Ibovespa volta a cair forte com falas de Powell anulando efeito da decisão do Fed; dólar sobe 1%

Mercado registra dia de perdas após sequência forte de alta acabar na sessão anterior

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa volta a cair com mais intensidade após reduzir levemente as perdas nesta quarta-feira (10) depois do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) decidir pela manutenção das taxas de juros entre 0% e 0,25% nos Estados Unidos. O comunicado sinalizou que os juros devem permanecer perto de zero até 2022.

A expectativa do mercado era de manutenção, como ocorreu, mas os investidores esperavam por uma mensagem um pouco mais conservadora, apontando para juros baixos até 2021. O tom mais dovish (afeito a relaxamento monetário) animou as bolsas lá momentaneamente, mas foi logo ofuscado.

O que voltou a trazer aversão a risco foram as falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que afirmou ser possível que milhões de pessoas precisem de mais apoio econômico e revelou temores de uma segunda onda do coronavírus, que “afetaria indústrias que já devem ter uma recuperação lenta.”

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Powell disse ainda que o Fed está em estágio final para lançar programa de empréstimos à Main Street e que é possível haver uma parcela significativa de pessoas desempregadas mesmo quando a retomada econômica estiver em curso. “Pode levar alguns anos até que pessoas desempregadas, mesmo quando a recuperação começar, voltem ao mercado de trabalho. Muitas empresas estão retomando atividade em graus variados, mas a atividade no geral ainda precisa acelerar”, avaliou.

Por aqui, às 15h17 (horário de Brasília) o Ibovespa tinha baixa de 1,56% a 95.234 pontos.

Vale lembrar que amanhã é feriado bancário e a B3 ficará fechada, o que pode levar investidores a ajustarem as suas posições perto do fechamento.

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Enquanto isso, o dólar comercial sobe 1,04% a R$ 4,937 na compra e a R$ 4,9393 na venda. Já o dólar futuro para julho registra valorização de 0,64% a R$ 4,936.

Por aqui, foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, que caiu 0,38%, deflação abaixo da expectativa mediana dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava por um recuo de 0,46%. Em abril, o IPCA caiu 0,31% ante março. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já na comparação com maio do ano passado, a inflação subiu 1,88%. A projeção dos economistas era de uma alta a 1,79%, contra um avanço de 2,4% em abril na mesma base de comparação.

Nos EUA, os preços ao consumidor caíram 0,1% em maio na comparação mensal. O núcleo da inflação também recuou 0,1%.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai quatro pontos-base a 3,08%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de nove pontos-base a 4,12% e o DI para janeiro de 2025 recua três pontos-base a 5,75%.

Os investidores também repercutem as projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a economia global. A expectativa é de uma retração da economia global de 7,6% caso ocorra uma segunda onda da pandemia do novo coronavírus. Se não houver uma segunda onda, a contração é de 6%, mas com a recuperação a níveis pré-crise só no final de 2021.

No Brasil, o Ministério Público Eleitoral (MPE) se mostrou favorável ao uso das provas das investigações das fake news nas ações contra Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Cenário político

No cenário político, o Ministério Público Eleitoral se manifestou favorável ao compartilhamento de provas do inquérito das fake news com as ações contra o Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A manifestação ocorreu após um pedido do PT, que pede a impugnação da coligação de Bolsonaro por abuso eleitoral no pleito de 2018.

Começou na terça-feira o julgamento das ações que pedem a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes pediu vistas. Não há uma nova data definida para a retomada do julgamento.

As ações foram ingressadas pela coligação “Vamos Sem Medo de Mudar o Brasil” (Psol/PCB), do então candidato Guilherme Boulos, e pela coligação “Unidos para Transformar o Brasil” (Rede/PV), da então candidata Marina Silva. Os autores alegam que hackers atacaram um grupo de Facebook e acabaram beneficiando a chapa eleita.

OCDE

A OCDE divulgou as projeções de crescimento para 2020. Além do cenário de forte contração, a organização espera ainda a maior perda de renda da população em mais de cem anos e uma lenta recuperação.

A expectativa é de uma retração da economia global de 7,6% caso ocorra uma segunda onda da pandemia do novo coronavírus, que já contaminou mais de 7,3 milhões de pessoas em todo o mundo. Se não houver uma segunda onda, a contração é de 6%, mas com a recuperação a níveis pré-crise só no final de 2021.

Para o Brasil, a OCDE prevê uma retração de até 7,4%, mas que pode chegar a 9,1% caso ocorra uma segunda onda de contágio pelo coronavírus.

Panorama corporativo

A atenção no ambiente corporativo está voltada para o ritmo de recuperação da atividade econômico em meio ao fim das medidas de isolamento social adotadas para conter o avanço do coronavírus.

A pandemia do novo coronavírus deve acelerar a expansão do ensino a distância na graduação, segundo reportagem do jornal “Valor Econômico”. A expectativa da consultoria Educa Insights é que as matrículas na modalidade on-line superem a presencial em 2022. Antes da pandemia, a expectativa é que isso fosse acontecer só em 2023. Segundo último levantamento do Ministério da Educação, referente ao ano de 2018, o ensino superior privado tem 4,5% milhões de alunos em cursos presenciais e 1,8 milhão na graduação online.

Já a companhia área Azul registrou uma alta da demanda em maio na comparação com abril. A empresa terminou o mês passado com 115 voos diários. Segundo a companhia, houve uma alta de 51,6% na demanda e de 44,8% na oferta. Já a taxa de ocupação das aeronaves ficou em 72%, alta de 3,2 pontos percentuais.

A empresa informou ainda que espera ampliar sua malha de operações no próximo mês. A expectativa é chegar a 240 decolagens diárias nos dias de maior demanda.

A BR Distribuidora anunciou que o pagamento dos juros sobre capital próprio (JCP), que seria realizado até o dia 30 de junho, foi adiado para até o dia 30 de dezembro de 2020. A medida já era esperada. A companhia reforçou que o adiamento tem caráter “precaucional, em face das incertezas trazidas pela atual conjuntura”.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.