Itaú BBA projeta Ibovespa a 118 mil pontos em 2023 e faz mudanças na lista de ações preferidas

Cenário macroeconômico deve guiar índice ao longo do ano, apontam estrategistas; na carteira de ações, Eletrobras foi excluída e SLC entrou

Felipe Moreira

(Getty Images)

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Valuation atrativo, mas com outras opções nos mercados emergentes chamando a atenção, como China e México. Com esse cenário, o Itaú BBA revisou as suas projeções para o Ibovespa em 2023, projetando o índice a 118 mil pontos, um patamar apenas 3,35% acima do fechamento da última quinta-feira (26) e 7,5% superior ao fechamento do ano passado. A projeção anterior era de 110 mil pontos ao fim de 2022 (o benchmark da Bolsa encerrou o ano passado a 109.734 pontos).

As perspectivas para as ações domésticas neste ano parecem desafiadora dadas as altas taxas de juros e as incertezas fiscais, mas os estrategistas do BBA acreditam que há possibilidade de maior ânimo para o mercado acionário caso o novo governo anuncie medidas confiáveis ​​para reduzir o déficit fiscal e manter sob controle a relação dívida bruta/PIB.

Segundo o BBA, investidores seguirão monitorando de perto a política fiscal do novo governo, dadas as implicações para as taxas de juros, inflação e câmbio.

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Nesse contexto, analistas apontam que o fluxo de notícias do cenário microeconômico não está ajudando a animar os investidores. Entre elas estão: possíveis mudanças nas leis que regem as estatais e na Lei de Saneamento, notícias sobre possível reversão da privatização da Eletrobras (ELET3;ELET6), o que os analistas consideram muito improvável, além do debate sobre o papel dos bancos públicos no mercado de crédito e possíveis mudanças na política de preços de combustíveis da Petrobras (PETR3;PETR4), entre outros.

Do lado positivo, o BBA considera que uma reforma tributária mais ampla, que aumente a produtividade, assim como uma nova política ambiental, podem ser avanços importantes, de forma a atrair mais investimento estrangeiro nos próximos anos.

O banco lembra que, desde novembro, vem aumentando a participação em ações de commodities e reduzindo participação em empresas mais afetadas pela alta dos juros, dada a visão mais negativa para a dinâmica da Selic (com juros altos por mais tempo) e mais construtiva com a China.

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O BBA optou por incluir SLC (SLCE3) e remover Eletrobras (ELET3) de sua carteira de ações para o Brasil.

Os analistas preveem para a SLC forte crescimento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, na sigla em inglês) com preços sólidos de grãos, bons volumes devido ao aumento da produtividade e menores custos de fertilizantes (especialmente para 2024). Além disso, vê o valuation como atrativo, com a ação negociando abaixo da média histórica.

A saída de Eletrobras ocorre dada a visão mais cautelosa com preços de energia e GSF (medida do risco hidrológico que avalia a relação entre o volume de energia produzido e a garantia física – capacidade de geração média – de cada usina hidrelétrica).

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“A nosso ver, os preços continuarão muito baixos em 2023 e 2024, afetando negativamente a Eletrobras, dada a grande quantidade de energia não contratada”, avaliam os analistas.

As ações de Suzano (SUZB3), Assaí (ASAI3), Mercado Livre (MELI34), B3 (B3SA3), Equatorial (EQTL3), Sabesp (SBSP3), PRIO (PRIO3), Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4) completam a lista. Nos últimos 12 meses, o portfolio do BBA teve alta de 13,3%, versus avanço de 1,8% do Ibovespa.