Itaú BBA corta projeção do Ibovespa para 90 mil pontos em 2020 e lista ações favoritas

Carteira de estratégia inclui seis nomes que consideram mais defensivos e também grupo de empresas que se beneficiariam da recuperação pós-crise

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa já subiu 24% (sem contar a forte alta desta sessão) em relação à mínima registrada no fechamento de 23 março de 2020, no auge da aversão ao risco do mercado. Porém, essa recuperação é sustentável?

Na visão da equipe de estratégia do Itaú BBA, não. Em relatório, o banco cortou a projeção para o Ibovespa de 94 mil pontos para 90 mil pontos, após ter diminuído mais drasticamente a expectativa em 24 de março para o benchmark da bolsa de 132 mil para 94 mil pontos. Porém, vale destacar que esse target ainda representa uma variação positiva de 13,93% frente o fechamento de sexta-feira (17).

Os estrategistas Marcos Assumpção, Jorge Gabrich e André Dibe apontaram que revisões adicionais para baixo em estimativas de lucro são esperadas e veem o lucro das empresas do Ibovespa contraindo
9,5% em 2020. Eles ainda alertam: “Pode piorar antes de melhorar”.

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Os fatores positivos para o mercado de ações no Brasil, na visão dos estrategistas, parecem estar em risco por três fatores em especial: i) o crescimento do PIB no Brasil provavelmente sofrerá os efeitos da crise do Covid-19, o que ganha destaque com a dependência do país no setor de serviços; ii) o forte esforço fiscal nos últimos os anos será revertido com as medidas necessárias para mitigar o impacto do coronavírus; e iii) o fato da agenda de reformas ter perdido força enquanto o risco político aumentou com visões conflitantes entre os poderes Executivo e o Legislativo.

Além disso, reforçam o ceticismo dos estrangeiros, destacando que os fluxos de capital para a bolsa sugerem um rali atual de baixa convicção liderado por locais, particularmente por pessoas físicas. “Acreditamos que o gatilho para um fluxo estrangeiro mais consistente seria uma perspectiva mais clara de crescimento e reformas, o que parece improvável no curto prazo”.

Assumpção, Gabrich e Dibe apontam que a avaliação é de que a maioria dos gerentes de portfólio estão ancorados na expectativa de uma forte recuperação do PIB em 2021, após a contenção da crise com a pandemia. “No entanto, uma falha na concretização desse cenário pode levar o Ibovespa a testar novas mínimas nos próximos meses”, avaliam.

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Em meio ao cenário político menos benigno e perspectiva de queda nos lucros, os estrategistas elevaram a projeção de custo de capital (que os analistas fundamentalistas chamam de “Ke”, ou o custo para captação de dinheiro) em 20 pontos-base, para 12,2%. Com a contração provável dos ganhos, o Itaú BBA agora vê o Ibovespa com um múltiplo de preço sobre o lucro de 12,7 vezes esperado para doze meses, ainda assim acima dos níveis históricos.

Com relação aos setores, sobre os bancos brasileiros, que correspondem a 31% do Ibovespa, a expectativa é de uma contração dos lucros entre 30% e 40% na comparação anual, principalmente devido a maiores provisões para perdas com empréstimos. Já para commodities, que correspondem a 28% do Ibovespa, há menores riscos de revisões negativas, uma vez que o preço mais baixo pode ser compensado por um real mais fraco (expectativa de dólar a R$ 4,60 para o fim de 2020).

JPara as empresas de consumo doméstico (41% do índice), os estrategistas veem maiores riscos para os lucros, com a extensão das medidas de isolamento social até o início de maio afetando negativamente a demanda em vários setores, desde serviços públicos até varejo discricionário. “Este cenário levará a uma contração de lucro de 9,5% para o Ibovespa, contra nosso cenário anterior de queda de 1%”, apontam.

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Por conta desse cenário, a carteira de estratégia inclui seis nomes que consideram mais defensivos, devido a uma visão mais cautelosa sobre o crescimento do PIB e a potencial deterioração dos aspectos fiscais e políticos. Tratam-se das seguintes ações: CPFL (CPFE3), Vale (VALE3), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), JBS (JBSS3) e Petrobras (PETR4).

Ainda assim, o Itaú BBA também tem exposição a empresas que se beneficiariam da recuperação pós-crise, que são Lojas Renner  (LREN3), Hapvida (HAPV3), Multiplan (MULT3) e Localiza (RENT3). “Estamos mantendo nossa estratégia de escolher as empresas líderes em seus respectivos setores cuja maior eficiência, menor alavancagem e altas posições de caixa os ajudarão a navegar melhor na crise”, destaca o Itaú BBA.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.