de 2024 (upside de 22%). “Na nossa avaliação, as ações do Itaú ainda negociam com valuation atrativo, com um P/L [múltiplo de preço sobre o lucro] de 8,2 vezes para 2024 e um P/VP [preço sobre valor patrimonial] de 1,7 vez em 2024.

O Goldman Sachs também possui recomendação de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 39, ou upside de 17%, enquanto o Bradesco BBI tem a mesma recomendação (outperform, desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com target de R$ 41 (upside de 23%). Compilação LSEG mostra que, de 14 casas que cobrem a ação ITUB4, 11 recomendam compra e somente 3 manutenção, ainda que o preço-alvo médio seja de R$ 35,03, um upside limitado de 5% frente o fechamento de segunda.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.