Ibovespa tem leve alta em dia de feriado nos EUA após bater máxima histórica; dólar tem leves ganhos

Mercado registra desempenho positivo, estendendo o movimento da semana passada em um pregão de liquidez reduzida

Ricardo Bomfim

(Artem Peretiatko/ Getty Images)

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em leve alta nesta segunda-feira (31), estendendo o movimento positivo da semana passada. O índice bateu máxima histórica na última sexta-feira (28), quando atingiu 125.561 pontos (veja mais clicando aqui). Hoje, a liquidez no mercado brasileiro deve ser reduzida por conta do feriado de Memorial Day nos Estados Unidos.

No radar, os investidores acompanharam discursos do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no Brazil Investment Forum.

Guedes afirmou que a dívida pública brasileira fechará 2021 próxima de 85% do PIB (Produto Interno Bruto), dos 86,7% atuais, graças à melhora na arrecadação. O ministro reiterou ainda que o governo poderá estender o auxílio emergencial pago a vulneráveis durante a pandemia da Covid-19.

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O presidente Jair Bolsonaro compareceu também ao evento e disse que a pandemia não atrapalhará a economia no longo prazo. O presidente disse ainda que seu governo está comprometido com reformas para melhorar o ambiente de negócios e ressaltou o fato de cerca de 20% dos brasileiros terem tomado pelo menos uma dose de vacina contra a Covid-19.

Neste fim de semana, Bolsonaro foi alvo de protestos contra sua gestão, principalmente no combate à pandemia. Os atos ocorreram em pelo menos 180 municípios, de 24 estados e do distrito federal.

Lá fora, a principal notícia são os PMIs (Índices Gerentes de Compras) da China. O PMI composto do país chegou, em maio, ao terceiro mês de aceleração, a 54,1 pontos. Já o PMI industrial caiu de 51,1 pontos em abril para 51 pontos em maio.

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Às 12h49 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha leve alta de 0,08%, a 125.664 pontos, rondando os 126 mil pontos e chegando a superar esse patamar no início dos negócios.

Enquanto isso, o dólar comercial sobe 0,83% a R$ 5,255 na compra e a R$ 5,255 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em junho registra ganhos de 0,15% a R$ 5,235.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe três pontos-base a 5,07%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de cinco pontos-base a 6,66%, o DI para janeiro de 2025 avança três pontos-base a 7,86% e o DI para janeiro de 2027 opera estável a 8,46%.

Voltando ao exterior, o índice DAX, da Alemanha, fechou a semana anterior em patamar recorde. Nesta segunda, tem uma queda de cerca de 37 pontos, a 15.482, impactado pelo Deutsche Bank, cujas ações são negociadas em território negativo após reportagens afirmarem que o Federal Reserve está preocupado com as práticas contra lavagem de dinheiro implementadas pelo banco alemão.

O Wall Street Journal informou que o Federal Reserve disse ao credor alemão que as falhas persistentes em seus controles de combate à lavagem de dinheiro não estavam sendo resolvidas.

Publicado nesta segunda, o relatório mais recente sobre perspectiva econômica da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) traz notícias positivas para a Zona do Euro. O relatório prevê recuperação econômica porém desigual.

A organização prevê alta de 5,8% no Produto Interno Bruto global em 2021, frente a uma contração de 3,5% em 2020. Para o G20, prevê crescimento de 6,3%, e para a Zona do Euro, de 4,3%.

Entre os principais desafios, o relatório lista a falta de vacinas para países não desenvolvidos.

Nesta segunda-feira, a França inicia a vacinação contra Covid-19 de quaisquer pessoas com mais de 18 anos de idade. Até 29 de maio, o país havia vacinado 37,5% de sua população, segundo dados oficiais compilados pelo site Our World in Data.

Relatório Focus

Os economistas do mercado financeiro elevaram mais uma vez suas projeções para o crescimento do PIB em 2021, revelou o Relatório Focus do Banco Central. De uma expansão de 3,52%, agora a mediana das estimativas aponta para um avanço de 3,96%. Já para 2022 as expectativas foram reduzidas de 2,3% para 2,25%.

