Ibovespa volta a subir puxado por bancos depois de zerar alta com anúncio de restrições em São Paulo

Mercado registra ganhos após a forte queda do pregão anterior, quando pesou a disseminação de uma nova cepa da Covid-19

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em leve alta nesta terça-feira (22), pregão de alguma volatilidade, no qual o índice ameaçou zerar os ganhos por mais de duas vezes. A mais importante foi perto das 14h (horário de Brasília), logo depois que o governador de São Paulo, João Doria, anunciou a proibição de funcionamento de comércio não essencial entre os dias 25 e 27 de dezembro e 1 a 3 de janeiro.

Todavia, tão rápido quanto o movimento de zeragem foi o retorno ao campo positivo, sustentado principalmente pelas ações de bancos. Itaú Unibanco (ITUB4) sobe 1,1%, Bradesco (BBDC3; BBDC4) tem alta de 2% e Banco do Brasil (BBAS3) registra valorização de 1,4%. Juntos, os papéis dessas três instituições financeiras respondem por 16% da carteira teórica do principal benchmark da B3.

Lá fora, o radar macroeconômico impactou as bolsas europeias, que fecharam em altas após a Comissão Europeia autorizar o uso condicional da vacina produzida pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech.

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Já nos Estados Unidos, os índices operam com leves perdas no que analistas internacionais consideram ser um movimento de realização de lucros após o rali dos índices Dow Jones e S&P 500 em 2020 apesar da pandemia.

Os EUA também repercutem a divulgação da terceira estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. A economia americana cresceu 33,4% no período, acima da mediana das expectativas dos economistas compilada pela Reuters, que apontava para expansão de 33,1% no indicador.

As bolsas em Wall Street também refletem a aprovação pelo Congresso de um novo pacote de estímulos, de US$ 892 bilhões, além do Orçamento que se estende até o final de 2021 e que ficou em US$ 1,4 trilhão.

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O governo dos EUA  também aprovou uma lei garantindo seus gastos por uma semana, referentes ao período que deve levar até que a legislação orçamentária chegue à mesa do presidente Donald Trump.

Por aqui, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), prometeu que o nome do seu candidato à sucessão será anunciado antes do recesso parlamentar. Os partidos da oposição que apoiam o avanço de Maia se posicionaram contra projetos liberais como o que garante a autonomia do Banco Central e as privatizações.

Entre os indicadores, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Base 15 (IPCA-15), cresceu a 1,06% em dezembro, acima da alta de 0,81% registrada em novembro, revelou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 1,18% para o período.

Às 14h21 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha alta de 0,42%, aos 116.308 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial registrava valorização de 0,73% a R$ 5,1592 na compra e a R$ 5,1602 na venda. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2021 registrava alta de 0,77%, a R$ 5,156.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai cinco pontos-base a 2,91%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de oito pontos-base a 4,33%, o DI para janeiro de 2025 recua quatro pontos-base a 5,90% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de quatro pontos-base a 6,68%.

Diante do aumento do número de casos de Covid, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que a reunião do Centro de Contingência marcada para esta terça poderá definir novas ações visando conter a propagação do vírus. Isso pode incluir medidas mais restritivas de funcionamento de estabelecimentos.

Na noite de ontem foi divulgado que a média móvel de mortes no Brasil em um período de 7 dias foi de 769, alta de 25% frente o patamar registrado 14 dias antes. Apenas em 24 horas encerradas às 20h de segunda foram 769 mortes.

Na política, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) foi preso na manhã desta terça, em operação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil.

Enquanto isso, na área fiscal, o Ministério da Economia prepara um projeto para permitir a cobrança de uma taxa sobre a valorização de imóveis declarados no Imposto de Renda. O objetivo é elevar as receitas públicas. Atualmente, é cobrada uma taxa sobre a valorização do bem no momento da venda.

Agenda de indicadores

Às 10h30 são divulgados dados de PIB, índice de preços, consumo pessoal e gastos pessoais referentes ao terceiro trimestre nos Estados Unidos.

Às 12h o think tank Conference Board divulga sua análise sobre a situação atual dos Estados Unidos, relativos a dezembro. Às 12h são divulgados dados sobre a venda de casas já existentes em novembro nos Estados Unidos. Às 12h é divulgado o índice de manufatura do Fed de Richmond, relativo a dezembro.

Covid no Brasil

O consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil divulgou, às 20h de segunda, o avanço da pandemia em 24h no país.

A média móvel de mortes em um período de 7 dias foi de 769, alta de 25% frente o patamar registrado 14 dias antes. Apenas em 24 horas encerradas às 20h de segunda foram 769 mortes.

A média móvel de casos confirmados em 7 dias foi de 47.830, alta de 17% frente o patamar de 14 dias antes. Apenas em 24 horas encerradas às 20h de segunda foram 26.871 novos casos.

Em um mês houve aumento de 54% no número de casos positivos no estado de São Paulo. O número de mortes por Covid aumentou 34%. Na segunda, o governador João Doria (PSDB) afirmou que a reunião do Centro de Contingência marcada para esta terça poderá definir novas ações visando conter a propagação do vírus. Isso pode incluir medidas mais restritivas de funcionamento de estabelecimentos.

Atualmente, a classificação das regiões no estado no Plano São Paulo é de fase amarela, a terceira mais restritiva em termos de funcionamento de negócios e mobilidade da população. A classificação é definida a partir de indicadores como propagação do vírus e capacidade de UTIs.

Mas, segundo o jornal Folha de São Paulo, os índices referentes ao dia 17 já indicavam que o estado deveria ser classificado em fase laranja, a segunda mais restritiva.

