Investimento estrangeiro deve seguir impulsionando a Bolsa em 2024

Cenário de queda de juros deve ajudar B3 a renovar máximas

Rodrigo Petry

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A disparada da Bolsa na reta de 2023, o que garantiu uma valorização superior a 22% do Ibovespa, no melhor desempenho do índice desde 2019, pode ser credita, em grande parte, ao investidor estrangeiro.

Até o fechamento do pregão do dia 26 de dezembro, o ingresso de dinheiro gringo no mercado secundário da B3 somava quase R$ 45 bilhões, alocados, principalmente, na reta final do ano passado.

Esse impulso foi gerado, principalmente, pela sinalização de possíveis corte dos juros pelo Federal Reserve, nos EUA, já no primeiro semestre de 2024. 

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Dentro deste processo, de aumento de apetite ao risco nos mercados globais, a B3 foi uma das grandes beneficiadas. Em novembro, o saldo líquido ficou positivo em R$ 21 bilhões e, em dezembro, somava R$ 17 bilhões.

Não por acaso, o Ibovespa encerrou 2023 com sua máxima pontuação histórica, aos 134,1 mil pontos.

Agora, para 2024, especialistas entendem que esse fluxo deve seguir em direção à Bolsa brasileira, o que pode levar o Ibovespa a seguir renovando suas máximas históricas.

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Investimento estrangeiro em 2024

Otávio Costa, gestor macro da Crescat Capital, entende que estamos em um momento de início do influxo de capital estrangeiro, não só para 2024, bem como pelos próximos anos.

“Os países emergentes, principalmente os com exposição a recursos naturais, devem ser os principais candidatos ao fluxo de recursos internacionais”, diz ele.

Costa nota, inclusive, um movimento de valorização das moedas destes países, em linha com as commodities, sobre o dólar.

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No encerramento do ano passado, o dólar comercial terminou com baixa de 8% frente ao real, na maior queda anual, desde o tombo de 17,5%, visto em 2016.

A estrategista de ações da XP, Jennie Li, também avalia que o fluxo estrangeiro deve continuar, sustentando a alta da Bolsa. Conforme ela, o movimento estrangeiro vem sendo guiado pelo cenário macro global.

Jennie recorda que os meses de agosto, setembro e outubro do ano passado (veja mais abaixo) foram de saída de recursos da B3, exatamente pelo aumento do sentimento de aversão ao risco internacional.

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“Na ocasião, havia preocupação com juros altos, por mais tempo nos EUA. A partir do momento que o cenário global deu uma melhorada, esse fluxo voltou”, diz ela, em referência às entradas de recursos gringos na B3, em novembro e em dezembro.

Brasil barato versus EUA caro

Outro fator que pode contribuir para o desempenho da Bolsa, impulsionado pelo dinheiro estrangeiro, é o valuation do Ibovespa, em comparação aos índices americanos, por exemplo.

Mesmo com a alta de 2023, Jennie avalia que a Bolsa segue “barata” para o gringo. “A B3 ainda está descontada em relação à sua média histórica, na comparação aos mercados desenvolvidos e emergentes.”

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Para Costa, há grande probabilidade do mercado brasileiro performar acima, sobretudo, das bolsas americanas, que estão “caras”, em sua avaliação.

“Por que investir em uma mega cap, como companhias de tecnologia, nos EUA, que já contam com crescimento limitado? As oportunidades vão vir de empresas subvalorizadas.”

Ele acrescenta que o custo de capital mais alto nos EUA “força” investidores a buscarem outras alternativas de geração de valor. Neste contexto, companhias brasileiras podem ganhar espaço.

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O especialista cita que a Bolsa brasileira, de forma agregada, já representou cerca de 4% do mercado global de ações, em 2011, tendo recuado a 1%, nos últimos tempos.

“Acredito que voltaremos a ter essa relevância, com a Bolsa brasileira tendo um peso maior nos mercados internacionais.”

Costa ressalta que, no acumulado dos últimos dois anos, em dólares, essa mudança já vem acontecendo.

Ele cita que o ETF da Bolsa brasileira, EWZ, tem retorno 25% superior sobre o SPY, ETF que espelha o S&P 500.

Federal Reserve

Uma “forcinha” adicional pode vir ainda do Federal Reserve. A mudança da comunicação do Fed, para um tom mais “dowish”, gerou uma disparada dos mercados, na reta final de 2023.

Assim como o Ibovespa está em sua máxima histórica, o mesmo acontece com o Dow Jones, enquanto o S&P 500 está muito próximo de atingir marca semelhante.

Costa acrescenta que esses patamares das bolsas americanas criam, ainda mais oportunidades, para os mercados emergentes, abundantes em recursos naturais.

Por fim, Jennie reforça que a manutenção do tom menos “duro” do Fed, em relação à inflação, deve manter o apetite ao risco, sendo o Brasil um dos destinos dos investidores.

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* Mercado secundário da B3. Dados até o dia 26 de dezembro de 2023. Em reais.