Ibovespa vira para forte alta perto do fim do pregão; dólar reflete atuação do BC

Câmbio disparou após indicadores de confiança do consumidor e índice de manufatura do Fed de Richmond serem divulgados nos EUA, mas depois foi contido pela autoridade monetária

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa volta a subir nesta terça-feira (27), dia de extrema volatilidade, depois de chegar a perder os 96 mil pontos na mínima. Se continuar como está, o índice fechará com desempenho positivo pela primeira vez em quatro pregões. 

Desde o dia 21 de agosto, quando o Ibovespa subiu 2% a 101.202 pontos, o benchmark só caiu. Foi uma queda de 1,2% na quinta (22), de 2,34% na sexta (23) e 1,27% ontem (26). 

Às 16h39 (horário de Brasília), o principal índice da B3 registrava alta de 0,36%, a 96.078 pontos. 

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Lá fora, a diferença entre o rendimento dos títulos da dívida de 10 anos dos Estados Unidos para os títulos de dois anos caiu para cinco pontos-base negativos. A inversão da curva costuma preceder períodos de recessão no país. As bolsas norte-americanas caem entre 0,3% e 0,4%. 

Segundo Lucas Monteiro, operador de multimercados da Quantitas Gestão de Recursos, a Bolsa hoje parece fazer mais um movimento técnico do que algo fundamentado.

“Hoje parece que o mercado foi mais comprador nesse nível de 97 mil pontos, o que não significa necessariamente que seja um suporte muito forte. É um ponto em que os players ficaram mais confortáveis para montar posição diante das informações que dispomos agora”, explica.

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Já o dólar comercial, que chegou a saltar R$ 4,19 (alta de 1,25%) após dados dos EUA e a fala de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, sinalizando que a autoridade monetária não iria intervir no mercado, passou a zerar rapidamente as altas. 

A moeda norte-americana refletia o aumento da confiança do consumidor nos Estados Unidos, que subiu para 135,1 pontos em agosto, ante a expectativa de 129 pontos pelo consenso Bloomberg. O índice de manufatura do Federal Reserve de Richmond também veio positivo.  

Mais tarde, acelerando a alta, Campos Neto disse em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal que a recente desvalorização da taxa de câmbio está dentro do padrão normal. Porém, minutos depois, o BC anunciou leilão de dólar à vista imediato, sem ser conjugado com swap reverso (que equivale à compra de dólar no mercado futuro).

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Com isso, a divisa avança 0,16% a R$ 4,1454 na compra e a R$ 4,1461 na venda, enquanto o dólar futuro para setembro tinha leve queda de 0,17% a R$ 4,1485. 

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 subia três pontos-base a 5,58%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 tinha ganhos de cinco pontos-base, a 6,66%. 

Leia Mais: Os três fatores que estão fazendo o dólar subir, mas que pouca gente sabe

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Queda da véspera

Vale destacar que ontem, no after-market, o Ibovespa Futuro fechou em queda de 2,48%, enquanto o índice à vista teve baixa de 1,27%.

O que provocou a queda mais forte do índice futuro no after-market de ontem foi a notícia do jornal O Estado de S.Paulo de que um relatório conclusivo da Polícia Federal atribuiu ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa dois no âmbito das investigações que envolvem a delação da Odebrecht. 

Na planilha de propinas da empreiteira, o deputado é identificado como “Botafogo” e teria recebido R$ 350 mil nas eleições de 2010 e 2014. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, deu 15 dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se oferece ou não a denúncia. 

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Maia é o principal credor das reformas no Congresso, sendo visto no mercado como o responsável pela aprovação com folga da Previdência na Câmara dos Deputados. Sua queda contrataria bastante incerteza no cenário político atual. 

Junto às notícias sobre o presidente da Câmara, houve a deterioração da avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro, cuja percepção negativa saltou de 19% em fevereiro para 39% este mês, enquanto a desaprovação subiu de 28,2% para 53,7%, apontou pesquisa da CNT/MDA.

Noticiário Corporativo

A Bloomberg destaca que o grupo liderado pela brasileira Itaúsa Investimentos SA (ITSA4) está prestes a comprar a Liquigás, distribuidora de gás em botijão da Petrobras (PETR3; PETR4), já que sua oferta de R$ 3,5 bilhões está afastando rivais, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

O Mubadala Investment de Abu Dhabi e a brasileira Consigaz Distribuidora de Gás Ltda, que poderiam ter tentado superar a Itaúsa em uma segunda rodada de ofertas, planejam abandonar a disputa junto com seus sócios. A desistência foi por considerarem o preço ofertado pelo Itaúsa alto demais, disseram as pessoas.

Ainda sobre a Petrobras, PetroChina, Sinopec e Saudi Aramco estão entre as empresas que devem ingressar na disputa pelas oito refinarias que a Petrobras pretende licitar.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 NATU3 NATURA ON 64,01 +5,80 +43,03 141,04M
 VVAR3 VIAVAREJO ON 6,76 +4,32 +53,99 163,36M
 RENT3 LOCALIZA ON 44,71 +4,19 +51,11 181,18M
 MRVE3 MRV ON 18,38 +4,14 +51,91 96,88M
 QUAL3 QUALICORP ON 28,99 +3,28 +131,55 56,55M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 ELET6 ELETROBRAS PNB 44,25 -2,98 +57,08 105,69M
 ELET3 ELETROBRAS ON 42,88 -2,10 +76,97 140,81M
 GGBR4 GERDAU PN ED 11,79 -1,83 -19,05 168,57M
 GOAU4 GERDAU MET PN ED 5,79 -1,70 -9,81 60,91M
 YDUQ3 YDUQS PART ON 30,36 -1,52 +30,82 53,50M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Guerra comercial

Hoje, o Conselho de Estado da China anunciou que está considerando mitigar e até remover as restrições às importações de automóveis para impulsionar o consumo interno.

Os chineses ainda disseram que facilitarão o crédito para compras de veículos com energia limpa e eletrodomésticos inteligentes. Por aqui, a bolsa local ainda sofre com a falta do investidor externo, que já retirou R$ 21 bilhões apesar do ânimo com as reformas (veja mais clicando aqui). 

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.