Segundo dados apresentados pelo governo na segunda, foram diagnosticados na última semana 7.191 novos casos, patamar semelhante ao de junho, julho e agosto. Há quatro semanas o registro de novos casos fora de 4.666.

De acordo com o jornal paulista, a principal preocupação da equipe do Centro de Contingência é a perspectiva de aumento de casos e hospitalizações após as festas de fim de ano, quando pessoas devem se reunir com família e amigos.

Em todo o estado, a taxa de ocupação de leitos de UTI era de 61,8% na segunda. Na Grande São Paulo, é de 66,8%. A região já chegou a ter apenas 41% dos leitos ocupados.

Na segunda, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a certificação de boas práticas para a fábrica da Sinovac para a vacina Coronavac. A certificação foi concedida após inspeção de reguladores após viagem à China entre 30 de novembro e 4 de dezembro.

O certificado tem validade de dois anos e é pré-requisito para o processo de registro da vacina ou pedido de autorização para uso emergencial no Brasil.

O Instituto Butantan anunciou que foi concluída a terceira fase de testes do imunizante, e que os resultados serão encaminhados para a Anvisa.

Também sobre a vacinação, o portal UOL publica nesta terça reportagem informando que o governo federal nomeou um agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Myron Moraes Pires, para comandar a CGCIS (Coordenação-Geral do Complexo Industrial da Saúde), um dos órgãos do Ministério da Saúde diretamente responsáveis por negociar a compra de vacinas e outros insumos utilizados no combate à covid.

A nomeação foi publicada em 10 de agosto no Diário Oficial da União, e assinada pelo ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Três fontes cujo nome não foi divulgado teriam relatado ao UOL que a nomeação do agente, sem formação técnica para o cargo estratégico, teria gerado um “clima de terror” entre os funcionários.

Política e economia

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) foi preso na manhã desta terça, em operação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil.

A ação que levou à prisão de Crivella faz parte da Operação Hades, que investiga um suposto QG da propina na Prefeitura. Foram presos também, o empresário Rafael Alves e o delegado Fernando Moraes. O ex-senador Eduardo Lopes (Republicanos-RJ) também é alvo da ação, mas não foi encontrado.

No campo fiscal, o Ministério da Economia prepara um projeto para permitir a cobrança de uma taxa sobre a valorização de imóveis declarados no Imposto de Renda. O objetivo é elevar as receitas públicas. Atualmente, é cobrada uma taxa sobre a valorização do bem no momento da venda.

A ideia do ministro da Economia Paulo Guedes é permitir a possibilidade de atualizar o valor do imóvel no Imposto de Renda, e cobrar uma taxa de entre 4% e 5% sobre o valor do aumento. Ainda não há cálculos sobre o valor potencial a ser captado pelo governo.

Até o momento, Guedes não conseguiu aprovar nenhuma etapa de seus planos para a reforma tributária. Na segunda, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que pretende anunciar o nome do candidato de seu grupo à presidência antes do recesso parlamentar.

Segundo o presidente, que reuniu-se com partidos que o apoiam, “até a quarta-feira” deve haver um “encaminhamento dado”, que mantenha o grupo unido. “Ainda esta semana certamente nós teremos as definições necessárias”, afirmou o presidente.

Partidos da oposição que apoiam o grupo de Maia (DEM-RJ) na disputa por sua sucessão posicionaram-se na segunda contra pautas como a autonomia do Banco Central e privatizações de estatais, além de defenderem temas como a prorrogação do auxílio emergencial.

Em “Manifesto das Oposições para as Eleições da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados”, PCdoB, PDT, PSB e PT afirmaram que a eleição do próximo presidente da Câmara, em fevereiro de 2021, ocorrerá em meio a uma “profunda” crise política, econômica e de saúde pública e afirmam ter a responsabilidade de combater políticas “antidemocráticas, neoliberais, antinacionais”.

“Queremos derrotar (o presidente Jair) Bolsonaro e sua pretensão de controlar o Congresso, um presidente criminoso, cujo afastamento é imperioso para que o Brasil possa recuperar-se da devastação em curso, e também queremos, neste momento, expressar nossa posição e defesa de temas relevantes que merecem a atenção e responsabilidade do Congresso Nacional”, diz o manifesto.

Radar corporativo

A Ambev informou na segunda que aprovou o pagamento de dividendos no valor de R$ 0,0767 por ação. O pagamento ocorrerá em 28 de janeiro de 2021. Segundo a empresa, o valor será deduzido do resultado acumulado de 2020.

O grupo de saúde Dasa informou na segunda-feira que avalia fazer uma oferta de ações com esforços restritos, visando a captar recursos para pagar por aquisições recentes. No começo do mês, a Dasa anunciou a compra do grupo hospitalar Leforte por R$ 1,77 bilhão, fortalecendo sua entrada no setor de hospitais.

A PetroRio informou na segunda que assinou acordo com a Prisma Capital para converter financiamento de US$ 100 milhões em linha de longo prazo. Parte dos recursos deverá ser usada para aquisição do FPSO (sigla inglês para Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência) OSX-3 e do campo de Tubarão Martelo.

Enquanto isso, o Bradesco BBI divulgou sua avaliação sobre o mercado de minério de ferro. O banco destaca que os preços do minério estão atualmente em US$ 177 por tonelada, o maior nível desde 2011, em meio a alta da demanda, baixa oferta e margens altas para fabricantes de aço.

O Bradesco afirma, no entanto, que o recente deslizamento na mina Córrego do Feijão, da Vale, que não está em operação, leva a preocupações de investidores quanto à capacidade da empresa de aumentar sua produção em 2021, já que isso depende de licenças emitidas pelo governo de Minas Gerais.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.