Já em relação ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) as projeções subiram de 5,24% para 5,31% em 2021 e de 3,67% para 3,68% em 2022.

Sobre o dólar, por sua vez, é esperado que a moeda dos EUA encerre este ano valendo R$ 5,30, mesmo valor previsto na semana passada. Para 2022, a expectativa também se manteve em R$ 5,30.

Por fim, a estimativa mediana para a taxa básica de juros, Selic, foi elevada de 5,50% ao ano para 5,75% ao ano em 2021. Para 2022, a projeção se manteve em 6,50% ao ano.

Covid no Brasil

No domingo (30), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.844, queda de 4% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 950 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 61.306, queda de 4% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 41.705 casos. 45.233.638 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 21,36% da população. A segunda dose foi aplicada em 22.063.266 pessoas, ou 10,42% da população.

O sábado foi marcado por manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com críticas à gestão da pandemia pelo governo federal e exigência de um ritmo de vacinação mais intenso contra a Covid-19, entre outras demandas. Os atos também foram alvo de críticas por terem causado aglomerações durante a pandemia.

Os protestos foram convocados em todas as regiões do país por movimentos sociais, entidades estudantis, partidos políticos, centrais sindicais e até mesmo torcidas organizadas.

Entidades como a UNE (União Nacional dos Estudantes), a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), e o coletivo Democracia Corinthiana, além de integrantes de partidos como PSOL e PT, haviam divulgado a realização dos protestos.

Nas manifestações foram vistas faixas e cartazes com palavras de ordem como: “Fora Bolsonaro”, “Fora Genocida” e “Impeachment Já”. Um boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a faixa presidencial também apareceu no Rio de Janeiro, onde o assassinato da vereadora Marielle Franco e as mortes de moradores de favelas em operações no Rio foram lembrados.

Em Brasília, os manifestantes caminharam pela Esplanada dos Ministérios, em clima pacífico, sem confusões. Em Recife, segundo o portal G1, durante o ato, a Polícia Militar atirou balas de borracha e gás lacrimogênio contra os participantes. A manifestação terminou por volta das 13h. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, duas pessoas perderam a visão depois da ação da PM no Recife.

Em São Paulo, a manifestação chegou a ocupar sete quarteirões da Avenida Paulista e se dispersou pela noite na região da Praça Roosevelt, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo. Os organizadores estimaram a presença de 80 mil pessoas.

Também houve atos em Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Belém (PA), João Pessoa (PB), Salvador (BA), Aracaju (SE), Maceió (AL), Teresina (PI), Recife (PE), Palmas (TO), Porto Velho (RO) e São Luís (MA), segundo o portal UOL.
Sem fazer referência explícita aos atos, Bolsonaro publicou no dia da manifestação uma foto em que vestia uma camiseta com a frase “imorrível, imbroxável, incomível”.

Em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, o líder governista na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR) afirma que os atos abrem a disputa de 2022 entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele avaliou que a esquerda perdeu o argumento contra aglomerações pró-governo.

Segundo o jornal, o PT, por sua vez, evita associar os protestos a Lula, e aposta no desgaste do governo, com a economia desfavorável e o cenário de rejeição contra Jair Bolsonaro. A avaliação do partido, assim como do PDT, foi de que os atos tiveram mais pessoas do que o esperado, o que reforça a necessidade de atuação na CPI da Covid.

Crise hídrica segue no radar

O noticiário desta segunda-feira chama a atenção para o agravamento da crise hídrica no Brasil, a pior dos últimos 91 anos. A produção das hidrelétricas representa mais de 60% da matriz energética brasileira.

A crise poderá fazer com que o Brasil tenha problemas de abastecimento de energia a partir do segundo semestre. Mesmo analistas que assumiam uma posição mais cautelosa já começam a enxergar dificuldades no suprimento de energia em horários de pico. Assim, pode haver blecautes.

O risco de racionamento rigoroso, como ocorreu em 2001, é visto, no entanto, como remoto. Veja mais clicando aqui. 

Além disso, o presidente Jair Bolsonaro assinou no sábado decreto que altera a programação orçamentária e financeira do ano corrente após o governo verificar a possibilidade de ampliar limites de empenho e ajuste de dotações orçamentárias ao teto de gastos.

A alteração busca adequar ao cumprimento da meta de resultado primário estabelecida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2021 os limites de empenho e movimentação financeira e de pagamento das despesas públicas primárias discricionárias do Executivo federal previstas na Lei Orçamentária Anual (LOA) 2021.

“A reavaliação das receitas primárias e das despesas primárias obrigatórias constantes da LOA 2021 ao final do 2º bimestre de 2021 indicou a possibilidade de ampliação dos limites de empenho e movimentação financeira de todos os Poderes, MPU e DPU no montante de R$ 128,36 bilhões”, afirma comunicado da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Por outro lado, o Poder Executivo federal deverá realizar ajustes nas dotações orçamentárias e nos cronogramas de pagamento das despesas sujeitas ao teto de gastos no valor de R$ 4,52 bilhões, acrescentou.

Atualmente consta do decreto de programação financeira o bloqueio de R$ 9,28 bilhões de despesas discricionárias primárias para o cumprimento do teto de gastos, porém a necessidade prevista para o bloqueio apresentada na reavaliação das receitas primárias e das despesas primárias do segundo bimestre de 2021 foi inferior.

Radar corporativo

Em destaque, a Petrobras divulgou nota de esclarecimento no sábado (29) à noite reafirmando sua política de preços depois de Jair Bolsonaro defender, no dia anterior, “previsibilidade” no reajuste do preço dos combustíveis.

Bolsonaro afirmou a apoiadores que a petroleira, presidida pelo general Joaquim Silva e Luna, está concluindo estudos que tratam sobre uma fórmula que assegure “previsibilidade aos reajustes dos combustíveis”. O presidente afirmou que não se trata de ingerência na empresa, mas afirmou : “Troquei o comando da Petrobras e no início isso foi um escândalo. Mas é para interferir mesmo, eu sou o presidente. Tenho que manter todo mundo empregado?”

A companhia afirmou que “conforme já informado na última conferência com analistas e investidores sobre os resultados do primeiro trimestre de 2021, em 14 de maio de 2021, a companhia diz que, na busca de executar sua política de preços monitora, permanentemente o mercado.” Além disso, destacou que, “a partir de uma percepção de realinhamento de patamar, seja de câmbio, seja de cotações internacionais de petróleo e derivados, realiza reajustes de preço. Os estudos e monitoramentos elaborados pelas áreas técnicas de comercialização da Petrobras suportam a tomada de decisão e a proposição de reajustes de preço, sendo observado permanentemente o ambiente de negócios e o comportamento dos seus competidores, visando um posicionamento competitivo adequado.”

Ainda no radar da empresa, ela informou na sexta-feira que sua subsidiária na Bolívia foi condenada a pagar uma indenização de US$ 61,1 milhões pelo uso da propriedade onde está localizado o campo de San Alberto, em sentença que também impôs medidas cautelares à unidade da petroleira naquele país.

“Na decisão judicial, um suposto proprietário da área ocupada pelo bloco San Alberto foi contemplado com uma indenização por uso da propriedade, calculada a partir de 1996, quando as operações do bloco foram iniciadas”, disse a Petrobras em comunicado.

O Banco do Brasil anunciou na sexta-feira a aprovação de R$ 480,8 milhões em juros sobre capital próprio do 2º trimestre; os proventos serão pagos em 30 de junho.

A Ânima informou que concluiu aquisição de ativos da Laureate e espera sinergias de R$ 350 milhões até 2025. Já a Irani aprovou o financiamento de até R$ 484 milhões junto ao BNDES.

A CCR informou que o tráfego de veículos em rodovias administradas pela empresa cresceu 12,3% de janeiro até 27 de maio ante mesmo período de 2020. O Conselho da empresa ainda aprovou a emissão de R$ 545 milhões em debêntures.

Já o BTG Pactual anunciou oferta primária com esforços restritos de até 24,402 milhões de units, que deve ser precificada em 8 de junho. Considerando o preço de fechamento dos papéis na véspera, de R$ 122,94, a oferta alcança quase R$ 3 bilhões. Também está prevista a estreia da ação da Dotz nesta segunda-feira.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.