IRB (IRBR3): três boas notícias fecham mês de alta de 41,5% das ações; luz no fim do túnel chegou para a companhia?

Analistas veem boas notícias para a empresa, mas ainda mostram cautela com solvência regulatória ainda apertada e à espera de mais números

Lara Rizério

IRB Brasil (Foto/Reprodução: Youtube)

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As últimas sessões foram movimentadas e consideradas positivas para o IRB (IRBR3), que encerra o mês de abril com ganhos de 41,5%. Apenas nesta sessão, as ações avançaram 11,40%, a R$ 31,47.

Três notícias positivas impulsionaram a resseguradora nestes últimos dias de abril, levantando estimativas mais otimistas para a ação, ainda que haja muita cautela da maior parte dos analistas que cobre o papel.

A última notícia foi a confirmação da volta da empresa à próxima carteira do Ibovespa, que vigora entre maio e agosto, após a companhia ter realizado grupamento de ações no início deste ano, fazendo com que ela voltasse a operar acima de R$ 1 (um dos critérios para elegibilidade ao índice).

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Cabe ressaltar que a entrada de uma ação no Ibovespa, o benchmark da Bolsa brasileira, acaba por impactar positivamente a cotação por conta do aumento do interesse dos investidores nesses ativos, além do impacto do fluxo de fundos passivos.

Mas não foi só essa a boa notícia para a resseguradora nos últimos dias.

No último dia 24, a empresa informou que reverteu prejuízo de R$ 50,9 milhões registrado em fevereiro do ano passado com um lucro de R$ 14,3 milhões no mesmo mês deste ano, segundo dados divulgados pela companhia na segunda-feira. Em janeiro, o lucro tinha sido de R$ 9 milhões.

O Citi apontou que os números foram ajudados por melhores resultados financeiros de R$ 71 milhões. A sinistralidade ficou em 82%, em linha com fevereiro de 2022, mas ainda um aumento sequencial em relação aos 74% reportados em janeiro.

O banco destacou que a boa notícia sobre os dados de fevereiro é que o resultado acumulado em dois meses está atualmente em R$ 23 milhões, o que alivia marginalmente as preocupações em termos de capital/ liquidez para o trimestre. Os analistas estimam um lucro líquido de R$ 59 milhões para o 1T23.

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O BTG Pactual ressalta ainda que, multiplicando o resultado de janeiro e fevereiro de R$ 23 milhões por 1,5 (de forma a “estender” o resultado para o trimestre), estima R$ 35 milhões de lucro líquido do primeiro trimestre de 2023 (40% acima de suas estimativas, ante praticamente zero da estimativa do consenso).

Os prêmios auferidos diminuíram 24% na base de comparação mensal, principalmente devido à menor subscrição internacional, mas os prêmios ganhos aumentaram 1% na mesma base de comparação.

As despesas com sinistros cresceram 10% frente janeiro, para R$ 344 milhões, resultando em uma sinistralidade de 82% no mês, um aumento de 7,3 pontos percentuais. Enquanto isso, os custos de aquisição aumentaram 5% no mês, mas opex (despesa operacional) diminuiu 16%.

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O IRB reportou um ganho financeiro de R$ 72 milhões (+106% na base mensal). Como resultado, o EBT (lucro antes de impostos) melhorou 5 vezes, para R$ 28 milhões, revertendo a perda de R$ 90 milhões em fevereiro do ano passado.

“Em nossa visão, o 2T pode ser ainda melhor do que o 1T, dado que a sinistralidade do segmento rural tem sido melhor do que o esperado com base nas tendências/resultados mensais mais recentes da BB Seguridade (BBSE3)”, apontou o BTG. O BTG cita ainda que, em reunião recente com o CFO da BB Seguridade, o executivo destacou que os resultados de 2023 das resseguradoras no setor agro no Brasil devem ser muito melhores do que no ano passado (que foi um ano muito fraco).

