IRB, Itaú, Gol, Minerva e mais: o que os analistas acharam dos resultados que movimentam esta quarta-feira

Analistas destacam o novo trimestre de ajustes para o IRB, os números sem tanto brilho da Gol e a queda das provisões do Itaú no terceiro trimestre

Lara Rizério

(Artem Peretiatko/ Getty Images)

Publicidade

SÃO PAULO – A sessão foi de ganhos generalizados para o Ibovespa nesta quarta-feira (4) com os investidores atentos à apuração das eleições nos EUA.

Contudo, por aqui, os investidores também repercutiram a temporada de resultados, com destaque para os números do IRB, cuja ação é a maior queda do Ibovespa no ano com baixa superior a 82%, além de Itaú, Gol e mais companhias. Confira as análises:

IRB (IRBR3, R$ 6,23, -2,66%)

O IRB Brasil teve prejuízo líquido de R$ 229,8 milhões de reais no terceiro trimestre, 11,6 vezes superior ao dado negativo de um ano antes, de R$ 19,7 milhões, mas 66,4% abaixo da perda de R$ 685,1 milhões de reais no segundo trimestre.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

“O resultado reflete especialmente a aceleração nos avisos de sinistros internacionais, explicados pelo momento de incertezas na economia e na companhia”, afirmou em nota o presidente-executivo interino e presidente do conselho de administração da resseguradora, Antônio Cássio dos Santos.

“Acreditamos alcançar números positivos no próximo ano, com a melhoria de prêmios especialmente em grandes riscos, como nos setores de petróleo, patrimonial e rural”, estimou, acrescentando que, quando excluídos contratos descontinuados, o terceiro trimestre teve lucro líquido de R$ 149,4 milhões.

De julho a setembro, os prêmios emitidos somaram R$ 2,976 bilhões, marginalmente abaixo do mesmo período de 2019, mas acima dos R$ 2,543 bilhões no trimestre anterior. O índice de sinistralidade total alcançou 96,2%, de 90,5% no mesmo intervalo do ano passado e de 135,3% no segundo trimestre deste ano.

Continua depois da publicidade

O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) ficou negativo em 20%, também mostrando piora na comparação com igual intervalo do ano passado (-1,9%), mas recuperação frente aos três meses imediatamente anteriores (-83,3%).

O IRB Brasil RE disse que, após a capitalização concluída em agosto de 2020, terminou o terceiro trimestre de 2020 com excesso de capital regulatório de R$ 1,5 bilhão, o que equivale a um índice de solvência regulatória de 182,4%, ao mesmo tempo em que o índice de solvência total da alcança o patamar de 259,5%.

Em 30 de setembro, o desenquadramento total da liquidez regulatória somou R$ 1,97 bilhão, excluindo captação de debêntures de R$ 597 milhões em outubro e já em caixa, nem R$ 793 milhões em conta remunerada em dólares no exterior, utilizados para garantir as provisões das cedentes do exterior.

Na visão de analistas do Safra, os resultados do IRB no terceiro trimestre ainda foram negativos, conforme antecipado pelos números não auditados da Susep publicados até agosto. “Mesmo assim, considerando apenas os negócios restantes, os números do IRB mostram alguma recuperação”, destacaram em relatório chamado “um novo trimestre de ajustes”.

Contudo, eles afirmaram que ainda é cedo para afirmar se os ajustes no resultado já passaram. “Por isso mantemos nossa visão cautelosa”, acrescentaram, reiterando recomendação neutra com preço-alvo para o final de 2021 em R$ 7,8 por ação.

O Brasil Plural também destacou que os lucros continuaram pressionados por perdas com baixas de contratos descontinuados não lucrativos – e há incerteza sobre se virão mais. A resseguradora seguiu  não cumprindo as exigências regulatórias de liquidez, ficando aquém de R$ 580 milhões. O plano para cumprir as exigências inclui uma segunda emissão de debêntures de R$ 300 milhões, venda de ativos não financeiros e operações estruturadas para redução de provisões.

“Se excluirmos as operações descontinuadas, as taxas de perda teriam sido de 56% (de 96% relatados) – números muito melhores”, avaliam os analistas do banco, que também possuem recomendação equalweight (exposição em linha com a média do mercado) e preço-alvo de R$ 7,50.

Durante teleconferência com investidores, o IRB apontou que vai começar a discutir a possibilidade de retomar o pagamento de dividendos em 2021, assumindo operações normalizadas. Vale destacar que, em relatório em que destacou os principais pontos da tele, o Morgan Stanley possui recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) com preço-alvo de R$ 34. Contudo, cabe apontar que a última revisão de preço-alvo e de projeções pelos analistas do banco foi em 26 de março de 2020.

Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 25,00, +3,99%)

O Itaú Unibanco registrou lucro de R$ 5,03 bilhões no terceiro trimestre de 2020, 29,7% menor em relação ao mesmo período do ano passado, quando totalizou R$ 7,156 bilhões, devido ao grande colchão contra perdas montado no contexto da pandemia.  Por outro lado, o resultado foi 19,6% melhor na comparação com o segundo trimestre. O resultado ocorre diante de menores despesas de provisão para créditos de liquidação duvidosa, especialmente vindo do banco de atacado do Itaú.

“A melhora de resultados neste trimestre reflete uma sensível recuperação da atividade econômica, ao mesmo tempo em que ainda contempla a necessidade de provisionamento para fazer frente à possibilidade de maior inadimplência no futuro. Este cenário poderá ser atenuado se os agentes de mercado estiverem mais seguros quanto à capacidade do governo de estabilizar a situação fiscal”, afirmou no documento que acompanhou o demonstrativo financeiro do maior banco privado da América Latina, o presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher, que ficará no cargo até fevereiro de 2021, quando será substituído com Milton Maluhy Filho, hoje vice-presidente da área de Finanças do banco.

Maluhy, por sua vez, que agora acompanhará o dia-a-dia do banco ao lado de Bracher, disse que no trimestre houve uma “substancial retomada da atividade econômica”. “Isso se traduziu, no nosso negócio, em um crescimento importante nas receitas de serviços e na concessão de crédito para pessoas físicas e pequenas empresas, essas últimas se beneficiando das linhas incentivadas pelo Governo”, disse.

A carteira de crédito total do banco alcançou R$ 846,994 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 4,3% em relação ao período imediatamente anterior. Ante o mesmo período do ano passado, o aumento foi de 20,4%.

Segundo o banco, destaque para o crescimento das carteiras de crédito imobiliário, de veículos e micro, pequenas e médias empresas; esta última em função da concessão de linhas incentivadas pelo governo como o Pronampe e o FGI BNDES.

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) seguiu impactada pela reforço nas provisões, mas apresentou melhora na relação trimestral. Passou de 13,5% no segundo trimestre para 15,7% no terceiro. Em um ano, estava em 23,5%.

O patrimônio líquido do Itaú era de R$ 130,559 bilhões ao fim de setembro, 3,8% maior em um ano. No trimestre, cresceu 3,3%.

No terceiro trimestre, o maior banco da América Latina ultrapassou a marca recorde de R$ 2,11 trilhões em ativos totais, alta de 21,4% em um ano. No comparativo trimestral, foi visto incremento de 16,9%.

Do lado positivo, além da redução das perdas com devedores duvidosos, a Levante Ideias de Investimentos destaca a melhoria na inadimplência acima de 90 dias, que passou de 2,7% no segundo trimestre de 2020 e 2,9% no terceiro trimestre de 2019 para 2,2% neste segundo trimestre.

O principal destaque negativo, por sua vez, foi a redução na margem financeira com clientes: queda de 4,8% em relação ao segundo trimestre de 2020.

O Bradesco BBI afirmou que os resultados do Itaú estão 14% acima de sua estimativa, e 4% acima do consenso do mercado. O banco elevou a estimativa de ganhos em 5% para 2020 e em 4% para 2021. Assim, manteve a classificação em outperform, e o preço-alvo em R$ 37.

Para o Credit Suisse, o resultado foi neutro a ligeiramente positivo, com o lucro líquido acima do consenso por provisões abaixo do esperado, que mais do que compensaram o desempenho mais fraco de receita líquida de juros (ou NII, na sigla em inglês) .

Do lado positivo, o Itaú tem mostrado tendência de qualidade de ativos melhores do que o esperado e melhores do que os pares, com primeiros sinais positivos dos de empréstimos reperfilados e boa cobertura de novas inadimplências, levando a um fortalecimento ainda maior de seu balanço e indicando que o pico de provisões já passou.

Do lado negativo, o NII com o desempenho dos clientes foi mais uma vez impactado significativamente pela mudança do mix para empréstimos de menor rendimento, levando a um fraco desempenho de receita. “Depois dos resultados do Bradesco e do Santander na semana passada, acreditamos que o mercado já antecipou bastante o ambiente mais positivo para o custo do risco e o cenário mais fraco para o NII”, avaliam os analistas do Credit.

