IPCA tem queda de 0,38% em maio, menor variação mensal em quase 22 anos

Os números refletem o ritmo mais fraco de crescimento da economia em meio à pandemia de coronavírus

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi negativa em 0,38% em maio na comparação mensal, deflação menos expressiva do que a expectativa mediana dos economistas compilada no consenso Bloomberg, que apontava por um recuo de 0,46%. Em abril, o IPCA caiu 0,31% ante março. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Essa é a menor variação mensal desde agosto de 1998 (quando houve queda de 0,51%). No ano, o IPCA acumula queda de 0,16%. Em maio de 2019, a taxa havia ficado em 0,13%.

Já na comparação com maio do ano passado, a inflação subiu 1,88%. A projeção dos economistas era de uma alta a 1,79%, contra um avanço de 2,4% em abril na mesma base de comparação.

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Os números refletem o ritmo mais fraco de crescimento da economia em meio à pandemia de coronavírus.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram deflação em maio. O maior impacto negativo do mês, -0,38 ponto percentual (p.p.), veio dos Transportes, cuja queda de 1,90% foi menos intensa que a de abril (-2,66%).

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Outros destaques foram vestuário e habitação, que recuaram 0,58% e 0,25% respectivamente. No lado das altas, artigos de residência subiu 0,58% ante o recuo do mês anterior (-1,37%). Alimentação e bebidas (0,24%) desacelerou em relação a abril (1,79%). Os demais ficaram entre a queda de 0,10% em saúde e cuidados pessoais e a alta de 0,24% em comunicação.

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O professor da Fipecafi, instituição ligada à FEA-USP, Samuel Durso, aponta que os números da inflação mostram maior vulnerabilidade dos mais pobres, já que o impacto maior nos preços é justamente na categoria nos alimentos e bebidas, ressaltando que tanto abril quanto maio, mesmo registrando deflação, houve aumento dos preços nessa categoria de consumo. Porém, ele avalia que em maio houve uma alta menor do que em abril, mostrando já uma certa estabilidade.

Assim como em abril, o resultado do grupo transportes (-1,90%) foi influenciado pela variação nos preços dos combustíveis (-4,56%). O maior impacto sobre o índice do mês foi negativo (-0,20 p.p.) e veio, novamente, da gasolina (-4,35%), cuja queda foi menos intensa que a registrada em abril (-9,31%).

O etanol seguiu o mesmo movimento, com variação de -5,96% em maio frente aos -13,51% de abril, enquanto o óleo diesel (-6,44%) apresentou resultado próximo ao do mês passado (-6,09%), com impacto de -0,01 p.p.

Já as passagens aéreas recuaram 27,14%, contribuindo com -0,16 p.p. no IPCA de maio. Todas as regiões pesquisadas registraram queda de preços, que foram desde os -15,55% em Rio Branco até os -34,54% em Campo Grande.

No grupo vestuário (-0,58%), houve quedas nas roupas femininas (-0,88%), nos calçados e acessórios (-0,74%), nas roupas masculinas (-0,55%) e nas roupas infantis (-0,29%). As joias e bijuterias, por sua vez, subiram 1,00%, por conta do subitem joia (1,67%).

Em habitação (-0,25%), a maior contribuição negativa (-0,02 p.p.) veio da energia elétrica (-0,58%). Em maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz, até o fim deste ano. As áreas apresentaram variações que foram desde a queda de 6,10% em Fortaleza até a alta de 3,26% em Goiânia. No subitem gás encanado (-0,76%), a queda se deve à redução média de 2,60% nas tarifas do Rio de Janeiro (-2,53%), vigentes desde 1º de maio.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.