Ibovespa sobe seguindo exterior após dados de emprego dos EUA; dólar e DIs recuam

Todos os olhares se voltam para dado dos Estados Unidos em semana parada no Congresso por conta do feriado

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa sobe nesta sexta-feira (3) depois do Relatório de Emprego dos Estados Unidos mostrar uma criação bem acima do esperado de vagas de trabalho, mas com uma aceleração menor do que a esperada nos ganhos por hora trabalhada. Esses dados deram alívio ao mercado depois da queda generalizada ontem após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dar um banho de água fria no mercado ao descartar uma redução de juros nos EUA este ano. 

Às 10h41 (horário de Brasília) o principal índice da B3 subia 0,71% a 96.207 pontos. Já o dólar comercial recua 0,45% a R$ 3,9405 na compra e a R$ 3,9412 na venda. O dólar futuro com vencimento em junho cai 0,69% a R$ 3,9505. 

Os Estados Unidos criaram 263 mil novas vagas de emprego em abril, segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho. O resultado veio bem acima da mediana das projeções dos economistas consultados pela Bloomberg, que esperavam um acréscimo de 190 mil nos empregos. 

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Já a taxa de desemprego em abril caiu para 3,6%, ante a estabilidade em 3,8% prevista pelos especialistas.

Enquanto isso, o avanço na remuneração por hora trabalhada foi de 0,2%, ante 0,3% esperados pelos economistas e 0,1% registrados em março. 

Segundo o diretor técnico da Wagner Investimentos, José Faria Jr., é importante destacar que a taxa de desemprego caiu mesmo com a redução na taxa de participação, que geralmente sobe quando a desocupação cai. “Desta vez foi diferente e mostrou que o mercado de trabalho segue aquecido”, afirma. 

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O analista ressalta ainda que não há pressão nos salários e o reajuste anual ficou em 3,2%, algo compatível com a inflação abaixo de 2% ao ano. “Além disto, a taxa U6 ficou em 7,3% e esta é a taxa ampla, que inclui as pessoas que trabalham em jornada parcial apesar de preferirem emprego em tempo integral, e as pessoas que buscam colocação e que ainda não conseguiram”, comenta.

Por aqui, a produção industrial caiu 1,3% em março ante fevereiro, de acordo com números divulgados pelo IBGE nesta manhã. A expectativa dos economistas era de queda de 0,6% na comparação mensal. No mês anterior a produção havia crescido 0,6%. Na comparação anual, o recuo da indústria foi de 6,1%, bem acima das projeções dos economistas (-4,8%) e a queda mais intensa desde maio de 2018 (-6,3%). 

Com isso, no mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 cai quatro pontos-base a 7,08%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 recua seis pontos-base a 8,18%. 

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Bolsas Internacionais

Nos EUA e na Europa as principais bolsas operam em alta por conta de uma série de resultados corporativos positivos e animadas com os números do relatório de emprego.

No Reino Unido, o Índice Gerentes de Compras (PMI) subiu de 48,9 em março para 50,4 em abril, ligeiramente abaixo da previsão do mercado. Já o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) na Zona do Euro avançou 1,7% em abril na comparação anual, superando as expectativas.

Em meio aos feriados no Japão e na China, as demais bolsas operaram sem sinais distintos, com alta em Hong Kong de 0,29% e queda na Coréia do Sul, de 0,74%, enquanto na Austrália o índice fechou marginalmente em retração.

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Entre as commodities, o preço do petróleo opera em baixa diante da alta na produção nos Estados Unidos e da expectativa de um aumento na oferta do produto pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Noticiário Político e Econômico

O governo vai propor o corte de um terço nos subsídios que alguns setores da economia desfrutam, até o ano de 2022, informa o Estadão. Segundo a publicação, a equipe econômica incluiu no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2020 um dispositivo que exige um plano de redução de renúncias em 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano, até 2022. Esse montante equivaleria a 1,5% do PIB, ou cerca de R$ 102 bilhões.

Os setores envolvidos no estudo ainda não são conhecidos. A redução, entretanto, deverá enfrentar resistência e lobbies. No ano passado, R$ 292,8 bilhões foram renunciados em receitas pelo governo, equivalente a 4,3% do PIB.

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Ainda sobre cortes, o ministro da economia, Paulo Guedes, fez uma remanejamento de R$ 3,6 bilhões no Orçamento do governo deste ano para atender demandas consideradas mais urgentes de cinco ministérios, que já haviam sido afetados por um corte de quase R$ 30 bilhões.

O mais afetado de todos foi o da Educação, que teve mais R$ 1,95 bilhão diminuído – somando um total R$ 7,4 bilhões em cortes este ano. A Saúde não recebeu cortes adicionais por já estar com o orçamento perto do mínimo constitucional. A Folha de S. Paulo destaca que a indústria está intensificando sua pressão pela reforma tributária, para que tramite em paralelo à da Previdência.

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As incertezas quanto à desidratação que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência sofrerá na Câmara dos Deputados estão levando bancos e consultorias a projeções elásticas para o corte de despesas que a reforma trará ao longo dos próximos dez anos.

Segundo o Estadão, as estimativas das economias vão de R$ 400 bilhões a R$ 900 bilhões – montante inferior ao pretendido pelo governo de R$ 1,2 trilhão. Analistas consultados pela publicação, porém, concordam que pontos importantes da reforma devem mudar e alterar os cálculos. O Painel da Folha pontua ainda que o Planalto finalizou a ofensiva publicitária a favor das mudanças na Previdência, com o objetivo de “desmontar” críticas à proposta e apresentar de maneira “palatável” seus principais pontos.

Enquanto isso, o governo apura que tem 19 votos pró-reforma na Comissão Especial da Câmara que vai debater a PEC da Previdência. De acordo com a publicação, outros 13 deputados condicionam seus votos a mudanças no texto. Para a aprovação são necessários 25 votos.

Do total de parlamentares da comissão, 7 são contrários ao texto, 3 se dizem parcialmente contrários e 4 se mantêm neutros. Sobre a reforma, o Valor Econômico pontua que a direção nacional do MDB definiu os pontos que o partido vai apoiar e também rechaçar. Entre os pontos contrários estão mudanças na aposentadoria especial para professores, na rural e também no BPC. A legenda aceitará discutir o sistema de capitalização, desde que ajustes sejam feitos.

Noticiário corporativo

O Itaú Unibanco (ITUB4) anunciou ontem à noite lucro líquido de R$ 6,877 bilhões no primeiro trimestre deste ano, cifra 7,1% superior ao resultado do mesmo período de 2018 e 6,2% acima dos três meses anteriores.

“A economia teve um início de ano com desempenho mais modesto do que as expectativas apontavam, refletindo, em parte, a incerteza sobre a trajetória fiscal do País. Seguimos confiantes na retomada do crescimento sustentável, para a qual é imprescindível a Reforma da Previdência”, afirmou o presidente do Itaú, Candido Bracher. A carteira de crédito do banco somou R$ 647,1 bilhões ao final de março, alta de 1,6% o trimestre anterior e de 7,7% na comparação anual.

As companhias aéreas Azul (AZUL4), Gol (GOLL3) e Latam estão habilitadas para participar do leilão de ativos da Avianca Brasil, que está em recuperação judicial. A disputa está prevista para ocorrer no dia 7 de maio. Os credores fatiaram os ativos da Avianca em sete empresas, que devem ir para o leilão, caso a empresa siga operando até lá, destaca o Valor. Sobre a crise no setor, o presidente da Latam no Brasil, Jerome Cadier, afirmou ao O Globo que haverá “no mínimo 4 a 6 meses de preço mais alto” das passagens.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou uma linha de financiamento de até US$ 189 milhões para a exportação de jatos modelo E-175 fabricados pela Embraer (EMBR3) no Brasil. O crédito será concedido à empresa norte-americana SkyWest para a aquisição.

A Natura (NATU3) informou ontem à noite ter registrado uma queda de 44,6% no lucro líquido do primeiro trimestre, para R$ 13,5 milhões, por conta do efeito da adoção da norma contábil IFRS 16. Sem esse efeito, o lucro teria subido 72,6%, a R$ 41,9 milhões.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VVAR3 VIAVAREJO ON 4,45 +7,49 +1,37 40,35M
 CSNA3 SID NACIONALON ED 13,90 +4,99 +57,24 26,66M
 BRAP4 BRADESPAR PN EDJ 30,97 +2,25 +1,65 1,94M
 GOAU4 GERDAU MET PN 6,85 +2,09 -0,60 6,14M
 JBSS3 JBS ON ED 19,92 +2,05 +71,89 17,97M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SUZB3 SUZANO S.A. ON 41,30 -1,53 +9,64 29,14M
 NATU3 NATURA ON 49,98 -0,97 +11,68 22,96M
 LOGG3 LOG COM PROPON 17,37 -0,86 -3,61 176,46K
 CVCB3 CVC BRASIL ON ED 57,03 -0,56 -6,74 1,53M
 CIEL3 CIELO ON 7,45 -0,53 -13,73 15,08M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

 

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.