IPCA de junho, ata do Fomc e payroll: o que acompanhar na semana

Tudo o que o investidor precisa saber antes de operar na semana

Mitchel Diniz

(Shutterstock)

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A primeira semana cheia de julho já começa mais curta nos Estados Unidos. As Bolsas em Wall Street só reabrem na terça-feira (5), já que nesta segunda se comemoram os festejos de 4 de julho, o feriado da independência americana. Os principais índices de ações fecharam em alta na última sexta, mas os mercados seguem baqueados pelos temores de uma recessão como reflexo da alta de juros que tem sido conduzida pelos principais Bancos Centrais do mundo.

Na quarta-feira (6), o BC americano divulga a ata da mais recente reunião do seu Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Em junho, a autoridade monetária elevou os juros da economia americana em 75 pontos base e a taxa passou a oscilar entre 1,50% e 1,75%. Foi a maior alta desde 1994.

“Com base no resultado da reunião do Fomc de junho, incluindo os sumários de projeções econômicas, suspeitamos que a maioria dos participantes do comitê tenha um caminho de taxa semelhante em mente e procuraremos sinais de confirmação nas atas”, diz análise do BofA.

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É pensando nos próximos passos do Fed que os investidores também vão olhar para os dados de mercado de trabalho americano previstos para esta semana. A maratona de informações começa na mesma quarta-feira, com a divulgação da pesquisa JOLTs, de oferta de empregos. A mediana de projeções dos analistas consultados pela Refinitiv aponta para uma leve queda no número de vagas de trabalho em aberto, de 11,40 milhões em abril para 11,05 milhões em maio.

Já na quinta-feira (7), saem os números da pesquisa ADP, de variação de empregos no setor privado. O consenso Refinitiv aponta para a criação de 200 mil vagas em junho, ante 128 mil em maio.

Por fim, os dados mais importantes saem na sexta-feira, com o payroll. O mercado projeta uma desaceleração na abertura de postos de trabalho, de 390 mil em maio para 270 mil em junho. Para o Morgan Stanley, as aberturas de vagas devem ser impulsionadas pelo setor de serviços, que geralmente é menos sensível ao aperto monetário do que a indústria de produção de bens, como construção e manufaturas.

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“Além do ritmo de criação de vagas de trabalho, a atenção também estará voltada para os números de salário”, destacam os analistas do Bradesco. Nesse quesito, o Morgan Stanley prevê que os ganhos médios por hora trabalhada tenham subido 0,4% em junho na comparação com maio, fazendo com que a a taxa anual de remuneração sofra uma leve queda, de 5,2% para 5,1%. Para a taxa da desemprego, o consenso Refinitiv aposta na manutenção em 3,6%.

Indicadores de inflação e atividade econômica

A escalada global de preços continua preocupando as autoridades e esta semana deve mostrar para onde a inflação está indo em importantes regiões do mundo. Já na segunda-feira (4), será divulgado o índice de preços ao produtor da zona do Euro. A mediana de projeções da Refinitiv aponta para uma alta mensal de 1% em junho e inflação de 36,7% em 12 meses.

A inflação no velho continente pode sinalizar os próximos passos do Banco Central Europeu que, à exemplo do Federal Reserve, não esconde as preocupações com a inflação e se prepara para subir juros em breve.

Na China, que está deixando uma série de lockdowns recentes no passado, os índices de preços ao consumidor e ao produtor serão divulgados na sexta-feira (8) à noite. No mesmo dia, pela manhã, sai o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aqui no Brasil.

Para o IPCA de junho, o consenso Refinitiv projeta uma alta de 0,7% na comparação com maio, levando o índice a acumular 11,9% em 12 meses.

“Esperamos uma taxa maior do que a verificada em maio, especialmente por conta de alimentos e serviços. No acumulado de doze meses a inflação deve seguir próxima de 12%”, diz análise do Bradesco, que projeta alta em linha com o consenso do mercado.

O Itaú prevê alta um pouco maior, de 0,73%, o que levaria a taxa anual para 11,95%. Segundo os analistas, a leitura será pressionada por alimentação doméstica, bens e serviços, refletindo uma dinâmica de inflação bastante disseminada.

“É importante notar que essa leitura é particularmente incerta, com as mudanças tributárias sobre combustíveis, telecomunicação e energia elétrica”, assinala a equipe de análise do banco.

Depois de aprovar a redução das alíquotas, o Congresso se debruça agora sobre a aprovação da PEC que coloca o Brasil em estado de emergência para ampliar e estabelecer novos pacotes de auxílio, como o “voucher” para caminhoneiros e ajuda financeira para taxistas. Ao custo de R$ 41 bilhões, a proposta passou pelo Senado e retorna à Câmara nos próximos dias.

“É uma das principais apostas do governo Jair Bolsonaro para enfrentar a alta dos preços e recuperar sua popularidade. Tendo em vista o apelo eleitoral que a proposta possui e o alinhamento entre a Câmara e o Planalto, seguimos com a visão de que o assunto passará rapidamente também nesta última etapa”, avaliam os analistas da XP.

Outro destaque da agenda brasileira para esta semana é a produção industrial do mês de maio, que será divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (5). O consenso Refinitiv projeta alta de 0,7% na comparação com abril e de 1,2% em relação a maio de 2021.

“A produção industrial de maio deve crescer em relação ao mês anterior, em linha com a expectativa de um crescimento robusto do PIB no trimestre encerrado em junho”, diz o Bradesco.

O Itaú prevê alta de 0,5% na atividade industrial, com pressão negativa de mineração e extrativismo de um lado, e expansão da atividade manufatureira, de outro. Na sexta-feira, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgará o desempenho da indústria brasileira referente a junho. A Fenabrave, por sua vez, deve divulgar o número de emplacamentos na terça-feira.

Ainda sobre indicadores de atividade econômica, a agenda no exterior traz vendas no varejo da zona do Euro, na quarta-feira, e produção industrial da Alemanha, na quinta. Também é esperada uma nova leva de índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) referente ao setor de serviços: no Japão e China (na segunda-feira); na zona do euro e Reino Unido (na terça); e PMI composto nos Estados Unidos, na quarta-feira.

Destaques corporativos

Na sexta-feira, a GetNet (GETT11) realizará assembleia extraordinária com acionistas para deliberar sobre a saída da empresa da Bolsa. A rede de maquininhas, terceira maior da América Latina, comunicou sua intenção de sair da Bolsa em 19 de maio, menos de sete meses após sua estreia na Bolsa.

A listagem foi resultado de uma cisão do Santander Brasil (SANB11), a empresa passou a fazer parte do Ibovespa de maneira automática, mas sempre teve um problema de liquidez, de acordo com os analistas. O acionista controlador, PagoNxt, decidiu adquirir todas as ações e ADRs da empresa e cancelar seu registro de companhia pública.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados