IMC desaba 19%, Agrogalaxy salta 17%: as reações “extremas” na Bolsa aos resultados

Papéis de Armac, CVC e Simpar também registraram queda expressiva após o resultado

Lara Rizério Ana Paula Ribeiro

(Getty Images)

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Diversas companhias registraram uma sessão de “extremos” na Bolsa após a divulgação dos resultados do quarto trimestre. Em destaque, a IMC (MEAL3, R$ 1,71, -18,96%) desabou mais de 15%, enquanto Armac (ARML3, R$ 12,45, -7,43%), CVC (CVCB3, R$ 3,03, -6,48%) e Simpar (SIMH3, R$ 7,20, -6,37%) tiveram baixa de mais de 6%. Na outra ponta, como o grande destaque positivo, esteve Agrogalaxy (AGXY3, R$ 2,00, +17,65%), com ganhos fortes apesar da queda do lucro ajustado. Confira as análises sobre os resultados das companhias que mais se destacaram (para o bem e para o mal) após o balanço:

Destaques de queda

IMC

A IMC encerrou os últimos três meses de 2023 com prejuízo líquido de R$ 76,2 milhões, ante lucro líquido de R$ 122,6 milhões um ano antes, quando o resultado foi beneficiado pelo ganho de capital auferido na venda das operações do Panamá em 2022.

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A empresa obteve um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado de R$ 72,5 milhões, queda de 29,3% ano a ano, devido a impacto positivo de eventos não-recorrentes no mesmo período de 2022. Em termos recorrentes, o Ebitda ajustado subiu 31,8%, para 60,6 milhões de reais, com margem de 10,6%. No Brasil, o Ebitda ajustado cresceu 44%, com alta de 8,9% na receita líquida, enquanto nos EUA o Ebitda encolheu 49,9%, mas com aumento de 3,7% na receita; e no Caribe caiu 12,6%, com elevação de 11,2% na receita.

O Itaú BBA apontou que os resultados do 4T23 da IMC ficaram um pouco abaixo das estimativas para receita líquida e Ebitda, mas significativamente abaixo das expectativas ao nível de lucro por ação, mas ainda veem os resultados como neutros. “Destacamos a boa gestão de custos e desempenho da margem bruta durante o trimestre”, apontaram os analistas.

Armac

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A Armac (ARML3), empresa do setor de locação de equipamentos, teve lucro ajustado de R$ 45,8 milhões, representando um crescimento de 37,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita líquida da Armac no quarto trimestre de 2023 foi de R$ 399,0 milhões, com uma variação de 42,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. As principais linhas de receita foram a receita líquida de locação, que cresceu 39,4%, para R$ 364,3 milhões.

O Itaú BBA aponta que a receita líquida ficou ligeiramente acima das expectativas, mas a estratégia da Armac de mudar a sua exposição para contratos mais longos levou a uma perda no Ebitda e nos resultados financeiros. A empresa observou que uma das suas principais conquistas durante o ano foi o aumento da exposição a contratos de longo prazo, que apresentam um menor risco de utilização que poderia compensar um yield potencialmente mais baixo e ser mais produtivo do que os contratos de curto prazo. E embora isso tenha pesado nas margens, aumentou a produtividade em 2,5 pp na base trimestre e 9 pp na comparação anual, atingindo um pico de 61% no 4T23.

A exposição a contratos de longo prazo também prepara a empresa para um novo ciclo de investimentos para acelerar o crescimento de contratos de curto prazo nos segmentos de infraestrutura e construção, na visão do BBA, que mantém recomendação outperform para a empresa.

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O BBI ressalta que o Ebitda de R$ 175 milhões ficou 7% abaixo do consenso. Principais destaques foram, na visão do banco: 1) adições líquidas de frota de 81 ativos; 2) a produtividade (receita bruta de locação dividida pelo valor de aquisição da frota de locação) melhorou 8,7 pp em base anual e 2,5pp no trimestre para 60,6%; 3) sólido RoIC (retorno sobre capital investido) ajustado de 29,9% (+2,9 pp em base anual); e 4) seu estoque de equipamentos normalizado e a baixa dívida líquida/EBITDA anualizada do 4T23 em 1,9 vez devem permitir que a Armac busque crescimento. O BBI tem recomendação de Compra e preço-alvo para 2024 de R$ 20,00, com base em: 1) um atraente RoIC ajustado de 29,9%; e 2) a ação negociada com um desconto de 37% em relação à sua média histórica.