Em teleconferência, Bracher destacou que o banco está contente em ver a significativa recuperação da atividade econômica que houve no segundo semestre, em linha com as melhores expectativas do banco. “Mas é difícil saber o peso que o auxílio emergencial e outros estímulos fiscais tiveram nessa recuperação, e qual será o impacto que a retirada desses recursos terá em 2021”, avaliam os analistas.

As provisões para perdas, na avaliação do CEO, contemplam a possibilidade de não haver reformas estruturais no Brasil no curto prazo, adotando assim cenários conservadores. Ele ainda destacou os desafios do seu sucessor, Milton Maluhy, apontando que os principais nos primeiros anos de gestão do banco são promover a transformação digital do banco e o crescimento em todas as linhas de negócio.

O Itaú ainda anunciou que está em estágio avançado de análise sobre a possibilidade de segregar a participação de 41,05% que tem na XP em uma nova sociedade (“Newco”), além de vender a mercado o equivalente a 5% de participação na XP (veja mais clicando aqui).

Gol (GOLL4, R$ 15,87, +1,60%)

A Gol reportou prejuízo líquido de R$ 1,696 bilhão no terceiro trimestre de 2020, crescimento significativo na comparação com o prejuízo de R$ 171 milhões em igual período de 2019. Em termos recorrentes, o prejuízo foi de R$ 872 milhões no terceiro trimestre, revertendo resultado positivo de R$ 263,5 milhões de um ano antes.

De forma geral, a empresa ainda foi prejudicada pelos impactos da pandemia covid-19, que deixou em xeque a demanda por voos no trimestre.

O Ebitda ajustado foi de R$ 284 milhões, queda de 75% na comparação anual. A margem Ebitda ajustada foi de 29,1%, contra 30,7% um ano antes.

A receita líquida da empresa no trimestre foi de R$ 975 milhões, queda de 74% em relação ao terceiro trimestre de 2019, mas com crescimento de 172% na comparação com o segundo trimestre.

“A receita mensal iniciou com R$ 240 milhões em julho e terminou com R$ 465 milhões em setembro, representando crescimento de 94% dentro do terceiro trimestre”, disse a empresa, sinalizando uma retomada do seu negócio.

A Gol registrou despesa financeira líquida de R$ 927,1 milhões, aumento de 17,3% na comparação com o terceiro trimestre de 2019.

O crescimento veio em decorrência das perdas em itens como ESN (Exchangeable Senior Notes, ou títulos conversíveis em ações), das despesas com juros de empréstimos e financiamentos (que aumentaram R$ 70,6 milhões) e da queda de ganhos com aplicações financeiras de R$ 23,2 milhões na comparação trimestral.

O impacto negativo foi parcialmente compensado pela variação cambial do período, que foi R$ 149,1 milhões menor em relação ao terceiro trimestre de 2019 e pelas despesas líquidas com derivativos que foram R$ 36,7 milhões inferiores em igual base.

A companhia aérea também anunciou elevação de 100% na oferta de capacidade para o quarto trimestre em relação ao terceiro trimestre e que espera ter uma frota operacional média de 94 aviões no final deste ano, mais de 75% da frota operacional da empresa que estava em atividade em igual período de 2019.

No terceiro trimestre, a frota operacional da empresa era de 122 aviões e a Gol afirmou que espera ter no final do ano 126 aeronaves operacionais, reduzindo esse número para 122 ao final de 2021.

A relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado de 4 vezes ante 2,8 vezes no segundo trimestre. Para os três últimos meses deste ano, a expectativa da empresa é que a alavancagem suba para 6 vezes, avançando a 8 vezes no primeiro trimestre de 2021.

A Gol também estimou que sua liquidez total no quarto trimestre será de cerca de R$ 2,4 bilhões ante R$ 2,2 bilhões no terceiro trimestre, e que no primeiro trimestre do próximo ano será de aproximadamente R$ 2,5 bilhões.

De acordo com o Credit Suisse, o resultado foi sem brilho, com os analistas do banco destacando que a dívida líquida aumentou R$ 665 milhões, para R$ 14,1 bilhões no terceiro trimestre de 2020. A recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 44.

Já o Morgan Stanley, que possui recomendação equivalente, de equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para os ADRs (American Depositary Receipts) da companhia negociados no NYSE, destacando o Ebit ajustado  (excluindo despesas não recorrentes) negativo de R$ 387 milhões, versus estimativa do banco de R$ 317 milhões.

