Índice de ADRs brasileiros fecha em queda de 2%, com temor sobre juros nos EUA e Europa; veja o desempenho dos principais papéis

Expectativa por ata do Fomc em um cenário de preocupação com inflação nos EUA segue no radar, assim como temporada de balanços em Wall Street

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

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O índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, que reúne as principais empresas brasileiras listadas na B3 com recibos de ações negociados nos Estados Unidos, teve baixa forte na sessão desta terça-feira (21), feriado de Carnaval na Bolsa brasileira, sinalizando um dia negativo na próxima quarta (22), quando o mercado nacional retorna às 13h (horário de Brasília). O índice registrou queda de mais de 2%; o EWZ, principal ETF brasileiro negociado no mercado americano, que replica o índice MSCI Brazil, também teve forte queda.

O índice de ADRs caiu 2,04%, a 16.871 pontos, após abrir em leve queda e chegar a subir quase 0,5%. O EWZ caiu 1,67%, a US$ 28,19.

O índice brasileiro chegou a “amortecer” as perdas, mas depois passou a acelerar queda, em um dia de maior cautela no exterior. A Europa fechou em baixa e os principais índices de Wall Street tiveram queda de mais de 2% em meio a preocupações com a necessidade de maior alta de juros pelos bancos centrais dos países desenvolvidos.

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Os ADRs da Vale (VALE3), que chegaram a subir 2% no intraday, praticamente zeraram os ganhos e fecharam com leve alta de 0,18%, a US$ 17,05. Os contratos futuros de minério de ferro de Dalian e Cingapura ultrapassaram US$ 130 a tonelada nesta terça-feira, depois que a maior mineradora listada do mundo, BHP, sinalizou uma melhora na perspectiva de demanda na maior produtora de aço da China.

O minério de ferro mais negociado em maio na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com alta de 3,43%, a 919 iuanes (US$ 133,80) a tonelada. Anteriormente, atingiu 922 yuans, o mais forte para a commodity negociada em Dalian desde julho de 2021. Contudo, a mineradora não foi suficiente para segurar o índice de ADRs, ainda mais após diminuir fortemente os ganhos.

Os ativos da Petrobras (PETR3;PETR4), por sua vez, passaram a ter baixa. Os papéis PBR, equivalentes aos ordinários, encerraram o dia com queda de 2,42% (US$ 11,27), enquanto os PBR-A, equivalentes aos preferenciais, caíram 2,39% (US$ 10,01), com a queda do petróleo.

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O petróleo bruto Brent caiu mais de 1% em um dia volátil, com as preocupações persistentes sobre o crescimento econômico global superando as restrições de oferta e levando os investidores a realizar lucros com os ganhos da sessão anterior. O petróleo Brent de referência global fechou em baixa de 1,2%, a US$ 83,05 o barril.

Cabe ressaltar ainda que, na noite de sexta-feira, a Petrobras anunciou que seu CEO, Jean Paul Prates, indicou dois novos membros para a composição da diretoria executiva. Clarice Coppetti foi indicada como diretora executiva de relacionamento institucional e sustentabilidade. Já Sergio Caetano Leite foi indicado para diretor executivo financeiro e de relacionamento com investidores.

Confira o desempenho dos principais ADRs de empresas brasileiras nesta terça-feira (21), dia de Bolsa fechada no Brasil:

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Empresa ADR Preço (em US$) Variação (%)
Vale VALE 17,04 0,12
Ambev ABEV 2,52 0
CSN SID 3,34 -1,47
TIM TIMB 11,62 -1,53
Santander Brasil BSBR 5,72 -1,72
Ultrapar UGP 2,56 -1,92
Gerdau GGB 5,42 -2,17
Petrobras PBR.A 10,02 -2,24
Petrobras PBR 11,27 -2,42
Telefônica S.A. TEF 3,99 -2,44
Itaú ITUB 5,01 -2,72
Sabesp SBS  10,34 -2,91
Bradesco BBD 2,64 -2,94
Embraer ERJ 12,4 -2,97
Eletrobras ERB 6,75 -3,16
Gol GOL 2,31 -3,35
GPA CBD 3,22 -3,88
Cemig CIG 1,99 -4,33
Azul AZUL 4,3 -4,87
BRF BRFS 1,24 -8,15

Inflação no radar dos investidores

Os temores sobre a inflação alta nos EUA seguem no radar, impactando Wall Street.