Além disso, em terceiro lugar, o IRB também divulgou um fato relevante após o fechamento do mercado na segunda-feira, informando que celebrou com o United States Justice Department (DOJ) um acordo denominado Non-Prosecution Agreement (NPA), tendo por objeto principal a informação inverídica de que o Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett, integraria a base acionária da companhia, divulgadas, em território americano, entre fevereiro e março de 2020.

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O IRB pagará US$ 5 milhões de acordo com os termos, condições e prazos acordados no NPA. O acordo não prevê qualquer sanção pecuniária ou desembolso de outras quantias relativas aos fatos em apreço. Como resultado do acordo, o IRB continuará a cooperar com o DOJ para melhorar seus controles internos, governança e conformidade e estará sujeito a obrigações de monitoramento e relatórios periódicos por até 3 anos.

“Ouvimos investidores falando sobre vários ‘tamanhos de multas’ nos últimos seis meses, incluindo números superiores a 10 vezes o valor anunciado, então acreditamos que o acordo ajuda a reduzir um risco significativo de cauda”, apontam os analistas.

Já o Citi avalia que, embora o valor de US$ 5 milhões seja bastante pequeno e elimine/reduza o risco de litígio, o IRB tem lutado para operar no azul e sua posição de capital é muito apertada, então mesmo esses US$ 5 milhões podem fazer a diferença na suficiência de capital nos próximos meses.

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Ainda neutros, mas mais otimistas

O Citi tem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 25. Os analistas ressaltam que, apesar da melhora dos números, ainda veem a empresa caminhando na “corda bamba” quanto ao atendimento das exigências de capital nos próximos trimestres.

Outra casa que possui esta recomendação é o JPMorgan, que também reforça que os índices de solvência regulatória ainda estão em patamares desconfortáveis, ainda que o cenário-base no momento não seja de que a companhia tenha que fazer um novo aumento de capital. Os analistas do JP destacaram manter preferência no setor por BB Seguridade (BBSE3) e Porto (PSSA3).

Os analistas do BTG, por sua vez, apontaram seguirem neutros/cautelosos, mas avaliam que o momento pode ter mudado para a empresa.

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“Com uma posição de capital muito apertada, o IRB normalmente buscaria outro aumento de capital. No entanto, o baixo apetite dos atuais stakeholders indica que isso só seria uma opção caso o capital regulatório caísse abaixo do mínimo,
obrigando-os a fazê-lo. Com os últimos meses mostrando números positivos, um segundo trimestre potencialmente melhor e uma ‘pequena’ multa do DOJ, pode-se argumentar que o IRB está em melhor forma”, avaliam os analistas do banco.

Para eles, o caminho provavelmente ainda é difícil e o IRB provavelmente também será uma empresa menor do que antes, sendo que a “lucratividade sustentável” ainda é um ponto de interrogação. “Porém, a luz no fim do túnel parece estar cada vez mais próxima”, aponta.

Assim, os analistas permanecem neutros/cautelosos na tese, com preço-alvo de R$ 21 por ação, devido à baixa visibilidade e ao balanço esticado, mas não descartam que a ação continue sua alta vista nas últimas semanas.

De acordo com compilação da Refinitiv, as seis casas que cobrem a ação possuem recomendação neutra para o ativo, com preço-alvo médio de R$ 29, ou uma leve alta de 2,7% em relação ao fechamento de quinta-feira (28).

O próximo catalisador a ser observado é o resultado do primeiro trimestre e as sinalizações dadas pela gestão da companhia em teleconferência com o mercado. O balanço da companhia será divulgado dia 15 de maio, após o fechamento do mercado.

Além das visões dos outros bancos, a Genial Investimentos destacou esperar que o 1T23 do IRB mostre um resultado positivo, revertendo a situação de prejuízo de 2022.

“Apesar da retomada do lucro, esperamos que o resultado operacional ainda seja negativo com um índice combinado acima de 100%, sendo o lucro líquido composto pelo resultado financeiro e imposto. Os dados de janeiro-fevereiro da SUSEP já mostram uma queda forte nos prêmios emitidos em -17% ao ano, porém com aumento em +27% nos prêmios ganhos”, reforçam.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.