Investidor estrangeiro mantém aportes na bolsa mesmo após ataques ao Congresso, Planalto e STF

Pregão seguinte ao dos atos de vandalismo nos Três Poderes mostrou ingresso de R$ 400 milhões em recursos estrangeiros na bolsa

Rodrigo Petry

Publicidade

O investidor estrangeiro manteve aportes na bolsa brasileira mesmo após os atos de depredação dos Três Poderes no domingo (8). É o que mostram dados de fluxo de recursos estrangeiros no mercado secundário da B3, do dia 9 de janeiro – primeiro pregão após os incidentes.

Na segunda, após uma abertura negativa e tensa, em meio à resposta das autoridades às invasões de bolsonaristas aos prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, o Ibovespa teve uma sessão volátil, mas encerrou com ganhos, de mais 0,15%.

Nesta data, ingressaram R$ 400 milhões em recursos líquido na bolsa, de investidores estrangeiros. Em contrapartida, investidores institucionais venderam R$ 307 milhões e as pessoas físicas sacaram R$ 152 milhões, no dia 9.

Continua depois da publicidade

No entanto, em 2023, o investidor estrangeiro ainda acumula saída líquida de recursos, no montante de R$ 95 milhões, sobretudo de retiradas nos primeiros dias do governo Lula, repercutindo falas mais duras do governo.

Já o institucional acumula saldo positivo de R$ 152,5 milhões neste ano e a pessoa física ingressos de R$ 22,1 milhões.

Investidor estrangeiro deve seguir na B3

Mesmo com essa saída acumulada nos primeiros dias deste ano, a expectativa é de que o investidor estrangeiro siga aportando recursos na bolsa brasileira ao longo de 2023.

Continua depois da publicidade

Para o estrangeiro, mesmo após os atos de vandalismo, a rápida resposta das autoridades manteve a confiança no País e o gringo não comprou a possibilidade de golpe ou disruptura dos poderes constituídos.

Além disso, há expectativa de um começo de redução dos juros por aqui, em algum momento do ano, diferente do que ocorre nos EUA, por exemplo.

Conforme analistas, ainda, ajuda no ingresso de recursos o fato de a bolsa ainda estar “barata”.

Continua depois da publicidade

“Vivemos um momento de mercado em que bolsa (do Brasil) está com P/L (preço das ações sobre os lucros) muito baixo, e isso gera oportunidades para o gringo”, diz Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.

Reabertura China

Ademais, há um cenário internacional favorável, com a reabertura da economia chinesa, com o fim das drásticas restrições por conta da Covid.

Isso deve impulsionar a demanda por commodities, o que já vem se refletindo nos preços do minério de ferro, impulsionando as ações da Vale (VALE3).

Continua depois da publicidade

Para Rafael Marques, economista e CEO da Philos Invest, o fim das quarentenas na China podem justificar um cenário de alta da B3, “com expectativa de retorno até acima das bolsas mundiais.”

“O que entra no radar é a mudança drástica na política de Covid zero na China, com a retirada das necessidades de quarentena”, aponta.

Em relatório, a Tenax Capital destaca que a reabertura de China “deve ser um elemento relevante para justificar uma melhora do perfil de crescimento dos países mais expostos à atividade chinesa no segundo semestre do ano.”

Continua depois da publicidade

Local versus estrangeiro

Em análise, a Julius Baer ressalta que os os últimos fluxos de ações mostram estrangeiros mais otimistas que os investidores locais.

“Os estrangeiros aumentaram suas posições acionárias, enquanto os locais permaneceram vendedores líquidos e reduziram sua exposição”, destaca, em referência, sobretudo, a dados de 2022.

Ano passado, o estrangeiro aportou R$ 102,2 bilhões na B3, apenas no mercado secundário, enquanto o institucional sacou R$ 143,1 bilhões.

Investidores pessoa física, por sua vez, sacaram R$ 2,612 bilhões em 2022.