O Bradesco BBI, por sua vez, manteve a recomendação outperform (desempenho acima da média), mas cortou o preço-alvo de R$ 26 para R$ 20. A recomendação é baseada na posição sólida de liquidez da companhia para superar a crise e em decorrência da maior exposição à demanda doméstica, que deve se recuperar primeiro.

TIM (TIMS3, R$ 12,06, +3,61%)

A TIM obteve lucro líquido normalizado de R$ 390 milhões no terceiro trimestre de 2020, queda de 21% em comparação com o mesmo período de 2019.

No entanto, o lucro poderia ter sido 60% maior se não fosse o descasamento na contabilidade de itens tributários, informou a operadora. Isso porque o balanço do terceiro trimestre do ano passado contabilizou a declaração de juros sobre capital próprio, que gerou um crédito fiscal e inflou o lucro naquele período, levando a uma base de comparação mais alta. Em 2020, esse efeito ficou para o quarto trimestre.

A comparação fica mais “limpa” na avaliação do Ebitda, que não considera tais efeitos tributários. O Ebitda normalizado atingiu R$ 2,073 bilhões no terceiro trimestre de 2020, leve crescimento de 0,8% ante o mesmo intervalo de 2019. A margem Ebitda diminuiu 0,2 pontos porcentuais, para 47,3%.

A receita líquida totalizou R$ 4,387 bilhões, aumento de 1,2%. Os custos operacionais foram de R$ 2,314 bilhões, aumento de 1,5%.

De acordo com a Levante Ideias de Investimentos, o principal destaque positivo foi o crescimento de 16,4%  na receita de serviço fixo, que foi puxada pelo ótimo desempenho da TIM Live com crescimento de 29,1% na comparação anual, apontam os analistas. Já a receita de serviços móvel praticamente se manteve na comparação anual, com um crescimento de 0,4% resultando em um crescimento de 1,2% da receita líquida total da companhia.

Outro destaque positivo ficou por conta do crescimento de 9,4% da receita média por usuário (ARPU) de clientes pré-pago e o crescimento de 4,5% no segmento pós-pago.

Contudo, apesar do bom crescimento das receitas fixas, a Levante ressalta que o segmento ainda apresenta uma parte pequena da receita da empresa (6,2% do total). “Porém, vemos com bons olhos o aumento da participação da TIM Live no total desse segmento, atingindo 60,2% e esperamos cada vez mais que esse seja um fonte de crescimento para a companhia”, avaliam.

O Itaú BBA classificou os resultados da TIM como positivos e levemente acima de suas expectativas e do consenso dos analistas, destacando como ponto positivo o aumento da renda com serviços móveis, e como pontos negativos o aumento nos gastos com pessoal e custos maiores de interconexão. O banco classificou as ações como outperform, e preço-alvo de R$ 22.

Na avaliação da Levante, o principal catalisador das ações da TIM e do setor de telecomunicações segue sendo as tratativas para compra do segmento móvel da Oi (OIBR3), novela que deve ganhar novos capítulos em breve.

Minerva (BEEF3, R$ 9,93, +1,09%)

A Minerva Foods informou ter registrado lucro líquido de R$ 58,3 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo um prejuízo de R$ 82,7 milhões reportado em igual período de 2019. O Ebitda alcançou R$ 554,2 milhões, alta de 21,9% sobre os R$ 454,5 milhões verificados no mesmo intervalo do ano anterior. A margem Ebitda foi de 10,8%, ante 10,1% no terceiro trimestre do ano passado.

A receita líquida obtida entre julho e setembro somou R$ 5,137 bilhões, uma alta de 13,9% sobre os R$ 4,511 bilhões obtidos nos três meses do ano passado. No terceiro trimestre do ano, a receita bruta atingiu R$ 5,437 bilhões, alta de 13,5% na comparação interanual. Do total, a divisão Brasil foi responsável por 48% da receita bruta, o equivalente a R$ 2,6 bilhões, e Athena Foods, por 44% do total, isto é, R$ 2,4 bilhões.

O índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 2,2 vezes, o menor patamar dos últimos 12 anos, segundo a companhia. Um ano antes, o índice era de 3,8 vezes. Ainda segundo a empresa, o fluxo de caixa livre no trimestre, após despesas financeiras, capex e capital de giro, totalizou R$ 595,4 milhões, resultado positivo pelo décimo primeiro trimestre consecutivo, de acordo com a empresa.