CVC

A CVC Brasil (CVCB3) registrou prejuízo líquido de R$ 74,5 milhões no quarto trimestre de 2023, 23% inferior ao prejuízo de R$ 96,8 milhões no mesmo período um ano antes.

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No 4T23, as reservas confirmadas da CVC aumentaram 9,1% em base anual, em linha com as estimativas do BBI, apoiadas pela recuperação das lojas físicas, pelo forte desempenho das vendas da Black Friday e por produtos com melhores agendamentos e condições de pagamento. Além disso, a receita líquida aumentou 9,6% em base anual, devido ao aumento das reservas e a uma saudável expansão de 0,4 pp na taxa de utilização, que atingiu 9,4%. No entanto, a receita líquida ficou 6,9% abaixo do esperado pelo Bradesco BBI, devido à receita mais fraca do que o previsto no Brasil nos canaisB2C e B2B, 13,5% e 16,7% abaixo de nossas estimativas, respectivamente. A receita da Argentina ficou em linha com nossas estimativas, enquanto a receita líquida ficou quase 18% acima de nossa previsão, já que a divisão cresceu 24,8% em base anual.

O BBI ressalta que a CVC divulgou números mistos no 4T23, mas vê algumas tendências positivas. Por um lado, as reservas B2C registaram uma melhoria sólida, tanto em termos de crescimento como de rentabilidade, com os produtos exclusivos atingindo uma penetração de 15,6% sobre as reservas B2C (de 10,5% no 1T23) e aumentando a comissão do canal para 13,2%. Os investimentos foram quase nulos durante o 4T23, mas as necessidades de capital de giro e os custos líquidos com juros reduziram o Ebitda para perto do ponto de equilíbrio, em um dos melhores trimestres sazonais do ano. “No entanto, esperamos que as novas iniciativas implementadas pela nova equipe de gestão, sob o comando do CEO Fabio Godinho, continuem aumentando a comissão, devido à maior penetração B2C, e produzam margens mais elevadas devido às despesas menores. Por enquanto, esperamos que as iniciativas gerem resultados financeiros positivos antes de nos tornarmos otimistas em relação à história”, avalia que o BBI, que tem recomendação neutra para CVCB3.

Simpar

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O prejuízo líquido ajustado da Simpar (SIMH3) foi de R$ 214,5 milhões no quarto trimestre de 2023, revertendo lucro de R$ 304,3 milhões de um ano antes. O BBI ressalta que o Ebitda ajustado foi de R$ 2,1 bilhões para o 4T23 (13% maior na comparação anual), em linha com o estimado pelo Bradesco BBI, mas 5% abaixo do consenso de mercado. Os principais destaques do resultado foram: (i) Automob e JSL combinadas representando 52% do crescimento do Ebitda do 4T23, respectivamente; (ii) RoIC caindo para 10,4% (4,1 pp menor em base anual); (iii) dívida líquida/Ebitda, nos últimos 12 meses, estável em 3,7x, apesar do Ebitda não ter incorporado integralmente a geração de receita dos investimentos do 4T23; (iv) dívida líquida da holding caindo para R$ 2,96 bilhões (23% menor na comparação trimestral); e (v) a Automob recebendo autorização da CVM para emitir dívida ou ações.

O Itaú BBA ressalta que os resultados previamente divulgados pelas subsidiárias listadas deram o tom do resultado da holding. A alavancagem do grupo, razão entre dívida líquida e Ebitda (resultado operacional), ficou estável em 3,7 vezes ao fim do ano, em linha com os trimestres anteriores. Já o endividamento líquido da holding caiu em R$ 883 milhões frente ao trimestre anterior, em função da venda de algumas ações das subsidiárias listadas.

Destaque de alta: a Agrogalaxy (AGXY3)

Mesmo após a queda do lucro ajustado no quarto trimestre, as visões são positivas para a AgroGalaxy. O Bradesco BBI espera uma recuperação nos resultados da varejista de insumos agrícolas e mantém a recomendação de compra, com um preço-alvo de R$ 15, o que representa um potencial de valorização de 782%.

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“As ações da AgroGalaxy despencam 53% no acumulado do ano devido às preocupações com sua lucratividade, o que esperamos melhorar em 2024”, segundo comentário divulgado nesta quarta-feira. A companhia registrou um lucro ajustado de R$ 107,9 milhões no quatro trimestre de 2023, 42,2% menor que em igual intervalo do ano anterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado recuou 20,1%, para R$ 281,7 milhões.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.