Nos EUA, o Dow Jones teve queda de 2,06%, a 33.129 pontos, enquanto o S&P teve baixa de 2%, a 3.997 pontos; a maior desvalorização dentre os principais índices foi do Nasdaq , com queda de 2,50%, a 11.492 pontos.

Dados do fim da semana passada mostraram um aumento de 0,8% nos preços de exportação em relação ao ano anterior, contra expectativas de um declínio de 0,2%. Os números se somaram aos temores com a inflação fomentados pelos dados de quinta-feira, que mostraram preços ao produtor em aceleração na base mensal em janeiro e pedidos de auxílio-desemprego abaixo do esperado na semana passada.

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Juntamente a comentários agressivos de duas autoridades do Fed na quinta-feira e a previsões do Goldman Sachs e do Bank of America de mais três aumentos de juros do Fed este ano, dados levaram alguns investidores a começar a se preparar para mais aperto monetário, de acordo com Shawn Cruz, estrategista-chefe de negociação da TD. Ameritrade em Chicago.

E embora o Fed possa potencialmente influenciar a inflação, os preços de exportação mais altos no mercado interno apontam para coisas que o banco central dos EUA tem menos capacidade de controlar. Na próxima quarta-feira, o Federal Open Market Committee (Fomc) divulga a ata de sua reunião de 31 de janeiro e 1 de fevereiro. O banco central elevou as taxas em 25 pontos-base na reunião do começo deste mês.

“Desde a última reunião do FOMC, tivemos alguns números bastante fortes saindo dos EUA e isso já está levantando preocupações sobre se a inflação está se mostrando mais rígida”, disse Stuart Cole, economista-chefe da Equiti Capital.

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No radar de indicadores desta terça e reforçando a avaliação dos dados da última semana, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto dos EUA, que engloba os setores industrial e de serviços, subiu de 46,8 em janeiro para 50,2 em fevereiro, atingindo o maior nível em oito meses e superando a barreira de 50 que sinaliza expansão da atividade, segundo dados preliminares divulgados pela S&P Global.

Também em destaque, está a temporada de resultados por lá, com destaque para o Walmart. A rede de supermercados teve lucro líquido de US$ 6,28 bilhões em seu quarto trimestre fiscal (encerrado em 31 de janeiro), bem maior do que o ganho de US$ 3,56 bilhões apurado em igual período um ano antes. Na mesma comparação, o lucro por ação da gigante varejista norte-americana subiu de US$ 1,28 para US$ 2,32. Com ajustes, o ganho por ação foi de US$ 1,71, acima da projeção de analistas consultados pela FactSet, de US$ 1,52.

A perspectiva do Walmart, no entanto, decepcionou. Para o ano fiscal de 2024, o varejista projeta lucro ajustado por ação de US$ 5,90 a US$ 6,06, abaixo do consenso de US$ 6,53 da FactSet. A ação do Walmart contudo, fechou com ganhos de 0,61%, após chegar a cair mais de 4% no pré-market.

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Já a cadeia de lojas de material de construção, bricolagem e produtos para o lar líder nos Estados Unidos, Home Depot, viu suas ações fecharem em queda de 7% após as suas vendas comparáveis do quarto trimestre terem ficado aquém das estimativas, devido a custos mais elevados na cadeia de fornecimento e fraca procura devido à inflação.

Alta de juros também na Europa

As ações europeias também caíram nesta terça-feira depois que dados econômicos fortes alimentaram expectativas de taxas de juros mais altas, enquanto o HSBC, listado em Londres, teve um rali devido a um aumento de lucro trimestral.

O índice STOXX 600 que representa todo o continente caiu 0,2% depois que dados mostraram que a atividade econômica francesa e alemã voltaram ao território de crescimento, enquanto os números dinâmicos de serviços da zona do euro indicaram que uma recuperação na atividade empresarial ganhou força. O índice de tecnologia sensível à taxa caiu 1,5%.

O Goldman Sachs disse que espera que o Banco Central Europeu aumente as taxas de juros três vezes este ano, elevando a taxa terminal para 3,5%, ante 3,25% estimado anteriormente.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, reafirmou nesta terça que a entidade vai elevar os juros mais uma vez em 0,5 ponto percentual (p.p.) na sua próxima reunião de março.

(com Reuters)