Itaú BBA corta projeção para Ibovespa em 2021, de 152 mil para 120 mil pontos, e ajusta portfólio em meio à “tempestade perfeita”

Com piora do cenário macro e de perspectivas para Selic e IPCA, banco reduziu exposição a nomes de alto crescimento e incluiu empresas mais defensivas

Mariana Zonta d'Ávila

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Diante da deterioração do cenário macro brasileiro, com riscos fiscais e políticos, além de pressão inflacionária e aumento dos juros, o Itaú BBA optou por cortar sua projeção para o Ibovespa ao fim de 2021, de 152 mil para 120 mil pontos, em relatório chamado “A tempestade perfeita – ajustando o nosso portfólio de compra em Brasil” (em tradução livre). A estimativa implica potencial de alta de 3,3% em relação aos patamares atuais.

Em relatório, o banco cita a piora das estimativas do mercado financeiro com relação à taxa Selic e à inflação. No relatório Focus, do Banco Central, a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 subiu de 5,44%, em junho, para 8%, no levantamento mais recente. Já a Selic deve encerrar o ano em 8%, frente projeção de 5,75% em junho.

Os riscos fiscais também vêm aumentando, escreve o Itaú BBA, dada a dificuldade em reconciliar o teto de gastos com gastos dos precatórios, e a pressão para expandir o Bolsa Família. O banco também diz que o cenário hídrico deve pressionar as tarifas de energia, por conta do uso de termelétricas.

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Um racionamento este ano, contudo, não é o cenário-base da casa, apenas se as chuvas continuarem em níveis baixos; situação em 2022 dependerá da estação chuvosa, que começa em novembro.

“Olhando para frente, esperamos que os investidores sejam mais seletivos, dado o aumento da percepção de risco com a deterioração das perspectivas macro”, escrevem os analistas Marcelo Sa e Matheus Marques, que assinam o relatório.

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Neste contexto, o Itaú BBA ajustou seu portfólio, reduzindo exposição a nomes de alto crescimento e incluindo empresas consideradas mais defensivas. Dito isso, o banco excluiu da seleção Bradesco (BBDC4), Magazine Luiza (MGLU3) e Méliuz (CASH3), e incluiu Energisa (ENGI11), Eneva (ENEV3) e WEG (WEGE3).

“Nossa carteira recomendada de Brasil estava apostando em uma forte recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e que o Federal Reserve demoraria mais para iniciar o ciclo de alta [de juros]. Ficamos mais negativos sobre a perspectiva macro do Brasil e agora estamos ajustando nosso portfólio”, justifica a dupla.

Embora os analistas concordem com o movimento estratégico do Meliúz de lançar um novo aplicativo com seu próprio cartão de crédito em 2022, avaliam que o ímpeto de ganhos de curto prazo será fraco. “Não há incentivo para oferecer novos cartões de crédito agora, pois estaria compartilhando ganhos com seus parceiros”, escrevem.

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Para o Magalu, a perspectiva do Itaú BBA é de que o ritmo de crescimento da companhia desacelere substancialmente, dado as bases de comparação mais fortes em 2020.

Já em Bradesco, o time de análise rebaixou as ações do banco para market perform (em linha com a performance do mercado) após resultados mais fracos que o esperado no primeiro semestre e um cenário macro mais desafiador.

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Novos nomes na seleção

Com relação às novas inclusões, a recomendação de WEG se baseia em seu “impecável histórico de resultados sólidos e elevados retornos impulsionados por uma estratégia clara de longo prazo”, bem como um balanço saudável que permite à empresa buscar oportunidades de crescimento orgânico e inorgânico.

De acordo com a dupla de analistas, os resultados do segundo trimestre seguem a visão positiva do Itaú BBA, com crescimento significativo ano sobre ano, mesmo com pouco ou nenhum impacto da pandemia no segundo trimestre de 2021.

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“Olhando para o futuro, destacamos o desempenho da empresa no exterior, com ganhos potenciais de participação de mercado nos EUA, Europa e Ásia no longo prazo. Em um horizonte mais curto, os investidores devem monitorar a carteira de pedidos de ciclo curto e longo e o impacto das mudanças regulatórias nos negócios de geração solar distribuída e no fluxo de notícias relacionadas a aquisições”, escrevem Sa e Marques.

A tese da recomendação de Energisa, por sua vez, está baseada na avaliação de que a companhia é um nome defensivo de alta qualidade, negociado a um valuation “bastante atrativo”.

Segundo o Itaú BBA, a empresa está em um momento positivo devido ao impacto da alta do IGP-M na “parcela B”, além de a companhia ser protegida, do ponto de vista regulatório, da alta da inflação.

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“A Energisa está negociando com grande desconto em relação à Equatorial, sua principal concorrente. Esperamos que o desconto seja reduzido devido à recente mudança da Equatorial para o setor de saneamento”, escrevem os analistas.

Por fim, o time vê a Eneva como o melhor veículo para enfrentar a desafiadora crise hídrica. O banco elevou na terça-feira (14) sua recomendação para a companhia para outperform (performance acima da média do mercado) e elevou o preço-alvo para as ações da companhia de R$ 15 para R$ 18,60. Leia mais aqui.

Na visão do Itaú BBA, os volumes não contratados da elétrica se beneficiarão dos preços extremamente altos da energia em 2021 e 2022 e das “enormes oportunidades” de crescimento que o banco espera para a empresa, com concorrência relativamente baixa.

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