O presidente da companhia, Fernando Galetti, disse, em comunicado divulgado pela Minerva, que a pandemia do coronavírus continua impondo uma série de dificuldades para a economia global, mas as perspectivas seguem positivas para o setor até o final do ano. Ele citou a demanda internacional aquecida e a permanência da peste suína africana. “Os problemas na oferta de outros exportadores de carne bovina devem beneficiar diretamente os players da América do Sul”, acrescentou.

Conforme destaca a Levante, os principais pontos positivos foram: i) a receita líquida  acima das expectativas; ii) o Ebitda e o iii) o anúncio de pagamento de dividendo de R$ 0,25 por ação (retorno em dividendos de 2,6%).

Os destaques negativos foram: i) o desempenho da divisão Brasil, com taxa de utilização das unidades de abate abaixo da linha dos 70% e desempenho pior no relativo à Athena Foods (América Latina) e ii) seu resultado financeiro, abaixo do esperado devido à linha de derivativos, que acabou impactando negativamente a margem líquida do trimestre.

De acordo com o Itaú BBA, a expectativa é de que a lucratividade continue elevada para o Minerva no médio prazo, uma vez que a demanda chinesa continuará no mercado de carne bovina. O forte impulso de médio prazo, juntamente com a forte desalavancagem da Minerva nos últimos trimestres, reforça a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os papéis BEEF3.

Iochpe-Maxion (MYPK3, R$ 13,43, -5,42%)

A fabricante de componentes automotivos Iochpe-Maxion apresentou prejuízo de R$ 18,9 milhões no terceiro trimestre de 2020, revertendo lucro líquido de R$ 124,8 milhões no mesmo período do ano anterior. O resultado sofreu influência de impairment e reestruturação de R$ 33,3 milhões, além de R$ 10 milhões em contribuição previdenciária, de acordo com decisão do Supremo em setembro.

Sem esses impactos, a empresa teria registrado lucro líquido de R$ 14,4 milhões.

O Ebitda foi 38% menor em comparação ao mesmo período do ano anterior, chegando a R$ 207,7 milhões. A receita operacional líquida recuou 1,1% no ano, chegando a R$ 2,514 bilhões.

O Bradesco BBI afirmou que o lucro Ebitda da Iochpe-Maxion supera em 26% suas estimativas, e em 22% as estimativas do mercado. O banco manteve a avaliação em outperform (expectativa de valorização acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 20, frente preço anterior de R$ 14,20.

Para a Levante, o resultado da Iochpe-Maxion foi dentro do esperado, mas a emprega vem entregando números satisfatórios em meio à crise que se abateu sobre o setor e com a entrega de um plano robusto de redução de despesas e otimização de suas plantas.

A “parte de cima” do resultado veio regular, com i) ligeira redução de receitas em linha com as estimativas e ii) queda na margem bruta, impactada principalmente pelo câmbio desfavorável, que impacta além das matérias primas a remuneração dos funcionários das fábricas que estão no exterior e tem sua remuneração em moeda outras moedas.

A companhia apresentou uma queda expressiva nas despesas operacionais que tiveram uma redução de 1,3% em reais. Excluindo a variação cambial, essa redução teria atingindo 21,8%.

Contudo, apesar dos números em linha com o esperado, a alavancagem financeira da empresa, que se encontra em 7 vezes a relação entre a dívida líquida e o Ebitda, continua elevada. A empresa conseguiu a renegociação de algumas cláusulas de vencimento antecipado de suas dívidas com alguns credores, porém o cenário continua desafiador.

“O cenário turbulento para o mercado de veículos parece ter ficado para trás, com a empresa mostrando recuperação em suas vendas, principalmente nos mercados da América do Norte e da Ásia. Esse cenário um pouco menos negativo com a continuidade na política de redução de despesas e otimização de suas plantas pelo mundo pode trazer algum alívio e acelerar o processo de redução na sua alavancagem. Porém, o cenário segue desafiador”, avaliam os analistas.

Marcopolo (POMO4, R$ 2,50, +2,88%)

A fabricante de ônibus Marcopolo divulgou na terça-feira um prejuízo líquido de R$ 57,4 milhões no terceiro trimestre de 2020, frente lucro de R$ 22,8 milhões no mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2020, a empresa registra prejuízo de R$ 45,4 milhões.

A empresa produziu 3.442 unidades no terceiro trimestre, das quais 3.064 foram no Brasil, 7,1% menos do que no mesmo período de 2019. A empresa afirma que a demanda foi prejudicada pela pandemia de covid.

A margem líquida da empresa foi negativa em 6,9%, frente 15,9% no mesmo período do ano anterior. O resultado financeiro líquido foi de R$ 24 milhões negativos, frente R$ 25,5 milhões negativos no mesmo período do ano anterior.

A receita líquida atingiu R$ 836,5 milhões no mesmo período, um recuo de 22,6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. No acumulado do ano, a receita é de R$ 2,55 bilhões, queda de 18,2% frente 2019. O lucro Ebitda foi negativo em R$ 23,8 milhões. No mesmo período do ano anterior, o Ebitda fora de R$ 60,2 milhões positivos. Nos nove primeiros meses de 2020, o Ebitda foi de R$ 119 milhões. A margem Ebitda foi negativa, em 2,8%, frente margem positiva de 5,6% no ano anterior.

Para o Credit Suisse, os resultados da Marcopolo mostraram progresso e a companhia colhe os frutos do “virada”. Porém, o mercado de ônibus ainda permanece bastante desafiador como consequência do Covid-19 e “a estrada para a recuperação parece bastante árdua”.

Os analistas do banco ainda destacam que as fábricas voltaram a funcionar quase aos níveis normais, com volumes mostrando alta de 47% na base trimestral, mas ainda em queda de 13% na base anual.  Os ônibus urbanos e intermunicipais foram os mais afetados e devem passar por um longo processo de recuperação. “No lado positivo, a Marcopolo deve sair da crise com muitos aprendizados e possivelmente uma empresa mais eficiente. A companhia também se beneficia da depreciação do real dado as vendas nos mercados externos. O destaque positivo do resultado foi a geração de caixa (dada a redução de capital de giral) com R$ 150 milhões no trimestre”, apontam os analistas.

PetroRio (PRIO3, R$ 32,23, -0,62%)

A PetroRio apresentou prejuízo líquido de R$ 110,599 milhões no trimestre, ante prejuízo líquido de R$ 101,265 milhões de um ano antes.

O Ebitda somou R$ 308,9 milhões no período, avanço de 63% na comparação anual. Segundo a companhia, o principal destaque do trimestre mais uma vez foi a redução no lifting cost por barril, que apresentou melhora pelo sétimo trimestre consecutivo no período. O indicador registrou uma redução para US$ 12,8/barril, representando uma melhora de 44% em relação ao registrado um ano.

A receita líquida da companhia no trimestre chegou a R$ 488,696 milhões, alta de 22% na comparação anual. Em três meses, a dívida líquida da PetroRio caiu de R$ 1,46 bilhão para R$ 1,34 bilhão. Já a relação entre a dívida líquida/Ebitda, passou de 2,1 vezes ao final de junho para 1,9 vez em setembro.

ABC Brasil (ABCB4, R$ 12,61, -0,71%)

O banco ABC Brasil reportou queda de 40,3% no lucro líquido recorrente no terceiro trimestre de 2020, que foi a R$ 73,5 milhões. O retorno sobre patrimônio médio recorrente foi de 7,1%, frente 12,5% no ano anterior.

O banco atribuiu a queda do lucro ao aumento das despesas de provisão como reação à pandemia, e à queda do patrimônio líquido remunerado a CDI. O banco também afirmou que os resultados sofreram influência do aumento do Imposto de Renda e Contribuição Social no período.

A carteira de crédito expandida do ABC Brasil fechou setembro em R$ 32,9 bilhões, alta de 2,7% frente o trimestre anterior, e alta de 16,6% em 12 meses. As parcelas com atraso de mais de 90 dias eram 0,4% do total de empréstimos, frente 0,9% no mesmo período do ano anterior.

A receita de serviços atingiu R$ 68,3 milhões, alta de 17,4% frente o trimestre anterior. E queda de 10,8% frente o mesmo período do ano anterior.

Os analistas do Itaú BBA possuem recomendação outperform para a ação, com preço justo de R$ 20 para 2021.

Confira a recomendações das casas de análises para as ações, segundo compilação feita pela Refinitiv:

Empresa Ticker Recomendações de compra Recomendações neutras Recomendações de venda
IRB IRBR3 1 3 4
Itaú ITUB4 8 6 0
Gol GOLL4 4 3 2
TIM TIMS3 8 1 0
Minerva BEEF3 6 4 0
Iochpe-Maxion MYPK3 8 3 0
Marcopolo POMO4 2 4 3
ABC Brasil ABCB4 4 3 0

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Você sabe o que é 3×1? Assista de graça a estratégia de opções que busca triplicar o capital investido em um mês

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.